Saiba as causas da desnutrição e como tratar
A desnutrição é uma preocupação para todos que trabalham com saúde, já que suas consequências podem ser fatais.
Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), cerca de 50% das famílias brasileiras estão em algum nível de insegurança alimentar e, consequentemente, podem atingir a subnutrição.
O relatório ainda aponta que pessoas com dificuldades econômicas e sem possibilidade de ter uma alimentação saudável têm mais chances de desenvolver essa condição.
É por isso que o Ministério da Saúde considera que “a desnutrição corresponde a uma doença de natureza clínico-social multifatorial, cujas raízes se encontram na pobreza”.
Mas você sabia que não é só a fome que causa má nutrição?
Uma dieta desequilibrada com maior ingestão de produtos que fazem mal à saúde também pode acarretar distúrbios no organismo. Um exemplo disso são os alimentos ultraprocessados.
Será que pessoas desnutridas são sempre magras? Para responder a esta questão, precisamos entender que a má nutrição não é causada, necessariamente, pela quantidade de comida consumida, mas sim pela qualidade do que se ingere.
Ainda que uma pessoa tenha pleno acesso à alimentação, é preciso manter um consumo equilibrado de alimentos para suprir as necessidades do corpo.
O que é desnutrição?
Sinônimo de má nutrição, essa condição abrange dois grupos diferentes: a subnutrição e o sobrepeso, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda que pareçam extremos opostos, eles têm coisas em comum, já que as duas condições se relacionam ao desequilíbrio na ingestão de alimentos.
E esses desequilíbrios afetam tanto quem consome alguns alimentos em excesso ou ultraprocessados, quanto nos casos de quem não tem acesso ao mínimo necessário para viver de forma saudável.
Ambos são situações de preocupação para as áreas de saúde, já que tanto a falta quanto o excesso de alimentos pode ser grave. Isso porque, mesmo quando a má nutrição não leva à morte, pode gerar muitas outras doenças.
Principais causas
As causas que levam uma pessoa a desenvolver a má nutrição são muitas, mas a principal é a falta de acesso a uma alimentação balanceada. Isso pode acontecer em situações de:
- pobreza;
- anorexia;
- câncer;
- intolerâncias alimentares (principalmente quando não tratadas);
- distúrbios metabólicos, como diarreias e vômitos, por exemplo.
É preciso reiterar a importância de que dietas e regimes alimentares sejam feitos sempre com acompanhamento de profissionais da área, como nutricionistas e nutrólogos.
Isso porque um dos motivos para a desnutrição também pode ser o abuso de dietas e técnicas alimentares desmedidas sem um equilíbrio nutricional adequado para o corpo.
Segurança alimentar
O conceito de segurança alimentar existe desde a década de 1970 e proporciona reflexões e ações para que todas as pessoas tenham acesso a uma alimentação adequada.
Isso significa que estar em um estado de segurança alimentar é ter acesso social, econômico e físico a alimentos de qualidade, os quais devem dar amparo à saúde e suprir as necessidades individuais.
Embora a Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, diga respeito ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e à vontade de que toda a população brasileira tenha plena disponibilidade a alimentos, ainda existem pessoas em situação de fome e desnutridas no nosso país.
Todo o movimento por segurança alimentar, defendido também pela área da saúde, entende que existem variáveis econômicas e socioculturais atreladas à realidade de quem ainda sofre com a insegurança.
Como saber se uma pessoa está desnutrida?
Nem toda pessoa desnutrida terá os mesmos sintomas, pois há mais de um tipo de desnutrição mapeada nos estudos da área.
Confira quais são os sintomas da desnutrição, os grupos de risco e quando buscar ajuda de um profissional de saúde.
Quais são as características de desnutrição?
Em geral, os pontos de atenção são:
- perda de massa muscular;
- apatia;
- fraqueza;
- tonturas;
- irritabilidade;
- dores de cabeça;
- dificuldades de concentração;
- inchaços;
- fome excessiva ou total perda de apetite.
Ao perceber esses sintomas de desnutrição, um médico deverá ser procurado para fazer o diagnóstico da condição e a indicação do tratamento.
Grupos de risco
Bebês e crianças
O leite materno é o primeiro contato que a criança tem com um alimento de verdade e é de extrema importância para a saúde e seu desenvolvimento.
Sendo rico em substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes, ele protege as crianças contra os efeitos nocivos da inflamação na mucosa e na pele, além de ter a presença de microrganismos que estimulam o amadurecimento do sistema imunológico infantil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo no mínimo até os seis meses de vida.
Depois, a recomendação é que a introdução alimentar complementar seja feita de forma gradual.
