A discussão consciente acerca da relação entre saúde mental e vida profissional ainda enfrenta resistência em muitos contextos, destaca a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, essa pauta é cada vez mais urgente e indispensável.
Um relatório elaborado pela própria entidade de saúde estima que cerca de 15% da população mundial em idade ativa (15 a 60 anos) vivenciam algum tipo de transtorno mental. Isso apenas reforça a necessidade de entender como trabalho e qualidade de vida estão relacionados e promover mudanças nos espaços laborais.
Como o âmbito profissional afeta a saúde mental
Embora possa representar tanto uma fonte de realização pessoal, a relação com o trabalho pode ser um fator de risco para a saúde mental.
Situações como pressão excessiva por resultados, longas jornadas, falta de suporte gerencial, ambientes tóxicos e violência psicológica (como o assédio moral) estão entre as principais causas de estresse.
Além disso, a insegurança no emprego e salários insuficientes para atender às necessidades básicas amplificam a ansiedade, criando um ciclo de preocupação constante.
Esses fatores impactam diretamente na produtividade, nas relações interpessoais e na saúde como um todo.
De olho na síndrome de burnout
Reconhecida pela OMS como um fenômeno diretamente relacionado ao trabalho, a condição tem gerado grande preocupação devido ao repentino aumento de casos.
No Brasil, os afastamentos por esgotamento físico e mental quadruplicaram entre 2020 e 2023, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esse crescimento coincide com a pandemia recente de COVID-19, que intensificou o impacto psicológico na população trabalhadora.
Porém, o burnout é causado, entre outros motivos, pelo excesso de demandas, pressão e responsabilidades constantes.
Isso leva a pessoa a apresentar sinais de exaustão extrema, estresse e esgotamento. Consequentemente, sua produtividade diminui e os prejuízos na produtividade e na vida pessoal aumentam.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas físicos incluem:
- cansaço excessivo (físico e mental);
- dor de cabeça frequente e na musculatura;
- alterações no apetite e no humor;
- dificuldade para dormir (insônia) e de concentração;
- sentimento constante de fracasso, insegurança, derrota, desesperança e incompetência;
- pensamentos negativos;
- isolamento social;
- pressão alta e alterações nos batimentos cardíacos;
- disfunções gastrointestinais.
Quando não tratada corretamente, a síndrome de burnout pode desencadear uma depressão, informa o Ministério da Saúde. Por isso, o acompanhamento de um psiquiatra ou psicólogo é essencial para identificar as causas e propor estratégias de tratamento.
Com o Cartão dr.consulta, é possível acessar diferentes exames e especialidades médicas, além de suporte e orientações por meio dos diferentes programas das Linhas de Cuidado que contribuem para o bem-estar do paciente.
Como conciliar trabalho e qualidade de vida
Como visto, o equilíbrio entre o bem-estar e as atividades laborais é um desafio crescente. Para evitar que as responsabilidades profissionais invadam o espaço pessoal, a OMS e o Ministério da Saúde recomendam:
1. Definir horários fixos
Ter uma hora para começar e outra para encerrar as atividades ajuda a manter uma rotina e organizar as tarefas – tanto as relacionadas às atividades laborais quanto às da vida pessoal.
2. Manter um ambiente adequado para trabalhar
Escolher um local tranquilo, iluminado, confortável e separado do restante da casa traz estabilidade para as tarefas e faz com que o cérebro desvincule fisicamente o espaço profissional do pessoal – especialmente para quem atua no modelo home office ou híbrido.
3. Desconectar-se
É importante evitar o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores nos momentos de descanso. Tentar não ler ou responder mensagens e e-mails corporativos fora do horário de expediente também contribui para que o cérebro relaxe.
4. Reservar momentos para o lazer
Dedicar-se a hobbies (leitura, esportes, culinária ou artesanato), ao lazer e a interações sociais fora do trabalho ajuda a aliviar o estresse e promove o equilíbrio emocional.
5. Adotar uma alimentação saudável
Incluir frutas, legumes, verduras e grãos integrais à dieta do dia a dia e evitar o consumo de ultraprocessados. Assim, o cardápio permanece rico em nutrientes essenciais para o funcionamento do corpo.
6. Priorizar o sono
Dormir entre sete e oito horas por noite melhora o humor, aumenta a concentração e reduz o risco de problemas emocionais.
7. Praticar exercícios físicos regularmente
Atividades como caminhada, yoga ou musculação liberam endorfina, um hormônio que ajuda a reduzir o estresse e melhora a disposição.
8. Estabelecer metas realistas
Reconhecer o que é possível de entregar (ou não) é essencial para que as entregas sejam prazerosas e a pressão diminua. Para isso, é importante conversar com a liderança, alinhar expectativas e ajustar prazos, se necessário.
9. Desenvolver inteligência emocional
Aprender a gerenciar emoções para lidar com situações desafiadoras é uma habilidade valiosa que ajuda a evitar conflitos e aumentar a resiliência.
10. Estimular um ambiente acolhedor
Principalmente se a pessoa está em uma posição de liderança, é válido incentivar um ambiente saudável e colaborativo, onde todos se sintam à vontade para expressar suas preocupações.
11. Buscar apoio profissional quando necessário
Sempre que houver sinais de sofrimento emocional ou dificuldades em conciliar as responsabilidades, o recomendado é procurar ajuda especializada para que o quadro não se agrave.
Por fim, é importante salientar que manter a qualidade de vida e as entregas no trabalho é um esforço contínuo, exigindo atenção tanto dos colaboradores quanto das empresas.
Com pequenas mudanças na rotina e o suporte adequado, é possível promover um ambiente mais saudável e produtivo para todos.
Fontes: