Os principais traços do transtorno de ansiedade generalizada

Diferente de preocupações corriqueiras, que vêm e vão à medida que o foco de tensão desaparece, o transtorno de ansiedade generalizada faz com que o indivíduo permaneça nervoso por razões nem sempre aparentes, por tempo demais e de maneira desproporcional.
Daí em diante, a pessoa passa a sentir alterações não só psicológicas, como físicas. Pouco a pouco, elas vão comprometendo a capacidade de dar conta das demandas.
Embora cada vez mais comum, o TAG (sigla pela qual é conhecido) é tratável, devolvendo a qualidade de vida prejudicada por essa disfunção de saúde mental.
Os sinais e sintomas presentes nessa condição
A ansiedade é uma emoção natural do ser humano, cuja principal característica é a antecipação a uma ameaça futura, fazendo com que o corpo adote uma série de mecanismos de defesa caso haja necessidade de reação em instantes próximos.
Eventualmente, esses desequilíbrios se tornam permanentes e passam a incomodar inclusive quando a preocupação não deveria ser enorme.
É como um termômetro que marca a temperatura errada: mesmo que o calor não esteja grande, seu defeito faz com que ele aponte alguns graus a mais do que realmente está naquele dia.
Para caracterizar em definitivo o chamado transtorno de ansiedade generalizada, psiquiatras e psicólogos levam em conta os seguintes aspectos:
- tensão excessiva, na maior parte dos dias, por no mínimo seis meses, em mais de um contexto (em casa e no trabalho ou na escola);
- percepção de que fica difícil controlar tais ideias, como se fosse impossível pensar em outra coisa;
- manifestações envolvidas em desconforto profundo e prejuízos significativos no funcionamento do indivíduo, em áreas importantes da sua vida.
Além disso, os profissionais indicam que adultos devem apresentar ao menos três dos quesitos:
- inquietação, com aquela sensação de que os nervos vão explodir a qualquer momento;
- irritabilidade;
- fadiga insistente;
- dificuldades de concentração ou lapsos mentais frequentes e “brancos” na memória;
- tensão muscular, que deixa costas, pescoço e demais áreas do corpo rígidas e frequentemente doloridas;
- alterações no sono, tornando mais complicado descansar e obter o repouso adequado.
Para crianças, a lista de sinais e sintomas é a mesma. Porém, a confirmação é feita englobando apenas somente um item da lista acima.
Dados sobre o transtorno de ansiedade generalizada
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo convivem com alguma disfunção relacionada aos sintomas ansiosos. Isso equivale a, aproximadamente, 4% de toda a população global. Adicionalmente, é possível apontar ainda que:
- o TAG é duas vezes mais comum em mulheres do que em homens;
- o transtorno surge, na maioria dos casos, durante a adolescência ou no início da idade adulta, por volta dos 30 anos, e vai se tornando mais frequente nos mais velhos;
- ainda que as possibilidades terapêuticas disponíveis sejam efetivas, a própria OMS indica que somente um em cada quatro atingidos recebe o devido apoio.
Mesmo que não necessariamente tenham um diagnóstico confirmado, a ansiedade é uma queixa constante dos brasileiros.
Em levantamento do Instituto Ipsos com 1000 entrevistados de diferentes classes sociais e regiões brasileiras, 45% delas reconheceram a ansiedade como uma questão que prejudicava sua saúde mental.
O número de reclamações foi maior nas respostas vindas do público feminino (55%) e jovens entre 18 e 24 anos (65%).
O que se sabe sobre as causas dessa forma de adoecimento psíquico
O transtorno de ansiedade generalizada se instala a partir do momento em que não se consegue lidar de forma adequada essa emoção. Mas o mecanismo exato que leva a isso dificilmente é muito claro.
Por isso, não é de se estranhar que algumas pessoas em situações adversas consigam ajustar suas reações, enquanto outras não (o que não é sinônimo de fraqueza, falha de caráter, nem nada do tipo). De qualquer maneira, entre fatores que elevam o risco do TAG estão:
- histórico familiar de desordens atribuídas à ansiedade, principalmente em parentes de primeiro grau (pais e irmãos);
- exposição constante a situações de estresse;
- contato com situações de violência física e psicológica, sobretudo nos anos iniciais de vida;
- consumo sem controle de álcool e de drogas.
Em determinadas circunstâncias, a ansiedade é resultado de desequilíbrios fisiológicos de natureza hormonal ou metabólica, incluindo o hipotireoidismo ou quadros de diabetes.
Por fim, o transtorno de ansiedade generalizada aparece junto com mais condições de saúde mental (as chamadas comorbidades psiquiátricas). É o que acontece com indivíduos com depressão ou transtorno obsessivo-compulsivo.
O Cartão dr.consulta colabora também no cuidado com a saúde mental, por meio do acesso rápido a médicos especialistas e outros profissionais que trabalham nessa área de atenção.
Além disso, o programa Viva Bem disponibiliza o suporte de um time multidisciplinar para tirar dúvidas em poucos toques na tela.

Como o TAG é diagnosticado pelos profissionais de saúde
Não existe regra absoluta sobre qual a hora certa de pedir ajuda. No entanto, quando houver a perda da aptidão diante dos compromissos de cada dia, talvez caiba considerar a possibilidade de receber apoio especializado.
Em alguns cenários, o sinal de alerta parte de pessoas próximas. No caso daqueles em fase escolar, o recado pode vir também de cuidadores e professores. Independentemente da idade, psiquiatras e psicólogos são quem avaliam essa suspeita.
A partir do contato inicial, esses especialistas vão conversar com o indivíduo (e, eventualmente, os demais do seu convívio diário) para identificar traços de comportamento compatíveis com o TAG.
É esperado que adultos nessas circunstâncias demonstrem preocupação excessiva em torno de tópicos como:
- desempenho no trabalho;
- medo de perder o emprego;
- sua saúde e bem-estar, bem como a dos seus familiares;
- questões financeiras;
- a capacidade de concluir todas as obrigações da rotina;
- estar atrasado ou não honrar algum compromisso.
A ansiedade em crianças e adolescentes tem como objeto elementos do universo infantil e juvenil, e frequentemente giram em torno do que acontece na escola ou em atividades coletivas (como esportes, por exemplo).
Dentro desse processo, o profissional responsável deve se preocupar em descartar explicações adicionais para a ansiedade.
Por isso, pode solicitar exames que investiguem a presença de alguma outra condição de saúde, avaliar a evolução de outro transtorno mental ou tentar entender se aquele conjunto de sintomas não é derivado do uso de substâncias.
As alternativas de tratamento para uma vida mais tranquila
Junto da confirmação do diagnóstico, quem conduz o acompanhamento orienta e discute as melhores opções para gerenciar o quadro de ansiedade.
Normalmente, as abordagens mais adotadas envolvem sessões de terapia supervisionadas por um psicólogo, o uso de medicações ou uma combinação de ambas. Embora essa junção possa ser mais efetiva, ela não é exigida em todos os casos, conforme a intensidade das modificações notadas.
Psicoterapia
O suporte psicoterápico garante um espaço para que o indivíduo se abra com um terapeuta a respeito das suas preocupações.
Analisando o conteúdo dessas falas, o profissional oferece orientações que lentamente dão ao ansioso a chance de dimensionar como seus padrões de pensamento e percepções do mundo ao seu redor disparam impressões equivocadas que alimentam as sensações desagradáveis.
Embora existam outras linhas psicoterapêuticas, a maioria das evidências sobre o tema aponta que recursos com origem em terapia cognitivo-comportamentais (ou TCC) tendem a ser mais eficientes.
Um artigo publicado na JAMA Psychiatry reuniu dados de mais de 4 mil pacientes e demonstrou que aqueles submetidos as práticas de TCC apresentaram uma melhora mais relevante em um intervalo de 12 meses do que os acolhidos em abordagens variadas para a ansiedade.
Medicamentos
Antidepressivos e ansiolíticos são os remédios mais receitados para tratar a ansiedade. A prescrição é de responsabilidade exclusiva do médico (de preferência, especialista em psiquiatria), em receitas especiais para o devido controle nas farmácias.
O primeiro grupo é idêntico aos utilizados para tratar a depressão. Eles têm como ponto negativo o fato de que demoram algumas semanas para fazer efeito por completo. Adicionalmente, certas reações adversas, que variam segundo o fármaco, podem ser desagradáveis.
Já os ansiolíticos (geralmente da classe dos benzodiazepínicos) têm ação mais rápida e, portanto, indicados para episódios mais graves, assim como crises agudas. Todavia, seu uso deve ser mais restrito, uma vez que há possibilidade do desenvolvimento de tolerância (exigindo doses elevadas) ou dependência.
Ajustes de hábitos
A implementação de um estilo saudável também tem papel essencial no tratamento do TAG.
É claro que é desafiador fazer grandes revoluções de um dia para o outro, mas vale ter a consciência de que até pequenas atitudes são capazes de contribuir com o bem-estar. Com isso, é possível investir em:
- exercícios físicos regulares (caminhar, correr, andar de bicicleta ou o que a disposição permitir);
- manter uma dieta equilibrada;
- dormir bem, priorizando noites tranquilas;
- evitar o consumo de substâncias estimulantes, como a cafeína;
- repensar a relação com o álcool, o tabaco e agentes que influenciam negativamente o funcionamento do cérebro;
- preencher um diário, para listar sentimentos e possíveis gatilhos;
- adotar técnicas de relaxamento, respiração profunda ou meditação.
A necessidade de manutenção do tratamento no longo prazo é orientada por médico psiquiatra, idealmente em parceria com o psicólogo. Períodos maiores costumam reduzir o número de recaídas do transtorno de ansiedade generalizada, ajudando a controlar futuras queixas relacionadas aos sintomas ansiosos.
Fontes:
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[…] sobrecarga de atividades, preocupação excessiva e situações de ansiedade desencadeiam rigidez muscular. O estresse emocional também leva a alterações no sono e na […]
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