Uma noite bem dormida é algo muito importante para manter o organismo funcionando de maneira adequada. No entanto, dormir bem nem sempre é uma realidade. Segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 70% da população brasileira tem algum distúrbio relacionado ao sono.
Nesse sentido, a medicina do sono surge como uma especialidade que desempenha um papel fundamental no diagnóstico e tratamento desses quadros.
Ao longo deste conteúdo, abordaremos de que maneira as alterações no descanso podem ser prejudiciais e como essa área médica pode oferecer alternativas para tratá-las de forma significativa.
De onde surgiram os distúrbios do sono e como afetam a vida das pessoas?
Os distúrbios do sono são condições capazes de influenciar a qualidade do mesmo, prejudicando os momentos dedicados ao repouso e impossibilitando a quantidade necessária de descanso.
Além da predisposição genética, o estresse pode ser um fator responsável. No entanto, segundo pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) o surgimento da luz artificial e o avanço tecnológico também são razões plausíveis para o aparecimento dessas doenças.
De situações pontuais a patologias crônicas, os principais desses distúrbios no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), são:
- insônia;
- apneia obstrutiva;
- síndrome das pernas inquietas;
- paralisia do sono;
- bruxismo;
- narcolepsia;
- sonambulismo.
Apesar de estarem presentes em adultos e crianças de diferentes idades e gêneros, pesquisas de 2022 mostram que eles são mais comuns em mulheres. As oscilações hormonais e as questões sociais podem estar relacionadas com esse cenário.
Além disso, pessoas que têm certas profissões, como médicos, enfermeiros, juízes, pilotos de avião e motoristas, também tendem a ter mais interferências, isso por conta da alta carga de trabalho em horários não convencionais.
Nesse sentido, a higiene do sono, conjunto de diferentes práticas para mudar ou organizar os hábitos atrelados ao ato de dormir, tem se mostrado um bom método para evitar o surgimento ou agravamento desses quadros.
O que é a medicina do sono, então?
A medicina do sono é uma área de atuação ainda pouco conhecida e nova, que se dedica ao estudo, diagnóstico e tratamento dos transtornos relativos ao momento de descanso.
Quando as noites mal dormidas passam a ser frequentes, é necessário que um profissional especializado em medicina do sono seja procurado, uma vez que essa situação pode trazer impactos negativos na rotina.
Como funciona exatamente?
Por meio da realização de exames diagnósticos e tratamentos pensados para aliviar sintomas e recuperar a qualidade do repouso é que a medicina do sono pode ajudar os pacientes.
Alguns dos sintomas que podem ser consultados com os profissionais que exercem essa especialidade são:
- ronco alto e pausas na respiração durante o sono;
- sonolência excessiva ao longo do dia;
- dificuldade em adormecer ou acordar muito cedo pela manhã;
- sensação de sufocamento ou falta de ar ao dormir;
- movimentos involuntários ou formigamento e desconforto nas pernas à noite;
- pesadelos;
- sensação de cansaço mesmo após um período prolongado de repouso;
- dificuldade em manter a concentração;
- problemas de memória;
- desempenho comprometido no trabalho ou nos estudos;
- queda no desempenho sexual;
- irritabilidade, ansiedade e alterações de humor frequentes.
Uma parte desses sinais também estão associados a outras condições. E, a partir do momento em que há prejuízo na qualidade de vida, é a hora de procurar ajuda médica.
A consulta inicial com um clínico geral pode identificar as causas e gerar um encaminhamento para essa especialidade.
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Opções de tratamento
Em primeiro lugar, é necessária a confirmação da presença de distúrbios do sono. Para isso, o exame de polissonografia pode ser solicitado, em que o laudo é feito após o monitoramento do adormecimento.
Por meio desse exame, é possível avaliar a frequência cardíaca, a respiração e o nível de atividade cerebral. Alterações nesses índices podem indicar que algo não está funcionando corretamente.