Assim como os bebês, as crianças também estão com o desenvolvimento a pleno vapor e, por isso, precisam muito de nutrientes condizentes com essa fase. Afinal, a queima de energia e alimentos é muito mais rápida nas fases de crescimento.
Além da desnutrição, outros distúrbios nutricionais são comuns e carecem de atenção dos pais e profissionais da saúde. São eles:
- obesidade;
- anemia ferropriva (anemia por deficiência de ferro);
- hipovitaminoses (falta de vitaminas);
- deficiência de zinco.
No caso da desnutrição grave em crianças, é utilizada a separação em dois tipos:
1. Kwashiorkor
O tipo kwashiorkor consiste na carência de proteínas no organismo e acomete, na maioria das vezes, crianças maiores de 2 anos. Tendo isso em vista, algumas das suas principais características são:
- apatia;
- edemas (inchaços);
- pele seca;
- irritabilidade;
- perda de massa muscular;
- incapacidade de ganhar peso e/ou crescer;
- fraqueza;
- inchaço do fígado;
- alteração no sistema imunológico.
2. Marasmo
O marasmo nutricional é um estado grave relacionado à deficiência de carboidratos e gorduras, fazendo com que o organismo consuma proteínas para gerar energia.
Consequentemente, uma pessoa que sofre dessa condição também terá perda proteica.
Este caso é mais comum em crianças abaixo de 2 anos, muitas vezes ainda em fase de amamentação.
Independente do caso, o diagnóstico deve ser realizado clinicamente por um profissional da saúde, o qual também pode solicitar exames complementares.
Idosos
Os idosos são parte do grupo de risco por não conseguirem, muitas vezes, consumir o necessário.
Os pacientes com Alzheimer, por exemplo, podem se esquecer de se alimentar se não tiverem um cuidador ou, ainda, entram em fases de recusa alimentar.
Porém, mesmo os idosos que não têm condições que dificultam a alimentação merecem atenção
Isso porque, com o envelhecimento do corpo, os órgãos do sistema digestório (como intestino e estômago) também envelhecem e, nesse processo, a capacidade de absorção de certos nutrientes e vitaminas pode ficar prejudicada.
Assim, contar com profissionais da saúde qualificados e especializados no público idoso é muito importante para manter a saúde nutricional em pacientes geriátricos e garantir que todas as necessidades alimentares estão sendo atendidas.
Outro grupo de risco são as pessoas com doenças como câncer, que podem causar alterações no apetite ou interferir na absorção dos nutrientes pelo corpo.
É fato: prezar pelo bom relacionamento com a comida é um bom modo de agir na prevenção de tantas doenças desencadeadas por falta de nutrientes e excessos de outras substâncias.
Perigos e consequências da desnutrição para a saúde
Além do risco de óbito em casos extremos e não tratados a tempo, existem outras consequências da desnutrição para a saúde como:
- anemia;
- hipotireoidismo;
- raquitismo;
- osteoporose;
- cegueira noturna caracterizada pela falta de vitamina A;
- depressão;
- escorbuto;
- crescimento desacelerado;
- alterações ósseas e de estatura;
- mau funcionamento do intestino;
- imunidade baixa;
- pele enrugada;
- desenvolvimento cognitivo prejudicado.
Tratamentos
A escolha do tratamento adequado dependerá da avaliação do médico sobre o quadro e a gravidade da situação em que a pessoa se encontra.
Geralmente, a decisão é tomada pensando no aumento diário e gradual da ingestão calórica. Isso porque o aumento repentino de consumo de nutrientes pode ser sinônimo de mais riscos, devido ao choque que isso causa para o organismo que está em desnutrição.
As possibilidades de tratamento são:
- Internação: o paciente pode ser internado para receber nutrição via sonda nos casos mais graves.
- Consultas periódicas: o acompanhamento pode ser feito diariamente em consultório nos casos em que a situação é intermediária.
- Suplementação alimentar: quando recomendada, o tratamento pode ser feito em casa.
- Orientação, assistência e dietas: podem ser feitas por nutricionistas e a partir do atendimento online quando não há mais riscos.
Apesar de ser um tema muito sério ao nível médico e social, a desnutrição ainda não é realmente compreendida como uma condição de saúde séria pela população em geral.
Por isso, nunca menospreze a importância de uma alimentação saudável e rica em todos os nutrientes necessários para uma boa saúde.
Além disso, é papel de todos nós defender o direito do acesso à alimentação para todas as pessoas.
Mais pessoas podem precisar aprender sobre este tema, então, compartilhe as informações com seus amigos e familiares para que eles também possam defender esta causa.
E se você precisar de ajuda profissional, agende sua consulta e exames com a gente.
Fontes: