A vida profissional e a conquista por independência vem fazendo com que as mulheres escolham ter filhos cada vez mais tarde.
Segundo o estudo realizado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de gestantes entre 30 e 44 anos aumentou, saindo de 24,1% para 36,6%.
A melhor idade para engravidar deve ser aquela na qual a mulher se sente preparada para tal missão. Mas o que será que dizem os médicos?
É claro que a preocupação em relação à qualidade e quantidade dos óvulos existe. Porém, assim como outros assuntos da medicina, o conceito de idade ideal para a gestação também evoluiu com o passar do tempo.
Ficou interessada? Então continue a leitura para descobrir mais sobre o assunto.
Existe idade ideal para a gestação?
Ao nascer, a mulher tem, aproximadamente, 7 milhões de óvulos. À medida que os anos passam, essa quantidade diminui e a qualidade dos óvulos também, influenciando diretamente na fertilidade feminina.
Segundo a especialista em ginecologia e obstetrícia, Dra. Tânia Schupp Machado em entrevista ao Dr. Drauzio Varella, na década de 1960, a faixa ideal para se ter um filho encontrava-se entre os 18 e 25 anos.
Isso acontecia porque a expectativa de vida do ser humano estava entre os 45 e 50 anos. Mas não foi apenas o tempo de vida que aumentou.
Outras mudanças sociais aconteceram a partir de 1960 e, com elas, o universo feminino começou a se transformar. A possibilidade de frequentar universidades e assumir cargos no mercado de trabalho fez com que a decisão de ter filhos fosse, muitas vezes, adiada.
Para ajudar nessa escolha, foram desenvolvidos métodos anticoncepcionais seguros, que permitiam, pela primeira vez, programar a época exata de se tornar mãe.
Em 2019, segundo dados do IBGE, a expectativa de vida da mulher era de 80 anos. Dada a nova realidade e a comprovação de que os riscos da gravidez depois dos 25 não aumentam muito, alargou-se a faixa ideal para a primeira gestação, ficando agora entre 20 e 29 anos.
Nesta fase, a fertilidade feminina está em alta, ou seja, há uma grande quantidade de óvulos saudáveis disponíveis para serem fecundados.
Além disso, o corpo feminino apresenta um risco menor de complicações durante a gestação e menores chances do bebê apresentar alterações genéticas.
Apesar de hoje em dia a ciência ter avançado para possibilitar uma gestação mais segura do que antigamente para idades mais avançadas (acima de 30 anos da mulher), sabemos que a faixa dos 25 aos 29 anos segue sendo a mais segura.
Isso devido a maior facilidade para engravidar, menor chance de doença genética no feto e maior facilidade de recuperação do organismo após a gestação.
Porém, nesta faixa etária muitas mulheres ainda não se consideram prontas para ter filhos ou sequer desejam isso.
É comum encontrar casos em que as jovens alegam imaturidade e insegurança para criar um filho, ou apresentam dificuldade de se tornarem independentes, fazendo com que a transição do papel de filha para o papel de mãe demore mais.
Segundo o mesmo estudo do IBGE, ter filhos após os 35 anos já é uma tendência. Mas, não para por aí, o número de partos de mulheres com mais de 40 anos também aumentou e já atinge de 2 a 5% de representatividade.
Quando a gravidez é considerada tardia?
Estima-se que a fertilidade feminina começa a cair por volta dos 25 anos, mas é a partir dos 35 que apresenta um declínio considerável. Portanto, a gravidez tardia é aquela que ocorre após os 35 anos.
Além do número de óvulos ir diminuindo com o passar do tempo, os que sobram sofrem um envelhecimento natural e, também, estão suscetíveis à ação de fatores externos, como poluição, tabagismo e sedentarismo.
Segunda a Dra. Tânia Schupp Machado, uma mulher de 25 anos tem 25% de chance de engravidar em um mês, enquanto as chances aos 35 anos chegam a 8% e diminuem com o passar de cada ciclo menstrual.
Apesar do peso sempre recair nos ombros femininos, é importante lembrar que o espermatozoide também envelhece. Ou seja, o avanço da idade prejudica a fertilidade do homem e da mulher.
Uma gravidez tardia pode ser arriscada?
Após os 35 anos, as mulheres podem apresentar maiores riscos pré e perinatais, como parto prematuro, baixo peso do bebê e mortalidade maternal e/ou fetal.
As chances de o bebê nascer com Síndrome de Down também aumentam. A incidência mundial da doença é de 1 caso para cada 90 mil. Em gestantes com mais de 35 anos esse número aumenta de 1 para cada 9 mil nascimentos.
Também há mais chances de desenvolvimento de doenças gestacionais como hipertensão, diabetes gestacional e mioma. Esses são três fatores graves que podem interferir no desenvolvimento do bebê.
