Entenda o papel da oftalmopediatria e quando levar a criança

Desde os primeiros meses de vida, os olhos dos pequenos passam por um processo intenso de amadurecimento fundamental para o aprendizado, a socialização e a descoberta do mundo.
Nesse contexto, a oftalmopediatria (especialidade da oftalmologia voltada ao público infantil) exerce um papel imprescindível na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento de patologias oculares.
Quando levar o bebê ao oftalmologista
A primeira avaliação oftalmológica deve ocorrer ainda na maternidade, com a realização do teste do reflexo vermelho (também conhecido como “teste do olhinho”), obrigatório por lei e capaz de detectar condições como catarata congênita e retinoblastoma.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), ele deve ser realizado nas primeiras 72 horas de vida.
À medida que o bebê cresce, o acompanhamento passa a acontecer periódicamente. A SBOP, no entanto, destaca a necessidade de atenção especial quando:
- o neném não realiza contato visual nos primeiros 2 meses de vida;
- não demonstra sorriso social ou percepção das próprias mãos até 3 meses;
- não interage com brinquedos até os 6 meses;
- não reconhece rostos e/ou expressões até os 11 meses.
Diante dessas situações, é importante buscar atendimento de um oftalmopediatra para investigar se questões relacionadas à saúde dos olhos estão por trás de eventuais atrasos no desenvolvimento.
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Frequência das consultas de oftalmopediatria
Segundo recomendações da SBOP, o exame ocular completo deve ser realizado por um profissional da área entre os 6 meses e 1 ano de vida – e repetido entre os 3 e 5 anos. Após essa idade, a avaliação da acuidade visual deve ocorrer anualmente.
É crucial que os pais fiquem atentos a sinais como desvio ocular, lacrimejamento excessivo, sensibilidade à luz (fotofobia), piscar constante, coceira nos olhos ou aproximação exagerada de objetos para enxergar.
Condições oculares mais comuns na infância
Por ser uma fase ainda sensível do desenvolvimento de todas as estruturas da região, diversas enfermidades podem surgir. Quanto mais cedo forem identificadas, maiores as chances de sucesso no tratamento. Entre as mais frequentes estão:
- erros refrativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo): dificultam a visão e podem comprometer o rendimento escolar;
- estrabismo: desvio que pode afetar a percepção de profundidade e, se não tratado, levar à ambliopia;
- olho preguiçoso (ambliopia): vista reduzida em um dos olhos. É tratável na infância, mas pode se tornar irreversível se negligenciado;
- conjuntivite: inflamação de origem viral, bacteriana ou alérgica;
- catarata congênita: uma das principais causas de cegueira infantil evitável. O diagnóstico precoce é fundamental;
- glaucoma congênito: considerado raro e grave, compromete permanentemente a capacidade de enxergar sem as intervenções necessárias.
Além disso, quadros como ptose palpebral (pálpebra caída) e obstrução do canal lacrimal também podem prejudicar a saúde ocular infantil.

Perigos do uso excessivo de telas
Com o avanço da tecnologia, o tempo de exposição a telas como smartphones, tablets e televisores aumentou significativamente.
No entanto, esse hábito pode trazer sérias consequências, alerta a SBOP, como:
- pseudomiopia;
- visão dupla (diplopia);
- síndrome dos olhos secos;
- contração exagerada da musculatura responsável pelo foco visual (espasmo de acomodação);
- sono de má qualidade.
A recomendação é que crianças com menos de dois anos evitem completamente o uso de telas. A partir dessa idade, o limite diário deve ser definido conforme a faixa etária:
- entre 2 e 5 anos: no máximo 1 hora;
- entre 6 e 10 anos: 1 a 2 horas;
- entre 11 e 18 anos: 2 a 3 horas.
Outras orientações para preservar a saúde ocular infantil
Além das consultas periódicas com o oftalmopediatra, medidas simples de prevenção podem fazer grande diferença:
- estimular atividades ao ar livre e com luz natural;
- oferecer alimentação equilibrada e rica em nutrientes, como a vitamina A;
- observar sinais de dificuldade visual (como aproximação excessiva da televisão ou queixas frequentes de dor de cabeça);
- evitar que as telas fiquem muito perto dos olhos da criança;
- ajustar brilho e contraste dos aparelhos eletrônicos;
- reforçar os cuidados com brinquedos pontiagudos, uso inadequado de objetos e contato com produtos químicos, que podem causar traumas oculares.
Em conclusão, o acompanhamento profissional desde os primeiros meses de vida, a atenção a possíveis manifestações ou comportamentos e alguns cuidados cotidianos são atitudes fundamentais para garantir uma infância com mais qualidade de vida e menos riscos para a visão.
Fontes: