No mundo, mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil lidera o número de casos na América Latina, sendo o país com a maior prevalência desse transtorno.
Além disso, a previsão é de que, até 2030, a depressão pode se tornar a condição de saúde mais comum entre a população geral do globo, ultrapassando até mesmo o câncer e as doenças cardíacas.
Apesar do cenário preocupante, a boa notícia é que a depressão pode ser controlada. Por isso, entender como ela se manifesta, seus sintomas, fatores de risco e opções de tratamento é essencial para combater o estigma e buscar ajuda.
O que é a depressão
De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno depressivo pode afetar pessoas de todas as idades, gêneros e origens. No entanto, alguns aspectos contribuem com o aumento das chances.
Fatores genéticos, por exemplo, desempenham um papel importante: parentes de primeiro grau de pessoas com transtorno depressivo têm um risco de duas a quatro vezes maior de desenvolvê-lo.
Estudos também mostram que a depressão é mais frequente em mulheres, possivelmente devido a questões hormonais e sociais.
Além disso, eventos traumáticos, como a perda de um ente querido, problemas financeiros, conflitos familiares ou doenças crônicas, podem desencadear episódios depressivos.
Entre as variações da condição, o transtorno depressivo maior é a forma mais clássica e os principais sinais incluem:
- humor deprimido na maior parte do tempo, quase todos os dias (tristeza, sensação de vazio ou desesperança);
- perda de interesse ou prazer em atividades diárias;
- alterações significativas no peso ou apetite;
- insônia ou sono excessivo;
- fadiga ou falta de energia constante;
- sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva;
- dificuldade de concentração ou indecisão;
- pensamentos recorrentes sobre morte ou suicídio.
Pelo menos cinco desses sintomas devem estar presentes por, no mínimo, duas semanas consecutivas, incluindo obrigatoriamente o humor deprimido ou a perda de interesse, e afetar significativamente a vida do indivíduo.
Vale ressaltar que o diagnóstico correto sempre deve ser realizado por um profissional capacitado, como psicólogos e psiquiatras.
Com o Cartão dr.consulta, é possível ter acesso a diferentes exames e especialidades, além do programa Cuidar da Mente, que oferece suporte e orientações sobre saúde mental e bem-estar com um time multidisciplinar.
Outra forma de depressão descrita no DSM-5 é o transtorno depressivo persistente, também conhecido como distimia. Ele compartilha sintomas com o transtorno depressivo maior, mas apresenta algumas diferenças importantes.
O quadro é caracterizado por um humor deprimido crônico, que persiste por dois anos ou mais em adultos (ou por pelo menos um ano em crianças e adolescentes). Apesar dos sinais serem menos intensos, o impacto cumulativo no bem-estar pode ser tão prejudicial quanto o do transtorno maior.
Depressão tem cura?
Embora a depressão não seja considerada “curável” no sentido tradicional, ela é altamente tratável. A maioria das pessoas pode alcançar a remissão completa dos sintomas com acompanhamento profissional e algumas mudanças de hábitos.
O tratamento combina abordagens que visam aliviar as manifestações e melhorar a qualidade de vida. As opções incluem:
- sessões de psicoterapia;
- uso de medicamentos;
- mudanças no estilo de vida, buscando hábitos mais saudáveis;
- atividades complementares que ajudam no bem-estar mental, como meditação, yoga e demais atividades físicas.
Curso da doença
No transtorno depressivo maior, o curso varia amplamente. Para cerca de 40% dos pacientes, a recuperação começa em até três meses. E em um ano, esse número sobe para 80%.
Contudo, o tempo de duração do episódio antes da intervenção e a presença de outros fatores como ansiedade, características psicóticas ou transtornos de personalidade podem dificultar a recuperação.
É importante destacar que a prevenção de recaídas é o objetivo central. A terapia de manutenção, que pode incluir medicamentos antidepressivos e psicoterapia, reduz significativamente o risco de novos episódios.
Como evitar o quadro
Embora não seja possível prevenir todos os casos de depressão, algumas práticas podem reduzir o risco de desenvolvê-la:
- cultivar uma rede de apoio social;
- buscar ajuda de um profissional de saúde ao primeiro sinal da condição (psicólogos ou psiquiatras);
- praticar atividades físicas regularmente;
- manter uma alimentação saudável (evitando principalmente os ultraprocessados);
- estabelecer uma rotina de sono saudável;
- evitar o uso excessivo de álcool e drogas.
Mesmo que a depressão seja um desafio global, há esperança para a melhora do cenário. Reconhecer os sintomas e buscar ajuda especializada são passos cruciais para a boa recuperação.
Vale lembrar ainda: em caso de pensamentos recorrentes sobre a própria morte, o Centro de Valorização à Vida (disque 188) pode ajudar.
Fontes: