Informações essenciais sobre o diabetes mellitus tipo 2

Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é o nome dado à forma mais comum desse distúrbio metabólico associado à elevação da concentração de açúcar.
Ela é responsável por cerca de 90% dos diagnósticos (contra menos de 10% do tipo 1). Levando em conta que quase 20 milhões de brasileiros convivem com o diabetes, de acordo com as autoridades de saúde pública, é possível estimar o tamanho do impacto dessa condição.
O processo de desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2
Os alimentos ingeridos nas refeições permitem ao corpo funcionar adequadamente. Para isso, itens compostos por açúcares e carboidratos (frutas, pães, massas, batatas etc.) são convertidos em glicose rapidamente. Essa, por sua vez, fica disponível de modo bem mais fácil como combustível celular.
Portanto, depois da ingestão alimentar, é normal que a glicemia (ou seja, o nível de açúcar) na corrente sanguínea aumente. Nesse ponto, um hormônio chamado insulina entra em ação. Ele é produzido pelo pâncreas, que fica próximo ao estômago.
Quando cai na corrente sanguínea, ele sinaliza para todas as células que existe açúcar para ser “digerido”. A partir disso, elas começam a “queimar” essa fonte energética.
Na maioria das pessoas, esse mecanismo segue por toda a vida. No entanto, em uma minoria, uma alteração muito lenta começa a se fazer presente a partir de determinado momento: a resistência insulínica.
Na prática, o pâncreas continua a produzir a insulina, mas o organismo não consegue aproveitá-la. Por consequência, o açúcar não é metabolizado. Posteriormente, o prejuízo da função pancreática interrompe inteiramente a liberação hormonal.
No fim, há um reflexo significativo: torna-se um desafio manter o nível glicêmico adequado. Com ele muito elevado, diversos órgãos e sistemas passam a falhar, gerando o que se chama de diabetes mellitus tipo 2.
Entenda o que indica o termo mellitus
Como acontece com várias outras condições de saúde, a explicação para o uso do termo vem de idiomas estrangeiros, muitos não utilizados mais.
Assim sendo, o “mellitus” faz referência a “mel” em latim. A razão é simples (ainda que um pouco estranha): mesmo sem saber exatamente o que era o diabetes, os médicos da antiguidade percebiam que determinados indivíduos com a saúde debilitada tinham a urina adocicada.
Isso é consequência do esforço extra que os rins assumem para tentar compensar a disfunção. Eles passam a eliminar o excesso de açúcar com a água descartada a cada ida ao banheiro.
Inclusive, a palavra “diabetes” também destaca esse fenômeno. Ela tem origem no grego e é traduzível como “sifão” ou “passar através”.
Na prática, ela foi escolhida devido a um sintoma relativamente comum entre os diabéticos: a vontade constante de urinar. Ao fazer tanto xixi, é como se a água passasse direto, em grande volume.
Principais fatores de risco para esse quadro crônico
Em parte, o diabetes mellitus tipo 2 tem caráter hereditário. Quem tem parentes próximos (pais, avós etc.) diagnosticados tem uma chance maior de desenvolvê-lo em algum ponto da vida. A idade é outro elemento relevante, já que ela é mais frequente quando se ultrapassa os 40 anos.
Mas parcela do seu surgimento está associado a persistência de aspectos individuais, incluindo:
- sobrepeso e obesidade;
- comportamento sedentário, sem inserir na rotina algum tipo de atividade física;
- colesterol desregulado;
- pressão alta;
- tabagismo;
- gestantes com episódios de diabetes gestacional, que pode evoluir para o diabetes tipo 2.

A perspectiva positiva da ciência em torno desses componentes de risco é que modificações no estilo de vida são capazes de reduzir a probabilidade de ter DM2.
Por isso, investir em uma dieta saudável, na prática, regular de exercícios físicos e no monitoramento do peso, do colesterol e da pressão alta faz a diferença.
O acompanhamento contínuo nesse e em outros cenários é fundamental. Assim, o Cartão dr.consulta ajuda nesse processo, oferecendo acesso a diferentes exames e especialidades médicas com preços diferenciados que possibilitam a atenção integral.
Além disso, com o programa Viva Bem, há o suporte com um time multidisciplinar para tirar dúvidas e fornecer orientações específicas nessa jornada de cuidado.
