Por que tomar melatonina nem sempre faz sentido?
Todo processo de dormir e acordar envolve mecanismos complexos. Assim, a melatonina ganha destaque por seu papel na regulação do tempo em que se passa desperto e adormecido.
Mas é importante entender os riscos e benefícios do consumo por meio de suplementação e como a orientação profissional faz diferença.
O que é a melatonina
O hormônio é gerado pela glândula pineal, localizada dentro do cérebro, sendo responsável pela regulação do ritmo circadiano, que controla o ciclo de sono-vigília, sinalizando ao corpo a chegada da hora de descansar e de despertar.
Para isso, o organismo começa a produção natural a partir do final da tarde, quando a luz solar diminui e o momento de repouso se aproxima, e prossegue até a metade do período noturno.
Desse ponto em diante, a liberação é interrompida e os níveis passam a cair, tornando-se praticamente nulos junto ao amanhecer.
Muitas vezes é o foco de atenção do endocrinologista. Ele é o especialista que avalia e busca corrigir disfunções no metabolismo em diferentes momentos da vida.
Venda da melatonina é permitida no Brasil
Hoje, é possível encontrar a versão sintética nas farmácias brasileiras, desde que a legislação sobre o tema mudou em 2021, conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Ela está disponível em lojas como um suplemento alimentar para pessoas com mais de 19 anos e com dose diária máxima de 0,21 mg, na forma de cápsulas, comprimidos mastigáveis, pastilhas de goma e em líquido (inclusive em gotas). Alguns fabricantes disponibilizam ainda formulações com sabores.
Essa indicação se dá, acima de tudo, pelo fato de que não é possível comprovar benefícios com o consumo regular do produto. Assim, os fabricantes não podem fazer afirmações do tipo em embalagens e propagandas.
Isso não acontece com itens registrados como medicamentos, que passam por testes específicos para verificar sua segurança e eficácia. Um remédio pode ter descrições de que combate dores de cabeça ou ajuda no controle da febre, por exemplo.
Portanto, o objetivo da melatonina sintética é, em teoria, complementar a quantidade presente no organismo, quando se considera que a fonte natural não é suficiente.
Nesses casos, exames para medir a concentração da substância no sangue podem ser solicitados, sobretudo no acompanhamento de distúrbios do sono ou avaliação do funcionamento da glândula pineal.
Situações em que o uso de melatonina gera benefícios
Com base no papel do hormônio na regulação do ritmo do corpo, muitas pessoas vêm recorrendo à suplementação para ter boas noites de descanso.
No entanto, as evidências atuais mostram que os ganhos tendem a ser restritos a algumas situações bem específicas, como:
- dificuldade para dormir ou acordar em horários padrões (fazendo com que o indivíduo adormeça ou desperte sempre muito cedo ou tarde);
- viagens para locais com fusos horários diferentes que desregulam o relógio biológico (conhecido como jet lag);
- transtornos que afetam o ciclo de 24 horas do organismo (chamado de Síndrome de Atraso das Fases do Sono);
- trabalhos em turnos trocados, exigindo repousos diurnos.
Geralmente, outras medidas também precisam ser adotadas para auxiliar com os quadros, sempre conforme avaliação profissional.
O uso do produto por crianças é permitido?
Por não ser considerado um fármaco, não há estudos e informações suficientes sobre o uso em grupos específicos, como o público pediátrico. Assim, o emprego do composto deve ser feito com um cuidado maior, sempre conforme orientação médica.
Além disso, a regulamentação da Anvisa sobre sua comercialização indica que ela não deve compor suplementos voltados para crianças e adolescentes.
Riscos dos suplementos de melatonina
Se dentro das doses recomendadas, a utilização por adulto tende a ser segura. Contudo, é preciso manter a atenção aos possíveis efeitos colaterais registrados. Entre os mais comuns estão:
- sonolência diurna;
- dores de cabeça;
- náuseas;
- sensação de sonhos mais intensos ou mesmo pesadelos;
- mudanças de humor, provocando irritabilidade ou tristeza.