Os tratamentos variam de acordo com o tipo e a gravidade do quadro, sendo sempre indicados pelo profissional especializado. As principais opções são:
- Terapia Comportamental do Sono (TCS): conjunto de técnicas que auxiliam no relaxamento no momento pré-repouso.
- Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP): forma de ventilação por pressão aplicada continuamente nessas estruturas para ajudar no fluxo correto da respiração. Ou seja, essa opção consiste em auxiliar no processo respiratório durante o sono.
Como cada caso é um caso diferente e com necessidades específicas, apenas o profissional responsável será capaz de prescrever a melhor opção para cada contexto e acompanhar o tratamento de forma correta.
Tem um especialista específico?
Segundo determina o Conselho Federal de Medicina (CFM), somente médicos com formação em neurologia, pneumologia, otorrinolaringologia, psiquiatria ou pediatria podem se especializar em medicina do sono.
Assim, para trabalhar de maneira regular no campo, a pessoa formada em uma dessas áreas passa por uma avaliação da Associação Médica Brasileira (AMB).
A seguir, comentamos como esses profissionais com diferentes formações primárias atuam na saúde em geral, com um enfoque para as questões relacionadas ao sono.
Neurologia
Os médicos da área de Neurologia são responsáveis pelo estudo, diagnóstico e tratamento de possíveis patologias que envolvem o cérebro, a medula espinhal, nervos periféricos ou o sistema nervoso, no geral.
Com a devida especialização, os neurologistas podem atuar como “médicos do sono”, quando a causa da dificuldade em dormir é neurológica.
Procure um neurologista no dr.consulta caso suspeite de apneia central, narcolepsia, insônia e síndrome das pernas inquietas.
Pneumologia
Os pneumologistas cuidam de questões nas vias aéreas inferiores. Como são especialistas no sistema respiratório, eles são habilitados para diagnosticar os distúrbios decorrentes em alterações nesse sistema.
A apneia obstrutiva tende a ser o mais comum com o qual um médico da área de Pneumologia costuma lidar, já que ele se origina em virtude de uma via aérea afetada.
Otorrinolaringologia
O profissional com formação em Otorrinolaringologia age no tratamento das doenças da garganta, ouvido e nariz.
O ronco e a apneia na manifestação mais comum, por exemplo, podem se originar em virtude dessas estruturas. Dessa forma, o otorrinolaringologista consegue intervir nesses casos.
Psiquiatria
Algumas possíveis causas de certos distúrbios do sono são o estresse e outras questões emocionais. Assim, os psiquiatras também são profissionais que, após a devida especialização, podem tratar determinados quadros interligados à dificuldade para dormir.
Pediatria
A Pediatria é a área médica responsável por dar assistência a crianças e adolescentes, cuidando da saúde e bem-estar geral dessa parcela da população.
Dessa forma, em casos de transtornos nessas faixas etárias, os pediatras especialistas podem intervir diretamente, prescrevendo exames e tratamentos.
Apesar de pouco falada, a saúde do sono é um fator extremamente importante para uma vida saudável. Por isso, em casos de dificuldades para dormir ou outros sintomas atrelados a isso, é fundamental buscar médicos especializados e jamais optar pela automedicação.
Fontes:
- Segundo OMS, o distúrbio do sono afeta 40% dos brasileiros e 45% da população mundial. Saiba quais os principais problemas da Privação Crônica de Sono | Terra;
- Distúrbios do sono | BVMS.gov;
- Qualidade do sono dos brasileiros piora | Faculdade de Medicina – UFMG;
- Você já teve insônia? Saiba que 72% dos brasileiros sofrem com alterações no sono | Ministério da Saúde (MS);
- Mulheres sofrem mais com distúrbios do sono, diz estudo | Estadão;
- Luz elétrica afeta padrão de sono de seringueiros | Universidade de São Paulo (USP)