Entenda como a Síndrome de Tourette vai além dos tiques
Muitas vezes retratada em séries e filmes de forma estereotipada, a Síndrome de Tourette pode impactar a rotina, a vida escolar, as relações sociais e até mesmo a saúde mental em pessoas com o transtorno.
Nesse sentido, o conhecimento correto sobre a condição é essencial para reduzir preconceitos e proporcionar o apoio a pessoas que apresentam a condição.
O que é a Síndrome de Tourette
Considerada um distúrbio neurológico, caracteriza-se por movimentos ou sons vocais involuntários e repetitivos, chamados de tiques. Eles podem afetar diferentes grupos musculares, sendo mais comuns na região da cabeça e do pescoço, e resultar em vocalizações diversas.
É mais frequente em meninos e os primeiros sinais costumam aparecer ainda na infância, entre 5 e 10 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame (NINDS), dos Estados Unidos.
Em alguns casos, as manifestações diminuem espontaneamente ainda na adolescência, porém, também podem persistir até a fase adulta.
Fatores genéticos – principalmente mutações cromossômicas – estão fortemente relacionados ao desenvolvimento da Síndrome de Tourette. Elementos ambientais e hereditários também podem contribuir para a ocorrência da condição.
Sintomas da Síndrome de Tourette
Como mencionado, os sinais característicos que indicam o transtorno são os tiques, geralmente não rítmicos e que variam em intensidade e frequência, segundo artigo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os gestos e sons podem ser divididos em:
- motores simples (piscar excessivamente, caretas faciais e movimentos de ombros ou cabeça);
- motores complexos (ações combinadas, como caretas acompanhadas de torção da cabeça, e pular, girar ou tocar objetos sem parar;
- vocais simples (pigarrear, fungar e emitir sons como grunhidos ou latidos);
- vocais complexos (repetição de palavras próprias ou de outras pessoas, chamado ecolalia; e, em casos mais raros, uso de termos inapropriados ou palavrões, denominado coprolalia).
Muitos são precedidos por uma sensação incômoda, chamada necessidade premonitória, que gera alívio apenas após a movimentação ou vocalização, destaca o NINDS.
Situações de ansiedade, de estresse ou de excitação também podem intensificá-los, enquanto atividades que exigem foco tendem a reduzi-los. Durante o sono profundo, os tiques desaparecem por completo.
Efeitos na saúde mental e no aprendizado
Indivíduos com Síndrome de Tourette normalmente apresentam condições emocionais e comportamentais associadas, segundo artigo publicado na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
Muitas vezes, elas causam mais desconfortos do que as manifestações físicas, impactando as atividades do dia a dia, os relacionamentos e a qualidade de vida. Entre as mais comuns, conforme as entidades oficiais citadas, estão:
- TDAH, com impulsividade, hiperatividade e baixa concentração;
- TOC, marcado por pensamentos intrusivos e comportamentos repetitivos, como lavar as mãos ou verificar objetos;
- ansiedade, ligada a situações sociais ou ao receio da reação de outras pessoas;
- prejuízos na aprendizagem, sobretudo em leitura, escrita ou matemática, sem relação direta com a inteligência;
- alterações do sono, não conseguir adormecer ou ter um bom descanso noturno;
- déficits relacionais, como dificuldade em interpretar interações ou manter relacionamentos;
- outras questões comportamentais, incluindo irritabilidade ou agressividade;
- autolesões (em casos graves), como morder a língua ou realizar movimentos bruscos que afetam a integridade física.
No ambiente escolar, muitas crianças e adolescentes podem precisar de adaptações, como ambientes com menos alunos e apoio individualizado.
Além disso, há o risco de episódios de bullying, aumentando diretamente as chances de desenvolvimento de quadros ansiosos ou depressivos.
Por isso, o suporte médico do neurologista, assim como do psiquiatra e pediatra, é fundamental para avaliar o quadro, o histórico familiar e possíveis origens, garantindo diagnóstico e tratamento adequados.
Diagnóstico e tratamentos da Síndrome de Tourette
De forma geral, o diagnóstico da Síndrome de Tourette é clínico, como explica o NINDS, e considera critérios específicos:
- presença de tiques motores e vocais por pelo menos um ano;
- início antes dos 18 anos;
- exclusão de outras condições ou efeitos de substâncias.
Não há procedimentos específicos para confirmação do distúrbio. Porém, exames como a ressonância magnética ou o eletroencefalograma podem ser solicitados para descartar outras alterações neurológicas.
Com o Cartão dr.consulta é possível ter acesso a diferentes especialistas e exames com valores mais vantajosos. O paciente também é incluído em programas de saúde com suporte multidisciplinar e consultas de enfermagem (on-line e gratuitas).

Embora não exista cura definitiva, diferentes condutas ajudam a reduzir os impactos da Síndrome de Tourette na qualidade de vida.
As abordagens dependem da intensidade dos sintomas e das condições associadas, ressalta a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Medicamentos como bloqueadores de dopamina, estimulantes (para TDAH) e antidepressivos que controlam a ansiedade e o TOC são algumas das práticas usadas atualmente para o tratamento do quadro.
Além disso, é importante que o indivíduo também tenha acompanhamento psicológico, especialmente desde a infância, para lidar com os fatores emocionais e sociais.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das técnicas que se destacam, de acordo com artigo da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, pois ajuda a compreender e modificar padrões de pensamento e comportamento, mostrando bons resultados no controle dos tiques.
Reconhecer os sinais da Síndrome de Tourette precocemente e buscar ajuda médica são passos fundamentais para garantir a qualidade de vida das crianças e adolescentes em todas as fases da vida.
Fontes:
A pessoa tem formação superior em Letras e Ciências Sociais; se irrita com as próprias dificuldades; convive bem com a família, é amorosa e mãe dedicada.
Antes pensava-se ser parkisson mas os médicos descartaram essa situação, porém até hoje não se sabe do que se trata.
Dizem ter que ser tratamento psicológico.
O que podemos fazer para ajudá-la?
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