É fundamental conversar com o médico diante de alterações e, de preferência, antes de iniciar o consumo para identificar situações que contraindicam o uso da melatonina, como é o caso de interações medicamentosas. Junto de medicamentos para tratar outras condições, pode gerar sintomas indesejados.
Além disso, ela pode potencializar o efeito de ansiolíticos ou hipnóticos (que induzem o repouso). Portanto, no momento da consulta é indispensável mencionar todos os remédios que fazem parte da rotina.
Gestantes, lactantes e pessoas que exercem atividades exigindo atenção e foco também devem evitá-la.
O Cartão dr.consulta oferece acesso a diferentes especialidades médicas, exames laboratoriais e de imagem e programas de saúde com atendimento de enfermagem on-line e gratuitos para o cuidado integral do bem-estar.

Por fim, vale ressaltar que não há indícios de que a substância cause aumento do peso. Pelo contrário, boas noites de sono podem ajudar na regulação da fome e dos mecanismos associados à absorção de gordura, como ressalta a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Melatonina não é um tratamento para a insônia
Esse distúrbio do sono tem como característica a dificuldade de adormecer ou manter-se dormindo, muitas vezes associada a outras questões de saúde. Pode ter caráter crônico, definido pela persistência da queixa por mais de um mês.
Diante do impacto sobre a qualidade de vida, o suporte profissional é essencial para lidar com a disfunção, sendo o psiquiatra o mais capacitado para avaliação.
Como indica a Associação Brasileira do Sono, tipos específicos de psicoterapia e, eventualmente, o uso controlado de determinados medicamentos costumam ser as maneiras mais eficientes de tratar.
Ações para garantir noites mais tranquilas
Uma série de medidas pode fazer toda a diferença, sem a necessidade de suplementos ou remédios. As ações fazem parte da chamada higiene do sono e envolvem principalmente a mudança de determinados hábitos que podem atrapalhar o repouso adequado. São elas:
- se expor à luz solar, em especial pela manhã, pois sinaliza ao corpo que é hora de despertar;
- praticar exercícios físicos regularmente, mas não perto da hora de deitar;
- dormir e acordar sempre mais ou menos no mesmo horário, todos os dias;
- limitar o consumo de café, álcool e tabaco, principalmente à noite;
- manter o quarto sempre escuro, silencioso e com temperatura agradável;
- reduzir o contato com computadores, celulares e TV antes de ir para a cama;
- encontrar formas de relaxar (ler um livro, tomar um chá etc.);
- não permanecer deitado se o sono não vier (a recomendação é levantar e fazer outra coisa até ficar sonolento);
- procurar ajuda qualificada para tratar patologias que afetam o descanso noturno.
Mais importante que considerar o uso de melatonina é adotar um estilo de vida propício, garantindo assim todos os benefícios para a saúde.
Fontes:
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
- Associação Brasileira do Sono;
- Current Medical Research and Opinion;
- Journal of Pineal Research;
- National Center for Complementary and Integrative Health;
- Neurologica Research;
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Estranho muito este tipo de texto…que alardeia os benefícios…discorre sobre pesquisas…etc e tal e depois bombardeia com uma série de consequências contraditórias…em um momento hormônio dito natural…ou sintético é um coadjuvante eficaz para diabéticos. Em outro momento é prejudicial…oras..oras é bom ou ruim?Funciona ou não? A IMPRESSÃO que passa e de semear o temor e alimentar a ansiedade de se consultar um médico atrás de outro…endócrino…cardiologista…neuro e sei lá o que mais…li diversos textos de médicos e estudiosos e fiquei mais confuso…me pergunto – é este o objetivo?!!Semear o medo?Ou é bom ou não…ou serve ou não serve…Haja paciência para tanta contradição!
https://www.shuuemuratw.com/ shuuemura