Recomendações para prevenir um câncer de estômago
O câncer do estômago afeta principalmente o revestimento interno do órgão responsável pela digestão. Assim como acontece com outros tumores, ele se desenvolve quando determinadas células apresentam alterações e começam a crescer de forma descontrolada.
Tal processo é lento, leva anos para se manifestar e surge a partir de uma série de elementos capazes de interferir nessa dinâmica.
Fatores envolvidos no desenvolvimento de um câncer de estômago
Aspectos como idade, etnia, histórico familiar e alterações genéticas são fatores que aumentam essa chance, mas que não são modificáveis. Ou seja, alguém com um episódio em um familiar próximo tem mais chances de ser igualmente afetado.
No entanto, alguns dos itens que elevam a probabilidade de ter essa disfunção são modificáveis por meio de escolhas conscientes no dia a dia. Isso significa que determinados aspectos estão relacionados ao estilo de vida.
Seja como for, vale ter em mente que os componentes mais preponderantes nessa equação são:
- infecção pela bactéria Helicobacter pylori (ou só H. pylori), que ocupa a parede do estômago e causa inflamação, gastrite e úlceras, que no longo prazo talvez desencadeiam lesões cancerígenas;
- consumo excessivo de carnes processadas e embutidas (como linguiças e salsichas) que têm substâncias cancerígenas na composição, além de sal em excesso;
- tabagismo, cujas toxinas também afetam a região gástrica;
- ingestão regular de álcool, responsável por irritar o revestimento estomacal;
- certas condições pré-existentes, como gastrite crônica e anemia perniciosa, modificação autoimune que interfere no aproveitamento da vitamina B12;
- exposição persistente a determinados produtos químicos ou à radiação, o que é relevante em determinadas profissões;
- sedentarismo, sobrepeso e acúmulo de gordura corporal, que favorecem processos inflamatórios no organismo.
Estima-se que a maioria dos casos se concentre após os 50 anos. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer, em 2023 foram diagnosticados 13.300 casos novos entre homens e 8.140 em mulheres. Tais números fazem do câncer gástrico o segundo mais comum no trato gastrointestinal, atrás apenas dos episódios de tumores colorretais.

O que pode ser feito para amenizar esse risco ao longo da vida
A prevenção é fortalecida por meio de algumas mudanças simples no estilo de vida. As principais recomendações incluem:
- privilegiar uma alimentação composta de ingredientes in natura, como frutas, verduras, legumes, cereais, laticínios e carnes frescas;
- reduzir a opção por alimentos ultraprocessados e embutidos;
- limitar o consumo de sal, de açúcar e de gordura;
- parar de fumar o quanto antes;
- moderar ou eliminar a ingestão de álcool;
- controlar o peso (com auxílio profissional, se necessário);
- diminuir o tempo parado, com exercícios regulares da forma que for mais cômoda e acessível;
- identificar e tratar a infecção por H. pylori. Uma vez diagnosticada, ela é eliminável por meio de antibióticos prescritos por profissionais da área médica.
Cabe ressaltar que boa parte dos seres humanos tem essa bactéria dentro do estômago, devido à transmissão que acontece entre pessoas. Ela é o único ser vivo com características que permitem que viva naquele espaço, que é extremamente ácido.
Apesar disso, para a maioria, essa não é uma questão. Todavia, em parte delas tal presença tem o potencial de despertar queixas que englobam dor, queimação e outros desconfortos. Eles normalmente estão associados a úlceras e gastrites, o que merece atenção do gastroenterologista.
Os principais sintomas desse tipo de tumor
Nas fases iniciais, o câncer do estômago frequentemente não provoca sinais específicos, o que torna sua identificação antecipada um desafio.
Quando os sinais aparecem, eles frequentemente são confundidos com outros distúrbios digestivos menos graves e eventualmente são compatíveis com uma alteração que já avançou para graus mais sérios. Devem sempre chamar a atenção:
- dor abdominal persistente, principalmente na “boca do estômago”, às vezes, com uma massa palpável na região;
- sensação de barriga cheia, mesmo com pequenas quantidades de alimentos;
- perda de apetite e redução do peso sem causa aparente;
- náuseas e vômitos ocasionais, eventualmente com traços de sangue;
- azia ou queimação, que não melhora com medicamentos usuais;
- fezes escurecidas.
Não é preciso esperar todo esse conjunto para buscar ajuda médica. Somente o profissional qualificado pode diferenciar o quadro adequadamente, confirmando a existência do tumor ou dando outra explicação para as queixas.
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Métodos de diagnóstico e tratamento para o câncer de estômago
A confirmação envolve uma série de avaliações que permitem identificar a presença, localização e estágio da lesão cancerígena. Para isso, a chamada endoscopia digestiva alta é o exame que costuma ser o recurso mais importante, permitindo visualizar diretamente o interior do órgão por meio de um cateter inserido pela boca.
Durante a endoscopia, podem ser coletadas amostras de tecido para biópsia, possibilitando a análise microscópica das células daquela região. Exames complementares, inclusive para determinar o estágio da alteração, dependem de:
- tomografia computadorizada, que avalia a extensão da condição;
- ultrassom abdominal, que verifica o comprometimento de outros órgãos;
- videolaparoscopia, em que um pequeno tubo com uma câmera na ponta é inserido por uma pequena abertura cirúrgica;
- testes de sangue, que têm a capacidade de detectar marcadores tumorais.
O tratamento varia conforme o estágio. Ele envolve cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação desses recursos. Nos casos iniciais, a remoção cirúrgica da parte afetada é relativamente eficiente.
Em estágios mais avançados, a quimioterapia é frequentemente utilizada para atenuar o tamanho do tumor antes da remoção ou para controlar a progressão quando uma retirada completa não é possível. A radioterapia pode ser empregada em situações específicas, sobretudo como complemento à intervenção cirúrgica.
O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura do câncer do estômago. Nesses cenários, a recuperação é alcançada por mais de 70% dos indivíduos com tumores localizados, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, reforçando o benefício das consultas regulares com gastroenterologistas e as recomendações preventivas.
Fontes:
[…] estômago (cárdia); […]