Cateterismo: entenda o procedimento e suas indicações

Ferramenta essencial tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de diversas condições cardíacas, o cateterismo vem desempenhando um papel fundamental na redução das estatísticas alarmantes de mortalidade. 

De acordo com o relatório Estatística Cardiovascular – Brasil 2020, a Doença Cardiovascular (DCV) tem sido a principal causa de mortalidade desde a década de 1960. Além disso, cerca de 45% de todas as mortes por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no mundo, o que representa aproximadamente 17 milhões, são causadas por DCV. 

No Brasil, a situação é semelhante, com 72% das mortes resultando de DCNT, sendo 30% devidas a DCV. Por isso, neste conteúdo é possível encontrar informações valiosas sobre esse procedimento médico responsável por melhorar a qualidade de vida dos das pessoas com condições cardiovasculares. 

O que é o cateterismo? 

É uma técnica minimamente invasiva que permite o acesso a áreas específicas do coração e dos vasos sanguíneos para obter informações detalhadas e, se necessário, realizar intervenções terapêuticas.

O cateterismo consiste na inserção de um cateter – um tubo fino e flexível – em um vaso sanguíneo, geralmente via virilha, braço ou pescoço, que vai então até o coração ou outras áreas do corpo. 

Como o procedimento é feito?

Antes de iniciar o cateterismo, a pessoa recebe uma anestesia no local da inserção do cateter. Em alguns casos, também é administrada uma sedação leve para garantir o conforto do indivíduo.

1. Preparação e inserção 

O local de entrada é limpo e esterilizado. Então, o médico faz um pequeno corte para acessar a artéria ou veia, inserindo o cateter cuidadosamente e guiando-o até o coração utilizando imagens de raio-x.

2. Monitoramento e diagnóstico

Durante o procedimento, o médico pode injetar um meio de contraste através do cateter para visualizar as artérias coronárias e verificar o fluxo sanguíneo, pois isso ajuda a identificar obstruções ou outras anomalias.

3. Intervenções terapêuticas

Por fim, se necessário, o cateter pode ser utilizado para realizar procedimentos como a angioplastia, que desobstrui artérias coronárias estreitadas ou bloqueadas, ou a colocação de stents para manter as artérias abertas.

Quando o cateterismo é necessário?

Diversas situações clínicas podem exigir a realização desse procedimento para obter um diagnóstico preciso ou realizar uma intervenção necessária, por exemplo:

Aterosclerose

Caracterizada pelo acúmulo gradual de materiais gordurosos e outras substâncias nas artérias. Então, o cateterismo ajuda a identificar e tratar essas obstruções, promovendo um fluxo sanguíneo mais livre.

Cardiomiopatia

Envolve o aumento do coração devido ao espessamento ou enfraquecimento do músculo cardíaco. O procedimento permite avaliar a gravidade dessa condição, bem como planejar o tratamento adequado.

Doença cardíaca congênita

Alterações congênitas do coração, como a comunicação interventricular (buraco na parede entre os dois ventrículos), podem receber diagnóstico e, às vezes, tratamento por meio do cateterismo. 

Essas alterações surgem durante o desenvolvimento do bebê na barriga e podem afetar o fluxo sanguíneo normal dentro do coração.

Insuficiência cardíaca

Ocorre quando o músculo cardíaco se torna fraco demais para bombear o sangue de maneira eficiente, causando acúmulo de fluidos nos vasos sanguíneos e pulmões, bem como inchaço em várias partes do corpo.

Doença das válvulas cardíacas

Condições que podem afetar o fluxo sanguíneo dentro do coração, são diagnosticados com precisão por meio do cateterismo, permitindo assim, que o médico determine o tratamento mais adequado.

Rejeição após transplante cardíaco

Após um transplante de coração, o cateterismo com biópsia monitora a rejeição do órgão transplantado precocemente, permitindo assim ajustar a medicação para prevenir complicações.

Existem outras razões pelas quais um médico pode recomendar o cateterismo. Por exemplo, para obter informações detalhadas sobre a estrutura e função do coração, ou para realizar procedimentos terapêuticos que podem aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa.

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Como se preparar para um exame de cateterismo

Os momentos antes da intervenção envolvem algumas etapas importantes, por exemplo:

Consultas médicas e exames pré-procedimento

É essencial realizar uma consulta médica para discutir o histórico de saúde e os medicamentos em uso. Além disso, exames de sangue, eletrocardiograma (ECG) e outros testes de imagem podem ser solicitados.

Este é também o momento mais adequado para esclarecer dúvidas, questionar benefícios e riscos envolvidos, bem como receber orientações sobre o preparo necessário. 

Uma consulta com um profissional de saúde qualificado, garante que você receba um diagnóstico preciso e um tratamento personalizado, assegurando os melhores cuidados para o seu coração.

Instruções pré-procedimento

O indivíduo deve seguir as orientações do médico, que podem incluir jejum de algumas horas antes do procedimento, bem como ajuste em algumas medicações, especialmente se estiver tomando anticoagulantes.

Planejamento do pós-procedimento

No retorno para casa e no período de recuperação, é fundamental repousar e evitar dirigir, bem como não realizar atividades pesadas e cansativas por alguns dias. Afinal de contas, o cateterismo é uma pequena cirurgia. 

Em caso de qualquer sintoma incomum, por exemplo, febre, dor, pressão no peito, náusea, vômito e tontura, entre em contato com a equipe do hospital onde o procedimento foi realizado para receber instruções do que fazer. 

Riscos para saúde ao realizar exame de cateterismo

Embora o cateterismo cardíaco seja um procedimento médico seguro e amplamente utilizado, como qualquer outro, ele não isenta a pessoa de alguns riscos. 

É essencial estar ciente, mas também entender que, em muitos casos, os benefícios superam as possíveis complicações:

• sangramento ou hematomas no local de inserção do cateter;
• dor no local do corte;
• coágulo de sangue ou danos ao vaso sanguíneo;
• infecção no local de entrada do cateter;
• alterações temporárias de ritmo cardíaco;
• danos aos rins devido ao contraste utilizado no procedimento.

Lembre-se de que é fundamental informar seu médico se estiver grávida ou suspeitar de gravidez, pois há risco de lesão ao bebê devido à exposição à radiação durante o cateterismo. Além disso, deixe claro também se estiver amamentando.

Há também a possibilidade de reação alérgica ao contraste utilizado durante o procedimento. Por isso, deixe os profissionais de saúde cientes se você tiver alguma sensibilidade a medicamentos, corantes de contraste, iodo ou látex.

Fontes:

• Serviços e Informações do Brasil;
• Saúde Naval. Marinha do Brasil;
• Arquivos Brasileiros de Cardiologia;
• Johns Hopkins Medicine;
• NIH;
• NHS.