Como usar a lente de contato sem comprometer a visão

Há séculos, os óculos de grau são parte fundamental do tratamento de diversas patologias. Mas as lentes de contato surgiram como uma alternativa mais discreta e prática.

Embora muito habituais, elas exigem cuidados específicos no dia a dia para evitar complicações oculares. 

Indicações frequentes para o uso de lentes de contato

Normalmente, os dispositivos são sugeridos para a correção de condições que dificultam a capacidade de enxergar, como miopia (de longe), hipermetropia (de perto), astigmatismo (visão distorcida) e presbiopia (vista cansada, comum após os 40 anos). 

Também podem ser prescritas para casos específicos, incluindo alterações na curvatura da córnea ou fins estéticos.

A decisão deve sempre ser tomada com orientação de um oftalmologista após procedimentos diagnósticos. O especialista determina o tipo mais adequado e instrui qual é a forma certa de uso e higienização. 

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Principais riscos relacionados ao uso de lente de contato

Quando utilizada incorretamente ou de modo prolongado pode provocar uma variedade de efeitos adversos, que vão desde simples desconfortos até situações mais críticas, como:

1. síndrome do olho seco;
2. infecções;
3. hipóxia corneana;
4. alterações no microbioma ocular.

1. Síndrome do olho seco

Caracterizada pela redução da produção de lágrimas, é uma das reações mais frequentes, ocasionando ardência, coceira, sensação de areia e incômodo ao piscar. 

É causada pela dificuldade de oxigenação e lubrificação natural devido a essa barreira física na superfície do globo. Além disso, segundo o artigo da Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, o atrito constante pode modificar a quantidade e a qualidade do filme lacrimal. 

2. Infecções

São uma das complicações mais preocupantes. Alguns exemplos são a ceratite microbiana (inflamação da córnea causada por microrganismos), a conjuntivite bacteriana e as infecções fúngicas que, embora menos frequentes, podem ser severas e de difícil tratamento.

A Revista Brasileira de Oftalmologia também destacou um caso grave desencadeado pela bactéria Ralstonia pickettii, encontrada em uma solução de limpeza de lentes contaminada. 

Além de passar um tempo excessivo com os acessórios, a má higienização e o armazenamento inadequado são fatores que aumentam os riscos. Os principais sintomas incluem vermelhidão intensa, dores, visão turva e secreção anormal.

3. Hipóxia corneana

Ocorre quando a córnea recebe pouco oxigênio, levando ao crescimento de vasos sanguíneos na região, inchaço, diminuição da capacidade de enxergar e maior vulnerabilidade a quadros infecciosos. 

Geralmente, o material da lente de contato é o que reduz esse processo, de acordo com a Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, especialmente modelos com baixa permeabilidade. 

4. Alterações no microbioma ocular

Composto por bactérias naturais, o microbioma do olho pode passar por modificações significativas diante de uma utilização prolongada, favorecendo a proliferação de agentes patogênicos, segundo a Revista Brasileira de Oftalmologia. 

Essas mudanças deixam o local mais suscetível a infecções e processos inflamatórios. Qualquer outra contaminação por negligencias na limpeza e manejo ainda pode piorar esse desequilíbrio.

Cuidados fundamentais para o uso seguro de lentes de contato

Como aponta publicação do Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, a adoção de medidas preventivas simples pode fazer toda a diferença e minimizar riscos associados. Entre elas:

Higienização adequada

Esse é um dos pilares mais importantes. As recomendações incluem lavar as mãos com sabão antes de tocar nas lentes de contato, utilizar soluções apropriadas para limpeza e armazenamento, além de evitar o uso de água da torneira ou soro fisiológico para limpar as lentes

Tempo de uso controlado

Respeitar o tempo máximo diário de cada tipo é essencial. Dormir com as que não são indicadas para esse fim aumenta significativamente a chance de quadros infecciosos.

Inclusive, a permanência inapropriada foi o fator determinante para o desenvolvimento de conjuntivite grave em um caso clínico analisado e relatado no artigo da Revista Brasileira de Oftalmologia.

Substituição regular do dispositivo

Deve-se seguir rigorosamente o prazo de validade das lentes e dos produtos de higiene. Quando vencidos, podem facilitar a contaminação por microrganismos causadores de patologias.

Consultas periódicas com o oftalmologista

Manter o acompanhamento regular é crucial para avaliar o estado geral e ajustar o tratamento conforme a necessidade. 

Quando interromper o uso das lentes

Sinais como vermelhidão persistente, dor, secreção ou diminuição da acuidade são alertas para suspender o uso e buscar atendimento especializado imediatamente. 

Mesmo representando uma opção prática e estética para a correção visual, as lentes de contato exigem responsabilidade e cuidados diários. 

Seguir as orientações preventivas e o que for especificado pelo oftalmologista é o que vai garantir e preservar a saúde ocular.

Fontes:

• Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences;
• Revista Brasileira de Oftalmologia.