O ato de tossir é um mecanismo de defesa do organismo para expulsar secreções, alimentos, corpos estranhos ou microrganismos que podem estar presentes nas vias aéreas (nariz, garganta, laringe e pulmões).
Acontece em qualquer época do ano, estando frio ou não, e é um dos sintomas mais comuns relatados por quem procura por atendimento médico. Isso se dá devido à relação com uma grande variedade de diagnósticos.
Apesar de ser uma forma de defesa, a tosse pode gerar dores no peito, cansaço físico, prejudicar a realização de tarefas cotidianas e até causar constrangimentos – inclusive por ser uma das sequelas associadas à Covid-19.
Se o quadro de tosse seca se mantém por mais de 3 semanas, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), pode indicar algo mais sério e até levar a lesões no trato respiratório.
Acompanhe para saber mais detalhes e quando procurar ajuda médica.
O que é e quais são os tipos de tosse?
Sendo uma forma natural de defesa, a tosse pode ocorrer por diversos motivos e também por meio da influência de fatores externos como fumaça e poluição. Portanto, ela sempre surge após nosso organismo notar uma possível obstrução no fluxo de ar.
O hipotálamo – região do cérebro responsável pela regulação de sede, apetite e pressão arterial – é acionado e envia um comando para os nervos do aparelho respiratório, que fecham a glote (válvula da laringe).
Juntamente com um esforço muscular, um jato de ar é produzido para liberar as vias aéreas e a tosse acontece. Além disso, há diferentes tipos:
- tosse aguda: tem duração de até 3 semanas e apresenta causas relacionadas a resfriados comuns, gripes, rinite, laringite, faringite, infecções bacterianas, etc;
- tosse subaguda: acontece de 3 a 8 semanas e pode ser causada por tuberculose, coqueluche ou tosse pós-infecciosa (como no caso de sequelas da Covid-19);
- tosse crônica: dura mais de 8 semanas e está relacionada a patologias como asma, síndrome da tosse de vias aéreas superiores, bronquite eosinofílica asmática, entre outras.
Sob o aspecto clínico (e não apenas em relação ao tempo de duração) a tosse pode ser classificada de duas formas:
- tosse produtiva ou tosse com expectoração: existe uma produção de secreção nas vias aéreas ou nos brônquios e pulmões. Podem ser resultados de quadros pulmonares (como a asma, por exemplo), infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, etc), tabagismo, entre outras patologias;
- tosse não produtiva ou tosse seca: é aquela com pouco ou nenhum muco, que traz a sensação de que algo está preso na garganta e causa irritação. Normalmente é cansativa e tem maior frequência no período da noite, quando o corpo está em repouso.
Quando devo me preocupar e procurar um médico?
A preocupação com a tosse seca persistente deve estar relacionada às seguintes variáveis: frequência, duração e sintomas coexistentes. Quando ela dura por mais de 15 dias já é motivo de atenção.
Se o quadro piorar bruscamente e for acompanhado de outros sintomas como catarro espesso, presença de sangue, dificuldades para respirar ou febre é necessário procurar atendimento médico rapidamente.
Além desses fatores agravantes, atente-se caso perceba:
- emagrecimento sem causa aparente;
- obstrução nasal;
- dores musculares;
- muco com cor irregular como marrom ou marcas de sangue.
8 causas para tosse seca persistente em adultos
A tosse pode acometer qualquer pessoa, independentemente da faixa etária. No entanto, existem causas que são mais comuns a depender da idade do indivíduo.
A tosse causada por inalação de um corpo estranho é um exemplo disso, já que acontece de forma mais corriqueira em crianças e idosos. No caso dos adultos, é possível listar algumas outras motivações para a tosse seca constante, tais como:
1. Infecção de vias aéreas superiores – Gripes, resfriados, sinusites e faringites
Gripes, resfriados e alergias são os motivos mais comuns da tosse seca persistente em adultos, apesar de serem patologias diferentes.
A gripe, também conhecida pelo próprio nome do vírus – influenza -, costuma apresentar sintomas mais fortes do que de resfriados, como febre alta, dores no corpo e fraqueza. Também pode causar coriza e dor de garganta.
Segundo dados do boletim InfoGripe da Friocruz, em outubro de 2022, a influenza representou 21,4% dos casos de gripe no Brasil, com aumento na Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.
As tosses são frequentes nesses diagnósticos pois é uma forma que nosso sistema respiratório tem de tentar expulsar os vírus, fungos, partículas de poeira, fuligem ou outro material alérgico que esteja atacando as vias respiratórias.
2. Refluxo gastroesofágico
O refluxo gastroesofágico também pode causar tosse constante. Isso acontece porque o suco gástrico do estômago retorna ao esôfago e chega à laringe, provocando inflamação.
Refeições muito volumosas antes de dormir e a ingestão de alimentos mais ácidos como café, chá preto, molho de tomate e refrigerantes, por exemplo, podem aumentar os episódios de refluxo e, consequentemente, as tosses.
Quanto mais frequentes eles são, inclusive, maiores as lesões causadas na garganta. Não deixe de procurar um especialista em gastroenterologia.
3. Tuberculose
A tosse seca persistente em adultos pode ser um dos sinais da tuberculose. Esse diagnóstico é considerado grave e, se não tratado, pode levar à morte.
