Gastrectomia pode ser parcial ou total. Veja as indicações

Um recurso fundamental para o tratamento de algumas condições que atingem o estômago é a gastrectomia, ou seja, a cirurgia para remoção parcial ou total deste órgão.
Ao longo das últimas décadas, avanços na oncologia, técnicas cirúrgicas e práticas multidisciplinares aprimoraram os resultados desse procedimento, tornando-o não só mais seguro, mas também com perspectivas de reabilitação mais claras.
Indicações da gastrectomia
Essa intervenção não é um procedimento de rotina e costuma ter indicação em diagnósticos que comprometem significativamente o funcionamento do estômago ou colocam em risco a vida da pessoa.
Entre as situações mais frequentes estão:
- tumores malignos (câncer gástrico);
- algumas condições graves relacionadas à obesidade;
- casos específicos de úlceras perfuradas ou resistentes ao tratamento clínico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), ela pode ter finalidade curativa (quando a retirada do tumor e dos linfonodos associados oferece perspectiva de remissão), ou paliativa (quando a intenção é aliviar sintomas como sangramentos ou obstruções causados por uma lesão avançada).
O Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) também aponta que, em determinados casos, a gastrectomia é usada como técnica bariátrica (para emagrecimento). Embora esse tipo específico (chamado de sleeve) siga protocolos diferentes e seja planejado para tratar o excesso de peso e suas consequências.
Dessa forma, contar com um suporte adequado faz toda a diferença. O Cartão dr.consulta oferece programas personalizados com acompanhamento contínuo, acesso a especialistas e a exames, bem como orientação para cada etapa da jornada de saúde.
Esse recurso promove conveniência e mais segurança no cuidado, com atendimento humanizado e direcionado.

Tipos de gastrectomia
A escolha entre uma técnica ou outra depende da localização e da extensão da condição que precisa de tratamento, bem como das características do paciente. Segundo informações do CBCD e da Associação Brasileira de Câncer Gástrico (ABCG), as opções mais comuns são:
Subtotal ou parcial
Quando apenas uma parte precisa ser removida, geralmente a porção inferior, para eliminar a área comprometida. Nesse caso, o restante é conectado ao intestino delgado para restabelecer o trânsito alimentar.
Total
Indicada quando o tumor está centralizado ou envolve uma grande extensão. Nessa situação, retira-se o estômago inteiro e o esôfago se conecta diretamente ao intestino delgado.

Vertical (sleeve)
Usada em contextos de controle de peso. Envolve a retirada de uma grande parte do órgão, mantendo apenas um tubo estreito para limitar a ingestão de alimentos.
Ressecção endoscópica
Indicada apenas em estágios iniciais, quando o tumor está restrito à camada superficial. É menos invasiva e preserva o órgão, mas não é viável para a maioria dos diagnósticos por serem descobertos em fases mais avançadas.
É importante destacar que apenas durante uma consulta com um especialista é possível definir corretamente o tipo de gastrectomia para cada caso.
Considerações cirúrgicas
Encarar uma cirurgia como essa envolve desafios e dúvidas naturais, mas entender como ela funciona torna esse caminho mais tranquilo e confiante.
Pré-operatório
O preparo para a gastrectomia é tão importante quanto a própria operação.
Por isso, a equipe médica solicita exames laboratoriais, cardiológicos e de imagem para avaliar a viabilidade da intervenção, como:
- hemograma – envolve o estudo dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e outros componentes sanguíneos;
- coagulograma – avalia o processo de coagulação sanguínea, o que é essencial para evitar sangramentos excessivos ou formar coágulos que causem danos;
- eletrocardiograma – verifica a atividade elétrica do coração, o que permite a avaliação do ritmo cardíaco;
- ecocardiograma – espécie de ultrassonografia do coração que possibilita avaliar a estrutura e funcionamento do órgão;
- endoscopia digestiva alta – permite visualizar o esôfago, o estômago e parte do intestino (duodeno);
- tomografia – usa uma sequência de raios-X para criar imagens detalhadas do órgão e/ou estrutura do corpo que está em análise no exame.
- ou ressonância magnética – cria imagens detalhadas no interior do corpo por meio de campos magnéticos e ondas de rádio.
Além disso, é fundamental um acompanhamento nutricional prévio, já que muitas pessoas já chegam ao diagnóstico com perda de peso acentuada.
Conforme destacado pelo CBCD, em casos de obesidade, também é realizada uma avaliação psicológica para preparar o paciente para as mudanças físicas e comportamentais que virão.
A recomendação é suspender o uso de tabaco e de álcool semanas antes da operação, pois esses hábitos dificultam a recuperação.
Pós-operatório
A recuperação varia de acordo com a extensão do procedimento e com as condições clínicas do paciente. Mas, em geral, para gastrectomias parciais, a internação dura entre 2 e 5 dias; para totais, entre 5 e 10 dias, segundo a ABCG.
Nos primeiros dias, a alimentação é feita por sondas com líquidos ou nutrientes diretamente na veia, até a avaliação das suturas. Depois, começa a introdução de comidas pastosas, evoluindo gradativamente para uma dieta sólida.
Um nutricionista especializado é essencial para orientar a alimentação, evitando carências nutricionais, perda excessiva de peso e episódios de dumping syndrome (aceleração do trânsito dos alimentos para o intestino, com sintomas como tontura e diarreia).
Após a alta, consultas periódicas com o gastroenterologista são indispensáveis para o acompanhamento clínico e para a detecção de eventuais complicações ou recidivas.
Complicações que merecem atenção
Toda operação envolve riscos, e a gastrectomia não é diferente. Por isso, é preciso atenção a sinais de infecção, dificuldade para engolir, refluxo ácido intenso e dores abdominais.
Os profissionais da saúde orientam como identificar esses sinais e quando buscar ajuda imediata. Por isso, manter contato próximo com a equipe médica é uma recomendação central para a boa evolução.

O impacto da gastrectomia na qualidade de vida
Apesar de haver adaptações necessárias, a maioria dos pacientes retoma suas atividades cotidianas ao longo dos meses. Mudanças nos hábitos alimentares, ingestão fracionada dos alimentos e suplementação vitamínica são medidas que mantêm a qualidade de vida após a cirurgia.
Além disso, o trabalho multidisciplinar, envolvendo cirurgião oncológico, nutricionista e psicólogo, contribui para que o paciente se adapte melhor ao novo funcionamento do sistema digestivo e recupere seu equilíbrio físico e emocional.
A jornada de quem passa por um procedimento como esse exige coragem e paciência, mas também oferece a possibilidade de recomeçar com mais saúde.
Fontes: