A relação entre glaucoma e catarata

Com o avanço da idade, é comum o surgimento de condições visuais. Entre as mais conhecidas, destacam-se o glaucoma e a catarata — que também lideram a lista de fatores desencadeantes de cegueira no Brasil.

Embora sejam diferentes, ambos compartilham manifestações semelhantes e, em alguns casos, podem aparecer simultaneamente.

Glaucoma e catarata: o que é cada um?

O glaucoma é uma patologia silenciosa e perigosa. Caracteriza-se pela presença de lesão progressiva no nervo óptico, geralmente provocada pelo aumento da pressão intraocular.

Inicialmente, costuma não apresentar sintomas e a perda da visão periférica ocorre de forma lenta, assim, a enfermidade muitas vezes só é percebida em estágio avançado. Um diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações e é possível em check-ups de rotina.

Por outro lado, a catarata – que gera opacificação do cristalino (lente natural e transparente dos órgãos) – é notada logo no começo.

Sua principal causa é o envelhecimento, mas questões como diabetes, exposição excessiva ao sol sem proteção adequada e uso prolongado de corticoides também podem contribuir. Conforme evolui, a pessoa passa a enxergar cada vez menos.

Sintomas parecidos e divergentes

Apesar das origens serem distintas, glaucoma e catarata podem ter sinais semelhantes, como:

• visão embaçada ou turva;
• dificuldade para enxergar à noite;
• sensibilidade à luz.

No entanto, no primeiro, especialmente em suas formas mais agressivas, pode ocorrer ainda dores intensas, náuseas, vômitos e perda súbita da capacidade de ver — o que demanda atendimento urgente.

O Cartão dr.consulta pode ajudar nesse processo, possibilitando o acesso a vários especialistas, como oftalmologistas, além de exames com valores mais vantajosos.

É possível uma pessoa desenvolver os dois quadros

Normalmente, a identificação do glaucoma vem antes, segundo estudo publicado no Brazilian Journal of Development, que traçou um perfil epidemiológico sobre as patologias no país e a atenção acaba voltando-se toda para ele, pois seus danos são irreversíveis.

Além disso, existe um tipo específico chamado de “facomórfico” que surge como consequência de uma catarata avançada, aponta artigo da Revista Brasileira de Oftalmologia.

Nesse quadro, o cristalino aumenta de volume, empurrando as estruturas internas e elevando rapidamente a pressão.

Diagnóstico e tratamento

Ambos precisam ser confirmados pelo profissional da área por meio de procedimentos de rotina, que incluem:

• medição da pressão intraocular;
• avaliação do nervo óptico;
• testes de fundo de olho, acuidade e campo visual;
• tomografia de coerência óptica (OCT), em alguns casos.

Quando há suspeita de coexistência, o acompanhamento deve ser ainda mais cuidadoso e o tratamento pode exigir intervenções específicas para cada um.

Para a catarata, a cirurgia de remoção do cristalino opaco e substituição por uma lente é a principal alternativa e pode, inclusive, ser combinada à de glaucoma.

Se esse está contido, a utilização de multifocais na operação tem demonstrado bons resultados em relação à acuidade visual e independência de óculos, destaca outro artigo da Revista Brasileira de Oftalmologia sobre correção cirúrgica da presbiopia em pacientes com catarata e glaucoma. Já casos mais leves podem envolver apenas aplicação de colírios.

Prevenção é o melhor caminho

Consultas regulares ao oftalmologista, especialmente a partir dos 40 anos, são o caminho mais fácil de obter uma detecção precoce e manejar os efeitos. Se houver histórico familiar de glaucoma, o monitoramento deve ser mais frequente. Outras atitudes importantes são:

• controlar condições associadas, como diabetes e hipertensão arterial;
• usar óculos de sol com proteção UV para evitar o envelhecimento precoce da região;
  não se automedicar.

Manter a qualidade de vida mesmo com um diagnóstico duplo, sem resultar em cegueira, é viável, pois o segredo está no cuidado contínuo.

Fontes:

• Brazilian Journal of Development;
• Revista Brasileira de Oftalmologia – Considerações sobre o glaucoma facomórfico. Diagnóstico e tratamento;
• Revista Brasileira de Oftalmologia – Correção cirúrgica da presbiopia em pacientes com catarata e glaucoma de ângulo aberto.