A hipertensão na gravidez recebe o nome de pré-eclâmpsia e pode evoluir para eclâmpsia, que tem como característica principal convulsões e põe em risco a vida da mãe e do feto.
Como me preparo se quiser engravidar após a idade mais segura?
Ao decidir ter um filho tardiamente, é importante seguir a risca as seguintes recomendações:
- Começar o planejamento familiar antes mesmo da concepção. Para isso, deve-se consultar um ginecologista para uma avaliação clínica;
- Fazer todos os exames de rotina, entre eles os de dosagem de hormônios tireoidianos, hemograma e sorologias;
- O médico pode recomendar a ingestão de ácido fólico, por três meses, antes da concepção, além de vitamina B e D, para diminuir o risco de malformação do sistema nervoso central do bebê;
- Manter uma alimentação saudável ao longo de toda gestação;
- Realizar consultas mais frequentes ao ginecologista, principalmente em casos de presença de diabetes ou hipertensão.
É fácil engravidar após 35 anos?
As mulheres com mais de 35 anos podem se sentir mais seguras e preparadas para encarar a maternidade, mas é preciso deixar claro que as chances de engravidar nessa idade são menores.
Ainda assim, hoje, existem diversos tipos de tratamentos de fertilização e há grandes chances de sucesso com eles. É importante conhecer e considerar todas as possibilidades existentes, como:
Congelamento de óvulos:
Para quem planeja adiar a gestação por um tempo, é a alternativa mais segura, pois os óvulos não sofrem o impacto do envelhecimento. Uma vez congelados, eles ficam com a mesma idade que a mulher tinha quando realizou o procedimento.
O tratamento consiste em estimular os ovários a desenvolver óvulos por meio do uso de hormônios, seguido da coleta e congelamento desse material.
Essa é uma excelente alternativa também para casos de diagnóstico de câncer ou outras doenças que afetam a qualidade dos óvulos, como a endometriose.
Fertilização in vitro:
De maneira generalizada, a fertilização in vitro consiste na fecundação dos óvulos em laboratório.
Funciona da seguinte maneira: cultivam-se os óvulos e embriões que serão transferidos para o útero da futura mamãe quando estiverem na fase adequada para isso e, assim, a gravidez poderá ser confirmada.
5 dicas para ter uma gravidez saudável
Independentemente da melhor idade para engravidar, uma vez gestante, é preciso garantir que tudo ocorra bem. Por isso, traremos 5 dicas para garantir uma gravidez saudável e tranquila.
1. Tenha uma alimentação saudável
Na gestação, a alimentação é importante não só para o controle de ganho de peso, mas também para evitar o aparecimento de doenças, como a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia, além de ser fator importante para o desenvolvimento do bebê.
Os alimentos corretos garantem que a mãe tenha as reservas biológicas necessárias para a fase do pós-parto, favorecendo a alimentação do bebê e contribuindo para que o sistema imunológico se desenvolva.
2. Verifique seu esquema de vacinação
Manter as vacinas em dia contribui para que a gravidez seja mais segura. Verifique-as e coloque-as em dia, se necessário.
Inclusive, algumas vacinas fazem parte do calendário de vacinação da gestante. Alguns exemplos são: contra o tétano, contra hepatite B, difteria, coqueluche e influenza.
3. Cuide da saúde mental
A gravidez deixa a mulher mais sensível e traz alguns receios e incertezas. Por isso, é importante evitar estresse e ansiedade. A dica é praticar atividades físicas moderadas e relaxantes para você, como meditação e boas leituras, além de realizar acompanhamento com psicólogo.
4. Pré-natal é primordial
Nada é mais importante do que o pré-natal. Em termos de prevenção, nada o substitui, pois, além de prevenir, ele pode ainda detectar quaisquer patologias precocemente, tanto da mãe quanto do bebê.
As consultas de pré-natal auxiliam o desenvolvimento saudável do feto e reduzem os riscos para a gestante.
5. Faça os exames de rotina
O desenvolvimento da gestação e o controle do desenvolvimento do bebê são acompanhados por meio da ultrassonografia, que não oferece riscos, pois sua tecnologia não utiliza radiação ionizante.
Nesse exame é possível acompanhar o crescimento do bebê, batimento cardíaco, a posição no útero, a idade gestacional, identificar anomalias e prever se a gestação precisa de maiores cuidados.
Com o devido acompanhamento médico, a melhor idade para engravidar é aquela na qual a mulher e o casal se sentem mais preparados.
Se você tem planos para uma gestação futura, que tal consultar um ginecologista aqui no dr.consulta? Você pode agendar um horário pelo nosso site ou app. É super simples. Estamos esperando a sua visita.
Fontes:
IBGE
Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down
Agência de notícias IBGE
Drauzio Varella