Ela é considerada uma patologia infecto-contagiosa e a transmissão se dá por meio da inalação (pela fala, tosse ou espirro) da bactéria Mycobacterium tuberculosis. Por afetar diretamente os pulmões pode ser bastante nociva, principalmente para pacientes com estado imunológico já debilitado.
A investigação pode ser realizada pelo pneumologista e o tratamento é feito com antibióticos. Ele é longo e pode durar cerca de 6 meses em alguns casos.
4. Pneumonia
A pneumonia é uma infecção pulmonar gerada por fungos, bactérias ou vírus que atingem os alvéolos, brônquios e outras estruturas do pulmão. A mais comum é a do tipo pneumocócica, bastante presente nos períodos de inverno.
Os sintomas podem variar, mas na maioria das vezes há febre elevada, tosse (com expectoração ou não), dificuldades respiratórias, dor no peito e também dor de cabeça.
Assim como nos casos de tuberculose, o pneumologista é o especialista indicado para realizar o diagnóstico e indicar as melhores formas de tratamento.
5. Asma
Sendo uma inflamação crônica das vias aéreas ou brônquios, a asma também é uma enfermidade respiratória que afeta e pulmões e provoca tosse. A falta de ar e a sensação de pressão no peito são comuns nesses quadros.
Embora não exista cura, o pneumologista é o profissional a ser contatado para que o paciente tenha acesso a um tratamento adequado e controle das eventuais crises.
6. Tabagismo e enfisema pulmonar
Segundo dados de 2022 da Agência Brasil, cerca de 28% dos brasileiros fumam cigarro. Isso indica que estamos acima da média de toda a América Latina e, portanto, mais propensos ao câncer de pulmão e outros tumores letais causados pelo tabagismo.
Os fumantes também têm mais chances de apresentar alguns distúrbios e a tosse seca persistente é um deles. O calor da fumaça aspirada e as substâncias químicas presentes no tabaco provocam uma constante irritação das vias aéreas.
A tosse pode piorar progressivamente para casos mais graves e levar às doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), que afetam diretamente todo o sistema respiratório, como o enfisema pulmonar, por exemplo.
7. Medicamentos
Alguns medicamentos também podem causar tosse persistente em adultos como um tipo de efeito colateral. Podemos citar, por exemplo, os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), como o captopril e o enalapril, por exemplo, utilizados para tratamento de hipertensão arterial.
8. Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca surge quando o coração fica incapacitado de bombear sangue na quantidade adequada para suprir as necessidades de todo o corpo. Apesar de estar mais atrelado ao público idoso, é uma enfermidade que pode estar presente em qualquer idade.
A tosse seca persistente acontece devido ao acúmulo de líquidos nos pulmões, provenientes da dificuldade de bombear sangue, além do cansaço físico. O cardiologista é o médico responsável por avaliar as especificidades desse tipo de quadro e indicar as melhores formas de tratamento.
Diagnóstico e tratamento
Para um diagnóstico correto e assertivo o ideal é sempre procurar um profissional de saúde qualificado. No caso da tosse seca persistente o clínico geral pode indicar os tratamentos, solicitando exames, inclusive.
Porém, caso haja necessidade de investigações mais específicas, esse especialista também poderá indicar outros profissionais especializados como o pneumologista.
Em qualquer um dos casos a anamnese deve buscar entender se a tosse está relacionada a alguma patologia comum (como gripes e resfriados) ou se ela é persistente e acontece mesmo quando não há outras condições envolvidas.
Também é importante para o médico questionar sobre características da tosse e histórico de saúde. Assim, são assuntos comuns:
- tabagismo;
- ocupação profissional;
- medicamentos de uso contínuo ou utilizados recentemente;
- doenças pré-existentes (asma, bronquite, diagnósticos cardíacos, etc.);
- momento do dia em que a tosse é mais frequente.
Essas perguntas ajudam o especialista a entender por onde começar as investigações. Os exames mais comuns em quadros desse tipo incluem:
- radiografia do tórax;
- espirometria;
- ecocardiograma.
Aliviando o desconforto
Até que a causa seja encontrada, o tratamento seja iniciado e o quadro melhore, é possível seguir algumas práticas para reduzir os incômodos causados pela tosse seca persistente. Acompanhe:
- beba bastante água para manter as vias aéreas lubrificadas.
- procure ingerir bebidas mornas. Elas costumam ajudar a acalmar a irritação da garganta.
- evite ambientes com ar-condicionado ou ventilação muito intensa.
- deixe uma toalha molhada ou bacia com água no quarto para ajudar na umidade do ar.
- mantenha a cabeça mais elevada do que o corpo na hora de dormir. Isso ajuda a evitar os acessos de tosse durante o momento de descanso.
Na dúvida, busque auxílio médico
É muito importante procurar ajuda médica sempre que você estiver sentindo algo diferente. Ainda que pareça “nada demais” é também relevante evitar a automedicação em quadros que apresentem sintomas gripais em geral.
Se você está com uma tosse seca constante ou com algum outro sintoma que inicialmente não pareça nocivo, não deixe de marcar uma consulta com os nossos especialistas pelo site do dr.consulta.
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Fontes: