Cor, textura e cheiro do corrimento vaginal para ficar atenta

Também chamado de leucorreia, o fluido produzido pelo organismo feminino tem um papel essencial na proteção do trato genital. Ele participa da lubrificação da região íntima, ajuda a manter o pH equilibrado e atua como uma barreira natural contra agentes patogênicos.
No entanto, mudanças no tom, cheiro ou quantidade do corrimento vaginal podem indicar desequilíbrio da flora ou infecções.
Conforme o Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis, essas alterações estão entre as queixas mais frequentes em atendimentos ginecológicos.
Como é o corrimento vaginal natural
Em condições normais, durante o ciclo menstrual, é comum que ele varie em aspecto e volume, com coloração que vai de branca leitosa à transparente. No início do ciclo, a secreção costuma ser escassa e mais espessa.
Perto da ovulação, torna-se mais abundante e elástica, semelhante à clara de ovo, favorecendo a fertilidade. Após esse período, tende a ficar mais densa novamente.
É considerado fisiológico, não tem cheiro e nem incomoda, por isso não exige tratamento. Mas as consultas ginecológicas podem ajudar a detectar qualquer modificação relevante.

Sinais de alerta e condições relacionadas ao corrimento vaginal
Ele passa a ser motivo de atenção quando apresenta uma cor diferente, odor fétido, consistência anormal e/ou é acompanhado de outros sintomas. Alguns tipos estão associados a causas específicas:
- branco forte: normalmente relacionado à candidíase, é mais grosso e grumoso e vem junto de uma coceira intensa e vermelhidão. Em sua maioria, a condição se dá pela Candida albicans, levedura já presente na área, mas que, em condições de desequilíbrio (como uso de antibióticos, diabetes ou baixa imunidade), pode se proliferar;
- amarelado ou esverdeado: comum na tricomoníase, infecção sexualmente transmissível (IST) provocada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, podendo ainda ser bolhoso e com odor forte. Desconforto ao urinar também é usual;
- acinzentado com cheiro de peixe: sugestivo de vaginose bacteriana, que ocorre pela diminuição de lactobacilos e crescimento de bactérias como Gardnerella vaginalis. Está ligada a complicações em cirurgias locais e ao aumento do risco para outros quadros;
- com sangue: fora do ciclo menstrual pode indicar infecções, traumas ou alterações no colo do útero.
Segundo artigo publicado na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, elas podem acontecer isoladas ou combinadas, intensificando os sinais. E é essencial buscar orientação de um ginecologista para avaliação clínica e, se necessário, procedimentos complementares.
O Cartão dr.consulta oferece acesso facilitado a consultas ginecológicas, exames e tratamentos com valores acessíveis. Com ele, é possível receber acompanhamento médico com regularidade, o que é fundamental para prevenção e manejos terapêuticos.

Outros fatores relevantes
Além dessas enfermidades específicas, outras situações podem influenciar o corrimento vaginal. Entre elas estão:
- vaginite atrófica, frequente após a menopausa;
- presença de objetos como absorventes internos esquecidos;
- reações alérgicas a sabonetes, roupas sintéticas ou lubrificantes;
- vaginose citolítica, com crescimento excessivo de lactobacilos.
Diagnóstico e tratamento adequado
Tudo depende de uma análise detalhada do ginecologista, que pode realizar o exame especular, bem como checar os sintomas. Testes laboratoriais, como cultura de fungos ou bacterioscopia, podem ajudar a identificar o agente desencadeante.
Assim, qualquer intervenção também vai variar de acordo com a causa, podendo ser prescritos antifúngicos, em cremes ou comprimidos, ou medicamentos via oral. O tratamento simultâneo do(a) parceiro(a) às vezes é necessário.
Vale ressaltar que um acompanhamento médico permite ajustar a conduta e impedir complicações. Casos recorrentes podem exigir investigações mais profundas acerca da imunidade da paciente e de fatores do cotidiano que impactam a microbiota da região.

Prevenção e cuidados diários
Algumas práticas simples também contribuem para a manutenção do equilíbrio da flora vaginal:
- priorizar roupas íntimas de algodão;
- evitar calças apertadas e tecidos sintéticos;
- higienizar apenas com água e sabonetes neutros;
- não utilizar duchas e produtos perfumados;
- usar preservativos em todas as relações.
Somado a esses cuidados cotidianos, visitas regulares ao ginecologista são aliadas importantes do bem-estar íntimo para o diagnóstico precoce de alterações no corrimento vaginal e outros quadros de saúde. A atenção contínua ao próprio corpo é uma forma eficaz de promover bem-estar e qualidade de vida.
Fontes: