Curva glicêmica (TOTG): como é feito e para que serve

A avaliação da curva glicêmica, também chamada de teste oral de tolerância à glicose (TOTG), analisa como o organismo processa o açúcar, que serve como principal fonte de energia para o corpo.
O exame é fundamental para a identificação de mudanças no metabolismo do nível glicêmico e auxilia no rastreamento de condições como diabetes mellitus, bem como de diabetes gestacional.
Afinal, considerando que 10,2% da população brasileira apresenta glicemia desregulada, o que corresponde a aproximadamente 16,8 milhões de pessoas, a realização de medições como essa é essencial para a detecção precoce.
Como funciona o teste oral de tolerância à glicose?
O procedimento da curva glicêmica segue uma sequência padronizada, que varia dependendo da solicitação médica, mas de modo geral, as etapas incluem:
Preparos prévios
Realiza-se o procedimento pela manhã, após um período sem alimentação de 8 e 12 horas.
A alimentação nos três dias anteriores deve ser equilibrada, sem restrição de carboidratos (com pelo menos 150 g diários desse nutriente, o que equivale, por exemplo, a quatro unidades de pão francês e meio mamão papaia).
Essa alimentação é necessária porque garante que o organismo esteja em seu funcionamento habitual, evitando resultados falsos.
O uso de alguns medicamentos, como corticosteroides, diuréticos e betabloqueadores, interferem no resultado, por isso é importante comunicar ao profissional de saúde sobre remédios em uso.
Realização do exame
Coleta-se uma amostra de sangue para medir a glicemia (ou seja, o nível de açúcar na corrente sanguínea) em jejum.
O paciente ingere uma solução padronizada contendo 75 gramas de glicose diluída em 250 ml e 300 ml de água.
Novas amostras são coletadas em tempos determinados, geralmente após 60 min, 120 min e, em alguns casos, 180 minutos.
Durante a investigação, é indicado repouso e não se deve ingerir alimentos ou líquidos (exceto água, caso permitido pelo laboratório).
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Além disso, por meio do programa Viva Bem, assinantes e dependentes contam com suporte de uma equipe multidisciplinar, que auxilia no esclarecimento de dúvidas sobre enfermidades crônicas, incluindo o diabetes. Conheça todos os benefícios:
Para que serve a curva glicêmica?
Identificação de alterações no metabolismo
Esse teste é capaz de indicar se o corpo tem dificuldade em regular os níveis de glicose. Dessa forma, entre os achados possíveis, estão:
- glicemia normal: é quando os níveis estão dentro dos padrões esperados;
- intolerância à glicose (pré-diabetes): quando os níveis estão elevados, mas ainda não atingem o patamar para diagnosticar a condição;
- diabetes mellitus: quando os valores atingem ou ultrapassam os critérios estabelecidos para esse diagnóstico;
- diabetes gestacional: identificado durante a gravidez e fundamental para prevenir complicações não apenas para mãe, mas também para o bebê.
Identificar precocemente essas variações, é importante para permitir ajustes no estilo de vida ou intervenções médicas que possam evitar complicações futuras.
Avaliação de outras condições
A curva glicêmica também auxilia na detecção de:
- hipoglicemia reativa: caracteriza-se por uma queda acentuada da glicose algumas horas após a ingestão de carboidratos;
- distúrbios hormonais: algumas condições, como acromegalia (excesso de hormônio do crescimento), afetam a resposta do corpo aos níveis de açúcar no sangue.
Tal análise não se limita, portanto, apenas à detecção de alteração glicêmica, mas também auxilia na investigação clínica de outras condições metabólicas e hormonais que impactam a saúde a longo prazo.
Resultado da curva glicêmica
Os valores de referência variam conforme os critérios médicos e indicam desde um metabolismo normal até uma possível determinação de intolerância à glicose ou diabetes.
Diagnóstico de diabetes
Em jejum
- Normal até 100 mg/dL;
- alterado se entre 100 e 125 mg/dL (indica pré-diabetes);
- diabetes se ? 126 mg/dL.
Após 1 hora do TOTG
- Normal quando menor que 155 mg/dL;
- pré-diabetes entre 155 e 208 mg/dL;
- diabetes quando maior que 209 mg/dL.
Após 2 horas do TOTG
- Normal se abaixo de 140 mg/dL;
- pré-diabetes entre 140 e 199 mg/dL;
- diabetes se ? 200 mg/dL.
Os resultados da curva glicêmica devem sempre ser analisados por um profissional de saúde. O resultado médico final leva em conta não apenas os valores do exame, mas também fatores como histórico clínico, sintomas e outros testes complementares.
Ou seja, como a condição pode ser influenciada por diferentes variáveis, tentar interpretar os valores sem orientação leva a conclusões incorretas. Caso haja qualquer alteração, um especialista indicará a melhor conduta para cada caso.
Determinação de diabetes gestacional
Para gestantes, a verificação deve ocorrer entre a 24ª e a 32ª semanas de gravidez, e é indispensável manter-se em repouso durante as duas horas para garantir a precisão dos resultados. Os critérios específicos incluem:
- Jejum: ? 92, mas < do que 126 mg/dL;
- 1 hora: ? 180 mg/dL;
- 2 horas: ? 153 e < 200 mg/dL.
O TOTG utilizando 75 g de glicose anidra administrada via oral é considerado o método mais confiável para a conclusão diagnóstica da hiperglicemia na gravidez. Então, se um desses valores estiver alterado, recomenda-se acompanhamento especializado para evitar possíveis eventos durante o período perinatal (gestação, parto e pós-parto).
Um obstetra especializado orientará sobre o controle da condição, ajustes na alimentação, bem como possíveis tratamentos, garantindo a melhor abordagem para a saúde materna e fetal.
Diferença entre curva glicêmica e outros testes para diabetes

Para avaliar a glicemia, existem outros exames complementares, como:
- glicemia de jejum: mede a quantidade de açúcar no sangue após um intervalo sem comer, mas não mostra como o corpo responde à ingestão dele;
- hemoglobina glicada (HbA1c): indica a média dos níveis nos últimos três meses;
- teste capilar: feito com um aparelho portátil (glicosímetro), é uma medição rápida usada para monitoramento diário.
Esse monitoramento é uma das formas mais eficazes de cuidar da saúde e prevenir complicações futuras. A curva glicêmica detecta alterações precocemente e permite que medidas sejam tomadas a tempo.
Mais do que números, os resultados representam um passo importante para uma vida com mais qualidade e equilíbrio.
Fontes: