Como é a neuralgia do trigêmeo, doença que causa forte dor
Muitas vezes noticiada como a “pior dor do mundo”, a neuralgia do trigêmeo tem origem em um nervo que percorre o rosto e a cabeça. Na maioria dos casos, é consequência da compressão da estrutura por uma artéria deslocada.
Quem experimenta a sensação desagradável relata ataques de poucos minutos (mas que se repetem ao longo do dia), com dores que se assemelham a pontadas ou choques elétricos.
Como a neuralgia do trigêmeo surge
Toda a informação sensorial (tato e variações da temperatura) da região facial é transmitida para o cérebro por uma complexa rede de tecidos nevrálgicos. Eles ficam sob a pele e se conectam chegando até o órgão principal do sistema nervoso central (SNC).
Nesse contexto, o trigêmeo é o maior dos nervos da área e se divide em três ramificações – por isso recebe esse nome. Elas vão em direção aos olhos, às bochechas e às mandíbulas.
Quando tem um aumento de pressão, a chamada neuralgia (o nome técnico dado a qualquer dor que atinge um nervo) se manifesta. Antigamente o termo adotado era tique doloroso. A primeira explicação para isso é o estado comprimido do nervo bem na sua raiz (no centro da face) pelo deslocamento de uma artéria que ocupa um espaço próximo.
Há ainda situações em que a resposta pode ser disparada por aneurismas, tumores ou devido à progressão de um quadro de esclerose múltipla. De qualquer maneira, estima-se que cerca de 10% dos casos não têm motivo especificado, de acordo com um guia sobre o tema publicado na revista Practical Neurology.
A neuralgia do trigêmeo é relativamente rara. Na prática, isso significa que em um grupo de 100 mil pessoas, entre 4 e 30 terão tal disfunção. Por outro lado, os dados mostram que mulheres são mais suscetíveis, sendo vítimas de três episódios para cada um que ocorre com homens.
O risco parece aumentar à medida que a idade avança, sendo mais frequente após os 50 anos. Porém, tal constatação não garante que adultos mais jovens estejam imunes. Na lista dos fatores de risco estão:
- hipertensão arterial;
- histórico de alterações vasculares;
- carga hereditária e a presença de casos similares na família.
Os 3 tipos de neuralgia do trigêmeo
Cada caso é classificado justamente conforme a causa por trás da queixa. Portanto, os quadros podem ser identificados como:
- clássico, que responde pela grande parcela dos (mais de 75%) e tem relação com o incômodo ao nervo;
- secundário, quando a dor é derivada de outra condição de saúde (câncer, esclerose múltipla etc.);
- idiopático, em que não há esclarecimento do que disparou a resposta dolorosa.
Quem desconfia desse tipo de condição deve buscar um neurologista, que é o especialista capacitado para analisar o comprometimento do nervo trigêmeo:
As características dessa forte dor
Os dizem que a neuralgia é “paroxística”, indo e voltando como um choque ou uma espetada durante aproximadamente dois minutos.
Esse ciclo de dor e alívio se repete por até uma centena de vezes em 24 horas e, apesar de não existir um padrão, a dor pode ser iniciada instantaneamente a partir de movimentos simples como tocar a pele da face, mastigar, falar ou mesmo escovar os dentes.
Outro ponto relevante e que pode indicar a doença é que, quase sempre, a neuralgia do trigêmeo afeta somente um lado. Boa parte dos pacientes, inclusive, indica que o lado direito da face é mais atingido. Circunstâncias em que a dor se torna bilateral, ou seja, atinge os dois lados, são incomuns.
Junto à dor, podem surgir ainda a sensação de formigamento ou adormecimento na face que trazem a impressão de “queimação”. Por afetar uma parte importante do organismo, a condição pode comprometer a fala e a função básica de comer, por exemplo, resultando em prejuízos na qualidade de vida.
Apesar de não ser considerada frequente, esse é o tipo de condição que exige acompanhamento contínuo e multidisciplinar. Com a assinatura do Cartão dr.consulta, que é focado em benefícios em saúde, você e até mais quatro pessoas têm descontos em consultas, exames e outras exclusividades:
Diagnóstico
Para o diagnóstico correto, o neurologista consultado inicia a avaliação descartando outros quadros que podem ser responsáveis por sintomas similares, como:
- complicações odontológicas (abscessos, inflamações e sensibilidade dentária);
- alterações nos sinus (estruturas faciais por onde o ar passa depois de entrar pelo nariz, cuja inflamação explica a sinusite);
- condições que afetam as glândulas salivares;
- disfunções temporomandibulares;
- outras dores com origem neuropática (que prejudicam outros nervos);
- enxaquecas;
- tipos raros de dor de cabeça.
Exames como a tomografia do crânio, ressonância magnética do crânio ou ainda a angiorressonância magnética cerebral podem ser solicitados.
Perspectivas de melhoras com os tratamentos indicados
Para aliviar as fortes dores e demais sintomas causados por essa doença são normalmente prescritos medicamentos contínuos, utilizados em outras condições neurológicas e psiquiátricas, como os anticonvulsivantes, cujo uso é comum no tratamento de epilepsias. Determinados antidepressivos são igualmente eficientes.
O uso deve ser feito com acompanhamento profissional. Assim, é possível monitorar possíveis efeitos colaterais. A boa notícia é que essas substâncias conseguem controlar cerca de 90% dos episódios a longo prazo.
Durante as crises muito intensas, o médico pode orientar ainda a adoção de “medicamentos de resgate”, com ação mais imediata.
Alternativas cirúrgicas
Se a resposta à terapia convencional é insatisfatória, a neuralgia do trigêmeo pode ser tratada com procedimentos que interferem diretamente na estrutura do nervo, como a cirurgia para aliviar a pressão provocada pela artéria anormal.
Métodos mais modernos envolvem o emprego de ondas de radiofrequência ou radiação para provocar lesões controladas no nervo. Com isso, é esperado que ele deixe de transmitir impulsos. Possíveis efeitos adversos (como a perda de sensibilidade local) devem ser considerados antes da decisão.
Fontes:
- American Association of Neurological Surgeons;
- Biblioteca Virtual em Saúde;
- International Headache Society;
- Practical Neurology;
- Neural Regeneration Reaserch.
Meu pai vem sofrendo com “fores” “choques” na região supraorbitária direita, há algum tempo, já fomos só neuro, em minha cidade que prescreveu tratamento farmacológico com tegredol + ibuprofeno, todavia não tem resolvido muito, a cerca de um mês deu início no tratamento.há algo mais a ser feito?
Obrigado