Cistite tem prevenção. Tire todas as suas dúvidas

Entre as infecções bacterianas mais frequentes que levam os pacientes aos consultórios médicos estão as que acometem o trato urinário. E quando elas se concentram apenas nos órgãos inferiores, ou seja, bexiga, uretra e, nos homens, na próstata, são especificadas como cistite.
Também conhecida como infecção da bexiga e infecção urinária baixa, essa condição atinge homens, mulheres e crianças, mas a maioria dos diagnósticos ocorre entre o público feminino.
A razão está relacionada à própria anatomia: a uretra mais curta nas mulheres e sua proximidade com o ânus favorecem a migração de bactérias intestinais comuns, como a Escherichia coli, para o sistema urinário.
Dados da Sociedade Brasileira de Urologia apontam que mais da metade das mulheres vai apresentar ao menos uma ocorrência ao longo da vida. Além disso, entre 20% e 50% podem ter quadros de repetição, caracterizados por dois ou mais episódios em um semestre ou três em um ano.
Como a cistite surge?
Fatores anatômicos e comportamentais
Além das particularidades anatômicas já mencionadas, o início da vida sexual costuma estar associada à primeira ocorrência, o que levou à criação do termo popular “cistite da lua de mel”.
Durante a relação íntima, a movimentação facilita a entrada de microrganismos no trato urinário, principalmente se houver fricção na região ou uso de produtos como espermicidas.
A presença da bactéria não significa transmissão pelo parceiro, mas sim, a migração dos microrganismos da flora vaginal ou intestinal para a bexiga. O processo infeccioso também pode surgir após procedimentos médicos, uso de sondas ou em situações de esvaziamento urinário incompleto.
Outras condições que favorecem o quadro
- diabetes sem controle glicêmico;
- menopausa e alterações hormonais;
- retenção urinária ou incontinência;
- prolapso da bexiga, que é quando a parede do órgão perde a sustentação;
- medicamentos como imunossupressores, corticoides e antibióticos de uso prolongado;
- alterações anatômicas no trato urinário (geralmente identificada por meio de ultrassonografia);
- internações prolongadas e uso de sondas.
Devido a esses inúmeros casos que exigem atenção contínua, contar com uma assinatura em saúde, como o Cartão dr.consulta, é fundamental no diagnóstico precoce, no acompanhamento e na identificação de fatores de risco para repetição e outras condições de saúde.
Além disso, a assinatura também garante a partir de 15% de desconto na Droga Raia e Drogasil para medicamentos tarjados, contribuindo para a adesão ao tratamento adequado e seguro.

Em qual momento procurar um médico?
Deve-se buscar ajuda médica assim que o desconforto surgir. Isso significa que tentar controlar os sintomas com automedicação ou receitas caseiras não é recomendado – e pode até mascarar eventuais agravamentos.
Os principais indicadores são: vontade incontrolável e urgente de urinar mesmo com a bexiga vazia, dificuldade para segurar o xixi, ardência ao usar o banheiro, febre e sangue na urina.
Embora eles estejam associados à forma mais comum, chamada de cistite aguda não complicada, é importante ter atenção à intensidade e à frequência das manifestações. Casos mais severos ou recorrentes indicam uma possível complicação, o que requer investigação mais aprofundada.
Um especialista, seja em Urologia ou Ginecologia, é essencial para entender os sinais e sintomas, identificar o tipo de infecção urinária, bem como solicitar os principais exames para a conclusão do diagnóstico.
Diagnóstico clínico e laboratorial
Para a forma não complicada da condição, a consulta médica detalhada geralmente é o suficiente para iniciar a terapia. No entanto, nos episódios mais graves ou em pacientes com histórico recorrente, são indicados exames como:
- urina tipo 1 (urinálise): identifica a presença de leucócitos, nitritos e hemácias, que são elementos que indicam proliferação de microrganismos;
- urocultura: confirma o diagnóstico e o tipo da bactéria envolvida;
- antibiograma: determina a sensibilidade do agente aos medicamentos;
- hemocultura e exames de imagem: diante de suspeita de complicações ou infecção mais alta (pielonefrite).
Com base nos resultados, o profissional de saúde determina o melhor protocolo terapêutico. Embora a Escherichia coli seja o agente mais frequente, outras bactérias também podem estar envolvidas, incluindo Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella e Enterococcus faecalis.
Essa análise especializada é essencial, especialmente diante do aumento da resistência bacteriana aos antibióticos. Isso significa que nem todos os medicamentos são eficazes para todos os agentes infecciosos, por isso, o tratamento deve ser sempre individual e com orientação médica.
Abordagem terapêutica
O controle do quadro baseia-se no uso de antibióticos, escolhidos conforme a avaliação clínica e, sempre que possível, conforme os resultados da urocultura e do antibiograma.
A duração varia entre três e sete dias se não há complicação, mas nas situações mais graves ou persistentes, o tempo de uso é ampliado ou administrado por via endovenosa (direto na veia).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, para situações com muita recorrência há uma abordagem medicamentosa que dura seis meses com uma dosagem baixa de medicamentos.
É essencial seguir a medicação até o fim, mesmo que os sintomas desapareçam antes, pois a interrupção precoce não elimina completamente as bactérias, favorecendo a volta da infecção.
A importância da prevenção no dia a dia

Evitar a recorrência da cistite passa por mudanças comportamentais e cuidados com a higiene pessoal. Entre as principais recomendações estão:
- ingestão frequente de líquidos, preferencialmente água, pois a hidratação adequada auxilia na eliminação de bactérias pela urina;
- eliminação urinária regular porque reter por longos períodos favorece a multiplicação bacteriana;
- higiene íntima adequada com sabão neutro e água abundante é essencial, assim como fazer xixi após as relações e fazer a limpeza do períneo, principalmente após evacuar ou ter contato sexual;
- uso de roupas íntimas de algodão e que permitam ventilação, bem como evitação de peças muito justas ou que retenham umidade;
- troca frequente de absorventes e preferência por produtos sem fragrância;
- não praticar penetração vaginal logo após penetração anal, devido ao risco de contaminação;
- realizar acompanhamento clínico regular, principalmente em situações de maior risco como menopausa, diabetes, uso de sonda ou em idosos acamados.
A adoção desses hábitos tem impacto direto na redução dos episódios, além de contribuir para a saúde urinária de forma mais ampla. Prevenir é uma forma eficaz, principalmente para quem já teve anteriormente ou está em grupos mais vulneráveis.
Fontes:
- Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde (BVSMS);
- BMJ Best Practice;
- Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO);
- Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS);
- Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo;
- Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo;
- Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo;
- Sociedade Brasileira de Nefrologia;
- Sociedade Brasileira de Urologia.