Os sintomas do DM2
A progressão do desequilíbrio é bastante vagarosa. É provável que uma pessoa conviva anos com ele sem que qualquer desconforto venha a ser notado. Eventualmente, ele se acentua e surgem sinais que incluem:
- fome e sede constantes;
- desejo permanente de urinar;
- perda de peso inexplicável;
- redução de sensibilidade e formigamento nos pés e nas mãos;
- infecções recorrentes (no trato urinário, na pele etc.);
- vista embaçada;
- dificuldade de cicatrização de cortes e de feridas.
Certos sintomas são muitas vezes já desdobramento do avanço da condição, bem como de suas complicações mais comuns.
Em algumas circunstâncias, as primeiras manifestações do diabetes tipo 2 aparecem em um episódio de descompensação aguda da glicemia, tanto para cima (hiperglicemia) quanto para baixo (hipoglicemia).
Não raro, ambos os cenários desencadeiam emergências (como nos casos de cetoacidose diabética e de síndrome hiperosmolar hiperglicêmica).
Pré-diabetes e diabetes tipo 2
A evolução do quadro pode atravessar um estágio intermediário antes do diagnóstico definitivo.
É o que os especialistas chamam de pré-diabetes. Ele compreende um estado em que há um desbalanço glicêmico, mas que não é suficiente para caracterizar o diabetes tipo 2. Tal ponto é constatado por meio de exames de sangue que apontam o desbalanço.
A Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que a suspeita deve ser levantada sempre que houver um teste de glicemia em jejum marcando entre 100 e 125 mg/dL, dependendo de confirmação posterior com apoio de outros procedimentos.
Uma vez identificado, o pré-diabetes é reversível em parte dos casos. Para tanto, é indispensável repensar a alimentação, reduzir o tempo parado e controlar colesterol e pressão arterial. Com o devido acompanhamento e indicação, medicamentos são um complemento valioso.
As avaliações necessárias para o diagnóstico
Diante das disfunções que sugiram o diabetes tipo 2, a recomendação é buscar ajuda qualificada. Um clínico geral está capacitado a fazer uma abordagem inicial, mas o endocrinologista é o especialista da área.
Com os resultados dos testes laboratoriais em mãos, o profissional responsável pela solicitação considera os seguintes patamares de referência:
- glicemia em jejum, medida depois de pelo menos oito horas sem comer, com valores iguais ou superiores a 126 mg/dL;
- teste oral de tolerância à glicose, em que há ingestão de uma substância açucarada seguida de intervalo e, por fim, a coleta de sangue, com números acima de 200 mg/dL vistos como suspeitos;
- hemoglobina glicada (HbA1c), responsável por calcular a média dos marcadores de glicose nos últimos três meses, com indicador ultrapassando 6,5% sendo sugestivo do diabetes.
A medição pode se dar ao acaso, principalmente se houver indícios de crises de hiperglicemia. Nesse cenário, níveis superando 200 mg/dL, conjuntamente aos desconfortos citados, indicam um eventual diagnóstico.
Apesar de a atenção aos sintomas ser importante, não é indicado esperar para compreender melhor a quantas anda esse aspecto da própria saúde.
Inclusive, as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) orientam que adultos após os 35 anos façam os devidos exames mesmo sem desconfiança anterior.
A faixa etária será menor sempre que houver a identificação prévia de determinados fatores de risco (histórico familiar, obesidade etc.).
As opções de tratamento mais utilizadas
O diagnóstico precoce facilita o controle mediante várias abordagens combinadas, prevenindo suas intercorrências (que vão desde prejuízos à visão e ao funcionamento dos rins até amputações de membros).
Diferente do tipo 1, em que a terapia insulínica é mais comum, no tipo 2 os medicamentos de uso oral tendem a ser escolhas do médico em um primeiro momento. Existem diversas alternativas de remédios, que buscam corrigir o modo como o corpo aproveita a substância produzida pelo pâncreas.
A depender das perspectivas do quadro, futuramente as aplicações do hormônio são indicadas. Independente disso, as recomendações de mudança no estilo de vida (dieta, exercícios, entre outras práticas) e o acompanhamento médico para entender a resposta da glicemia aos tratamentos são indispensáveis.
O diabetes mellitus tipo 2 não tem cura, mas o devido cuidado contribui muito com a prevenção do agravamento e com a manutenção de uma boa qualidade de vida por muitos anos.
Fontes: