A gripe é uma infecção que pode ocorrer o ano todo. Mas é durante o outono e o inverno, entre os meses de junho e agosto, que os casos se intensificam no Brasil e, por isso, é preciso se proteger antecipadamente.
Apesar de uma parcela da população considerar o vírus influenza inofensivo, ele pode causar complicações como pneumonia, sinusite, desidratação, asma e o agravamento de doenças crônicas.
Nesse sentido, a vacinação se torna fundamental, já que mantém o sistema imunológico mais preparado para responder à infecção e prevenir contra possíveis agravos.
O que é a vacina da gripe?
A vacina da gripe tem como objetivo de aumentar as defesas do organismo. É preparada a partir de uma seleção de subtipos do vírus, chamadas de cepas, causadores de surtos em todo o mundo com objetivo de aumentar as defesas do organismo.
Ao ser aplicada no braço, a pessoa é exposta a uma pequena dose do agente infeccioso inativado. Por isso é improvável desenvolver a enfermidade a partir da imunização.
Como é feita?
A composição dos imunizantes aplicados nos brasileiros varia todo ano, sempre a partir dos novos tipos de cepas que circularam previamente no outono/inverno do hemisfério norte (primavera/verão no Brasil).
A atual versão do antígeno (proteínas do vírus inativo) é combinada, contem um vírus do subtipo B e dois vírus do subtipo A:
- A-H1N1: produz anticorpos contra o influenza H1N1, responsável pelo surto de gripe em 2021; e
- A-H3N2: produz anticorpos contra a cepa Darwin.
Vacina trivalente x quadrivalente
A formulação da vacina do tipo trivalente, protege contra a gripe A (H1N1 e H3N2), além de um tipo de influenza B. Portanto, combate três tipos de vírus – e entre eles, os que estão presentes em animais e podem infectar humanos. Essa é o imunizante oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a vacina quadrivalente garante defesa contra a gripe A (H1N1 e H3N2) e dois tipos de influenza B e é ofertada nas clínicas particulares.
Vale lembrar que nenhuma delas é capaz de imunizar o organismo contra o coronavírus, o agente causador da Covid-19. Para isso, é necessário tomar a vacina específica da Covid-19.
E quem pode tomar a vacina da gripe?
Todos que não possuem hipersensibilidade aos componentes podem tomar a vacina da gripe. O Ministério da Saúde incentiva a vacinação preventiva para qualquer indivíduo, inclusive para crianças a partir dos 6 meses de vida (principalmente aquelas de maior risco para infecções respiratórias).
No entanto, existem grupos que devem se vacinar primeiro, uma vez que apresentam maiores chances de entrar em contato com o agente que causa a patologia e apresentarem complicações. São eles:
- crianças entre 6 meses e 5 anos;
- pessoas com mais de 60 anos;
- mulheres grávidas;
- puérperas (mulheres até 45 dias pós-parto);
- profissionais de saúde;
- profissionais do sistema prisional;
- profissionais do transporte coletivo;
- trabalhadores portuários;
- professores;
- população indígena;
- pessoas com imunidade comprometida, como portadores de HIV ou câncer;
- pessoas com doenças crônicas como diabetes, bronquite, asma ou outras com risco clínico;
- portadores de trissomia como, por exemplo, síndrome de Down;
- adolescentes que vivem em instituições socioeducativas;
- população privada de liberdade.
Quem não deve tomar a vacina da gripe
O imunizante só é contraindicado para pessoas com alergia a:
- ovo (ovalbumima e proteínas de galinha);
- formaldeído;
- brometo de cetiltrimetilamônio;
- polissorbato 80 ou gentamicina.
Portanto, essas pessoas estão no grupo de quem não deve tomar essa vacina. Nestes, caso, é necessário agendar com pediatras ou clínicos gerais para melhor orientação médica.
Qual a dosagem correta?
A dosagem é similar para os diferentes grupos etários. Os adultos e os indivíduos de 6 meses a 17 anos devem receber uma única dose de 0,5 mL. O que pode diferenciar, entretanto, é o número de doses que cada pessoa recebe.
E quantas doses devem ser aplicadas?
As recomendações mudam conforme a idade:
- para crianças entre 6 meses e 9 anos: duas doses na primeira vez em que forem vacinadas (primovacinação) com intervalo de um mês entre elas;
- para indivíduos a partir de 10 anos: dose única anual.
Para adultos e idosos é primordial que a vacina seja tomada, pelo menos, uma vez a cada 12 meses e todos os anos, seguindo o calendário de imunização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a aplicação anual, antes das “estações da gripe” por dois motivos:
- os vírus sofrem diversas mutações em um curto espaço de tempo e as vacinas precisam se atualizar, adicionando novas cepas para garantir máxima proteção;
- os anticorpos criados pelo nosso organismo diminuem com o passar do tempo e, por esse fato, precisam de um reforço.
4 benefícios dessa vacinação
Os efeitos da vacina começam, em média, após 2 semanas da aplicação, ou seja, esse é o intervalo de tempo necessário para o organismo começar a produzir os anticorpos.
Tomar a vacina ajuda mesmo? A resposta é sim. Entre os 4 principais benefícios para quem é imunizado com a vacina da gripe são:
- prevenção para o organismo;
- redução do número de hospitalizações;
- diminuição do risco de morte;
- proteção de grupos vulneráveis.
1. Prevenção para o organismo
Ao tomar a vacina da gripe você contribui para que a defesa do seu corpo esteja pronta para possíveis contatos com o antígeno causador da doença. É uma forma de resguardar a própria saúde e, acima de tudo, prevenir-se.
2. Redução no número de hospitalizações
A imunização evita milhares de hospitalizações todos os anos no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2019 e 2020, a vacinação contra a gripe evitou cerca de 105 mil hospitalizações.
Vale lembrar que organismos desprotegidos e com baixa imunidade são também mais propensos a outras doenças.
3. Diminuição do risco de morte
Mesmo com a proteção, a gripe pode apresentar sintomas mais fortes naquelas pessoas que fazem parte dos grupos de risco.
Nesses casos, quando é necessária a hospitalização, as admissões nas UTIs (unidades de terapia intensivas) e o tempo de permanência nos hospitais são reduzidos. O risco de morte também diminui.
4. Proteção de grupos vulneráveis
Uma ampla cobertura vacinal contra a gripe é a forma mais eficaz de diminuir a circulação do vírus. Assim, não é uma proteção apenas individual, mas para toda a sociedade.
Quais são os efeitos colaterais?
Os possíveis efeitos colaterais são, em sua maioria, muito leves. Quase todas as pessoas que se vacinam não sentem nada após a aplicação, mas quando sentem os desconfortos costumam ser:
1. Reações locais
Dor, vermelhidão e inchaço local são as reações mais relatadas. Nesse sentido, a aplicação de compressas frias na região pode trazer alívio.
Se for acompanhada de perda de movimento ou lesões extensas o médico deverá ser acionado.
2. Dor de cabeça, músculos e nas articulações
Também pode ocorrer fadiga, dor no corpo, músculos, articulações e na cabeça. Normalmente, esses sintomas surgem cerca de 6 a 12 horas após a aplicação e costumam melhorar sozinhos.
Procure ficar em repouso e beba muito líquido. Se necessário, tome analgésicos prescritos por um profissional da saúde.
3. Febre, calafrios e transpiração excessiva
Sintomas transitórios como febre, calafrios e transpiração além do normal também podem surgir, mas desaparecem naturalmente em até 2 dias.
4. Outras reações
Como outras reações pouco comuns, mas que podem aparecer, existem:
Onde posso encontrar a vacina da gripe?
A vacinação contra a gripe 2024 estará disponível em breve no SUS e na rede privada. Independentemente do local, o mais importante é se imunizar e proteger contra os diferentes tipos de gripe e doenças relacionadas.
É válido aproveitar esse momento para atualizar a carteirinha de vacinação. Estenda a proteção e combata as demais patologias proativamente, antes de qualquer sintoma.
Neste sentido, as crianças merecem ainda atenção especial, já que precisam seguir à risca todo o calendário de imunização, desde os primeiros meses de vida. Conte com um pediatra de confiança para ajudar neste acompanhamento.
Fontes: