Sentir o aroma de uma comida saborosa ou de um perfume novo é uma sensação muito boa e, apesar de parecer algo simples, muitas vezes não nos damos conta do quão presente o olfato é em nossas vidas.
Porém, quem sofre com a anosmia dá muito valor a esse sentido, uma vez que essa condição atrapalha a capacidade de sentir cheiros normalmente.
Os distúrbios do olfato ganharam grande importância principalmente após a pandemia da Covid-19. Isso porque um dos sintomas mais relatados por pacientes infectados pelo coronavírus foi justamente a perda olfativa.
O que muitos não sabem é que essa condição não é exclusiva da Covid-19 e pode ocorrer em diferentes situações como gripes, resfriados, alergias ou ainda ser indício de questões mais sérias.
Assim, é fundamental compreender quando buscar ajuda para investigar as causas e, se necessário, fazer tratamento médico. Saiba mais!
O que é anosmia?
A anosmia é o termo que se refere à perda completa do olfato, gerando a incapacidade temporária ou permanente de perceber odores. Essa condição pode acontecer de modo repentino ou gradual.
Sua forma temporária pode acometer pessoas de todas as idades. No entanto, a perda duradoura é mais comum entre adultos com mais de 50 anos.
Há ainda casos raros nos quais a anosmia é congênita, ou seja, a pessoa já nasce com esse estado.
Como ela afeta a qualidade de vida?
Geralmente, a perda de olfato em si não é perigosa, mas pode estar relacionada a muitas questões de saúde e impactar a qualidade de vida. Isso porque o olfato está muito relacionado ao paladar, contribuindo fortemente para a percepção dos gostos.
As papilas gustativas da língua identificam os sabores, enquanto os nervos localizados no nariz identificam os odores. Assim, ambas as sensações são transmitidas ao cérebro, que junta as informações para que os sabores possam ser reconhecidos de maneira integral.
Gostos como amargo, doce, ácido e salgado, por exemplo, podem ser reconhecidos sem a influência dos odores em alguns casos. Porém, sabores mais complexos requerem o olfato para serem identificados.
Isso significa que pessoas com anosmia podem não sentir o sabor completo dos alimentos e, assim, perder o interesse em se alimentar, levando à perda de peso, má nutrição ou mesmo à depressão.
Outros efeitos colaterais da anosmia são:
- diminuição da socialização. Como essas pessoas geralmente perdem a vontade de comer e beber, podem sair menos e se isolam, causando uma sensação de solidão;
- medo e certo constrangimento devido à preocupação com a higiene pessoal.
Existe também a preocupação com a segurança, já que a anosmia pode reduzir a capacidade da pessoa detectar o cheiro de fumaça, vazamentos de gás ou comida estragada, por exemplo.
Dessa forma, os portadores dessa condição devem tomar medidas extras para garantir que seu ambiente seja seguro.
E a hiposmia?
A hiposmia é a diminuição parcial da capacidade de sentir odores, ao contrário da anosmia, em que há a perda total do olfato.
Não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma relacionado a outras questões de saúde que precisam ser investigadas por um profissional especializado, como o otorrinolaringologista.
O que pode causar a perda do olfato?
A anosmia congênita é rara e ocorre por um distúrbio genético hereditário ou desenvolvimento anormal do sistema olfativo antes do nascimento. Infelizmente, ainda não há cura para essa forma de anosmia.
Nas demais situações, as causas podem ser divididas em condutivas e neurossensoriais, segundo a Brazilian Journal of Otorhinolaryngology.
As anosmias condutivas são geralmente acompanhadas por outros sintomas, como secreção e congestão nasal. Nesse caso, a anosmia é derivada da existência de barreiras físicas aos odores que atingem o sistema olfativo. Veja alguns exemplos:
- rinite alérgica;
- rinossinusite com ou sem pólipos nasais;
- consumo de drogas por aspiração;
- desvio de septo nasal;
- doenças sistêmicas com manifestações nasais, como a asma.
Já as anosmias neurossensoriais são aquelas em que ocorre uma falha do sistema olfativo na detecção de odores. Exemplos são os quadros de:
- distúrbios neurodegenerativos, como doença de Parkinson, doença de Alzheimer ou esclerose múltipla;
- transtornos psiquiátricos, como depressão, bipolaridade ou esquizofrenia;
- traumatismo craniano;
- tumores cerebrais;
- intoxicação por metais pesados ou solventes;
- doença cerebral estruturada, como a síndrome de Kallmann, neoplasia intracraniana ou isquemia.
Porém, para não haver preocupação desnecessária, vale destacar que o resfriado e a gripe são as doenças que mais frequentemente causam a perda total ou parcial do olfato, o qual se restabelece com a cura da infecção.
Anosmia e a Covid-19
As infecções respiratórias superiores (como as gripes) são uma das principais causas da anosmia e hiposmia. Por isso, os vírus responsáveis pela perda de olfato são inúmeros e, entre eles, estão os da família dos coronavírus.
Após evidências científicas constatadas pelo Centers of Disease Control and Prevention desde o início da pandemia de Covid-19, a anosmia ficou mundialmente reconhecida como um sintoma dessa doença.
Foi relatado que a perda do olfato nesses quadros é bastante severa e repentina no início da doença, mas transitória na maioria dos pacientes, os quais se recuperam após alguns dias.
Muitas vezes a anosmia da Covid-19 também é acompanhada da perda total de paladar. Por isso, recomenda-se a testagem para a doença em pessoas que tenham perdido o olfato ou paladar sem causa evidente.
Como saber se estou com anosmia?
O principal sintoma que define a anosmia é a incapacidade de sentir odores. Porém, em 80% dos casos, o paladar também pode ser prejudicado, já que o sabor depende, também, do olfato.
Sem sentir cheiros, a pessoa pode não distinguir um suco de limão de um vinagre, já que os dois são azedos e percebidos pela mesma região da língua, por exemplo.
Porém, na maioria das vezes, a perda olfativa é difícil de medir. Então, para chegar ao diagnóstico, o especialista pode realizar um exame físico e também ouvir as demais queixas. A anamnese pode ser orientada por perguntas como:
- Durante os últimos 12 meses, você teve algum problema com sua capacidade de sentir cheiros ou percebeu que algumas coisas não cheiram como deveriam?
- Como você classificaria sua capacidade de cheirar agora, em comparação com quando tinha 25 anos? Está melhor, piorou ou não teve mudança?
- Você às vezes sente um cheiro desagradável, ruim ou de queimado quando não há motivo para isso e ninguém perto de você sente isso?
Para fechar o diagnóstico, o médico ainda pode pedir que você identifique diferentes sabores e cheiros por meio de um teste de sensibilidade.
Dependendo das respostas e sintomas, podem ser feitos exames complementares, como:
- tomografia computadorizada;
- ressonância magnética.
Todos esses procedimentos podem ser solicitados pelo seu médico.
Existe tratamento?
O tratamento para anosmia está diretamente ligado ao tratamento da condição que está ocasionando a perda de olfato:
- Nas gripes e resfriados, descongestionantes, sprays nasais e inalações podem ser decisivos para ajudar na reversão do quadro rapidamente.
- Já na sinusite acompanhada por infecção bacteriana, por exemplo, a administração de antibióticos pode ajudar a curar a infecção.
- As alergias serão tratadas com anti-histamínicos e com a redução da exposição a fatores causadores delas.
- Se algum remédio está causando a perda do olfato, a troca do medicamento pode ser uma solução.
É muito importante lembrar que toda decisão relacionada à medicação e tratamentos deve ter o acompanhamento de um profissional da saúde.
Se você apresentar perda súbita e prolongada do olfato, agende uma consulta com um otorrinolaringologista aqui do dr.consulta e tenha ajuda de maneira rápida e segura.
Fontes:
- Brazilian Journal of Otorhinolaryngology: Pathophysiological relationship between COVID-19 and olfactory dysfunction: A systematic review
- Brazilian Journal of Otorhinolaryngology: Distúrbios da olfação: estudo retrospectivo
- Healthdirect Australia
- National Health Service UK
- Healthline
- Centros de Controle e Prevenção de Doenças
- Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein
- National Library of Medicine
- Brazilian Journal of Health Review