Válvula mitral e suas condições mais comuns

Localizada entre o átrio esquerdo (câmara superior) e o ventrículo esquerdo (câmara inferior), a válvula mitral é uma das quatro estruturas responsáveis por organizar o fluxo sanguíneo dentro do coração.
Sua principal função é permitir a passagem do sangue rico em oxigênio que vem dos pulmões, impedindo que ele retorne ao átrio após ser impulsionado para o corpo.
Condições que envolvem essa estrutura afetam diretamente o desempenho circulatório. Embora algumas alterações sejam leves e não exijam intervenção imediata, outras demandam monitoramento frequente, uso de medicamentos ou até cirurgia.
Quando a válvula mitral não funciona como deveria
A anatomia dessa estrutura envolve dois folhetos (ou cúspides) finos e flexíveis, presos por “cordões” ao músculo cardíaco. Eles se abrem e fecham a cada batimento, como portas automáticas, controlando assim, a direção do fluxo sanguíneo.
Quando há variações, as chamadas valvulopatias, o mecanismo de abertura ou fechamento se torna ineficiente, o que interfere na dinâmica da circulação.
Diversos elementos comprometem o seu funcionamento, por exemplo:
- alterações congênitas (ou seja, presentes desde o nascimento);
- mudanças relacionadas ao envelhecimento;
- inflamações cardíacas, como a endocardite;
- infarto do miocárdio;
- disfunções genéticas do colágeno, como na síndrome de Marfan;
- tratamentos com radiação no tórax.
Nesse contexto, o acompanhamento regular permite identificar fatores de risco precocemente, bem como orientar sobre medidas de prevenção, nesses casos.
Principais condições associadas à válvula mitral
As três mais comuns que afetam o desempenho dela são: prolapso, regurgitação e estenose.
Prolapso da válvula mitral (PVM)
Essa é a condição valvar mais frequente, que também é conhecida como síndrome de Barlow.
Ela se caracteriza por uma alteração estrutural em que um ou ambos os folhetos se projetam para dentro do átrio esquerdo durante a contração do coração. Essa movimentação anormal leva ao refluxo de sangue, embora, na maioria das vezes, seja leve e sem repercussões significativas.
Estima-se que o PVM esteja presente em cerca de 5% a 10% da população mundial, conforme explica a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Em muitos casos, o diagnóstico ocorre durante uma consulta de rotina, quando o profissional de saúde identifica um som cardíaco característico, como um “click”.
Manifestações clínicas
Grande parte das pessoas não apresenta sintomas, mas quando há, os mais frequentes incluem:
- sensação de batimentos irregulares (palpitações);
- cansaço excessivo;
- dor torácica não relacionada a esforço;
- sensações de ansiedade ou episódios de pânico;
- tontura ou desmaios.
Esses sinais estão frequentemente relacionados ao funcionamento do sistema nervoso e não necessariamente à gravidade da falha valvar.
Regurgitação mitral
Nessa situação o sangue retorna ao átrio, pois os folhetos não conseguem se fechar completamente, permitindo que parte do líquido retorne em vez de seguir para o corpo. Essa falha ou ocorre isoladamente, ou é consequência de um prolapso mais avançado.
Conforme o volume de refluxo aumenta, o átrio e o ventrículo esquerdos se dilatam, sobrecarregando o coração. Essa condição está associada à redução da capacidade física, sensação de falta de ar e, em casos mais avançados, insuficiência cardíaca.
Estenose mitral
Nesse quadro, o estreitamento impede a passagem eficiente do sangue entre o átrio e o ventrículo. Esse estreitamento geralmente resulta de inflamações antigas, como a febre reumática, ou de processos degenerativos que surgem com o avanço da idade.
A obstrução ao fluxo sanguíneo leva a um aumento da pressão no interior do órgão cardíaco e nos pulmões, gerando desconforto respiratório, cansaço, inchaço e ritmo irregular (fibrilação atrial).
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Como identificar alterações na válvula mitral?
A ausculta cardíaca com estetoscópio revela sons anormais indicativos de disfunção valvar. Mas outros testes complementares ajudam, sendo eles:
- eletrocardiograma (ECG): avalia a atividade elétrica do coração;
- holter 24h: registra os batimentos durante um dia inteiro;
- teste ergométrico: identifica comprometimentos que surgem com o esforço;
- ressonância magnética cardíaca: utilizada em casos mais complexos;
- cateterismo: avalia detalhadamente a dinâmica cardíaca e das artérias.
No entanto, o exame ideal que confirma o diagnóstico e permite avaliar a gravidade da alteração é o ecocardiograma, que utiliza ultrassom para visualizar as estruturas cardíacas em tempo real.
Caminhos para o cuidado com a saúde do coração
A maioria dos quadros leves não requer intervenções. Nestes casos, o acompanhamento periódico com cardiologista, para a realização de check-ups, é suficiente. No entanto, quando há regurgitação significativa, sintomas importantes ou risco de complicações, uma abordagem terapêutica é indicada.
As práticas mais utilizadas incluem:
- uso de medicamentos para controlar a pressão arterial, o ritmo cardíaco ou evitar coágulos (por exemplo, anticoagulantes);
- reparos cirúrgicos, uma vez que preservam parte da estrutura original;
- substituição, com implante biológico (de origem animal ou humana) ou mecânico (material sintético).
Pacientes com próteses valvares ou com deformações estruturais significativas geralmente seguem recomendações específicas antes de procedimentos médicos ou odontológicos, para evitar infecções.
Mesmo diante de condições estruturais da válvula mitral, muitas pessoas mantêm boa qualidade de vida com ajustes simples no dia a dia. Isso inclui práticas como atividade física supervisionada, alimentação equilibrada, manejo do estresse e cumprimento do plano de cuidados prescrito.
Fontes: