Descubra quando o multivitamínico traz riscos a saúde
Não é difícil encontrar alguém que faz ingestão diária de um multivitamínico, hoje em dia. Basta visitar uma farmácia para perceber que a oferta desse tipo de produto é bastante ampla.
Mas antes de adquirir um suplemento de vitaminas ou minerais, é preciso ter ciência dos benefícios prometidos e dos seus efeitos diretos na saúde, afinal, por mais inofensivo que algo possa parecer, pode haver riscos, sobretudo quando se erra na dose.
O conteúdo de um multivitamínico convencional
Vitaminas são substâncias presentes na natureza, essenciais para o bom funcionamento do organismo humano. Elas são obtidas quase exclusivamente por meio da alimentação, sendo essenciais para o bom funcionamento do organismo humano.
Os especialistas reconhecem a existência de 13 desses elementos. Eles são divididos em dois grupos:
- vitaminas solúveis em água (hidrossolúveis): C e todas aquelas do complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12). Elas são descartadas rapidamente pela urina, o que impede que haja um estoque adequado no corpo;
- vitaminas solúveis em gordura (lipossolúveis): A, D, E e K. O fato de que elas não são eliminadas com tanta facilidade através do xixi permite que elas se acumulem em determinadas áreas (como o fígado, por exemplo).
Um multivitamínico convencional reúne em uma única dose (geralmente uma cápsula ou comprimido) essas vitaminas em diferentes proporções.
Além disso, a composição é complementada, muitas vezes, por minerais como o ferro, o cálcio e o zinco. A presença deles nas refeições também é essencial, mas sempre em quantidades controladas.
No geral, a porção indicada do produto (a cápsula, por exemplo) consegue atingir parte ou a totalidade das demandas ao longo de um dia. No entanto, diferente dos alimentos, não há oferta de energia, gorduras ou proteínas, também indispensáveis para a manutenção de funcionalidades básicas.
Com isso, pode ser necessário buscar orientação adequada e de qualidade para compreender como usar essa combinação de vitaminas. Nesse sentido, o Cartão dr.consulta proporciona acesso a uma rede de especialistas e descontos em uma série de exames, o que é fundamental no cuidado integral com saúde.
O que a legislação brasileira diz sobre esse tipo de produto
Quem já comprou multivitamínicos sabe que é fácil adquiri-los. A compra não exige prescrição médica e pode ser feita até pela internet.
Isso se dá pelo fato de que esses produtos não são considerados medicamentos pelas regras atuais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os classifica como suplementos alimentares.
Entre outras coisas, tal distinção indica que eles não precisam comprovar e não têm a permissão para prometer que o seu uso trata, previne ou cura qualquer condição de saúde.
As únicas afirmações liberadas na embalagem são somente às sustentadas por evidências científicas, conforme a regulação do órgão federal.
Portanto, uma cápsula de vitamina C pode apontar que ajuda no trabalho do sistema imune ou contribui na absorção do ferro. Por outro lado, o fabricante jamais poderá anunciar que tal produto resolve gripes e resfriados.
Além disso, a entidade aponta as concentrações máximas permitidas de cada substância e orienta sobre parâmetros de qualidade para o que está sendo posto à venda.
As promessas por trás dos multivitamínicos
É natural que todo mundo busque o melhor para uma vida mais saudável e produtiva. Nesse sentido, o consumo de determinados suplementos parece fazer bastante sentido. Com uma dose diária, seria possível complementar itens que nem sempre são acessíveis por meio de uma alimentação regular, garantindo vários benefícios.
Porém, com o passar do tempo vem se tornando mais difícil sustentar as mensagens apresentadas para mostrar que multivitamínicos são um bom negócio.
Um estudo bastante extenso publicado em junho de 2024 em uma revista da Associação Médica Norte-Americana mostrou que tomar esses compostos não ajudava a viver mais, em média.
Ao todo, os dados de quase 400 mil pessoas foram acompanhados em um intervalo de mais de 20 anos. Junto do histórico de utilização dessa suplementação, foi registrado o número de casos de diversas alterações de saúde, entre elas condições cardíacas e vários tipos de câncer.
No fim, não houve oscilação significativa entre quem complementava os nutrientes e quem não fazia isso.
Os riscos do uso de um multivitamínico sem o devido acompanhamento
Mesmo estudos que apontam possíveis vantagens desses produtos mostram que elas são geralmente pequenas ou ainda que precisam de mais informações que realmente confirmem tal variação.
Por outro lado, embora sejam substâncias aparentemente inofensivas, a diferença entre “o veneno e remédio está na dose”. Portanto, exagerar nas vitaminas e minerais pode não só ser inútil, como fazer mal em curto e longo prazos.
Um dos exemplos disso é o da vitamina A. Embora essencial para a visão e no reforço da imunidade, quantidades muito altas geram efeitos colaterais que vão desde dores de cabeça até lesões no fígado. Inclusive, existe risco de malformação fetal se a ingestão é feita por grávidas.
Outro estudo também já mostrou que a vitamina E em excesso poderia estar associada com um aumento no risco de alterações cardiovasculares graves. Não se sabe exatamente por que isso acontece, mas serve também de alerta para redobrar a atenção.
A necessidade de correção de deficiências nutricionais
As circunstâncias em que a complementação de vitaminas e minerais faz mais sentido é naquelas onde há realmente a falta de algum nutriente, por uma série de fatores. Alguns casos que ilustram isso são:
- pessoas que se expõem muito pouco ao sol e que, com isso, não alcançam os patamares adequados de vitamina D;
- quem segue uma dieta vegetariana ou vegana e tem dificuldade de consumir a B12 necessária;
- mulheres grávidas ou que pretendem engravidar precisam de aportes adicionais de certos elementos (ferro e ácido fólico, principalmente);
- idosos, que por deficiências na dieta ou alterações fisiológicas, têm uma oferta menor de nutrientes à disposição;
- portadores de alergias que impedem a ingestão de grupos de alimentos;
- indivíduos com disfunções gastrointestinais ou que passaram por cirurgias em órgãos da região, dificultando a absorção dos componentes.
Assim sendo, apenas um médico e/ou profissional de nutrição pode conduzir a avaliação necessária para entender que vitaminas e minerais estão em falta e o que pode ser feito para corrigir isso com segurança.
Em muitos casos, a deficiência de um nutriente é silenciosa. Contudo, exames de sangue são utilizados para determinar a concentração de vitamina e mineral, orientando a suplementação.
Como garantir uma alimentação capaz de fornecer todos os nutrientes
Mais do que comprimidos e cápsulas, refeições adequadas ainda são a maneira mais saudável de alcançar uma nutrição equilibrada.
Na maioria dos casos, as versões de vitaminas e minerais presentes em alimentos são mais bem aproveitadas pelo metabolismo. Além disso, é comum que a combinação de nutrientes de um prato equilibrado colabore no processamento dos componentes.
Sucos de frutas cítricas são ricos em vitamina C, por exemplo. Como já destacado, ela é essencial para metabolizar o ferro, que está presente em carnes vermelhas e no feijão.
Já a vitamina K, presente em folhas verde-escuro, também ajuda na fixação do cálcio nos ossos. Dessa forma, combinações desses vegetais com derivados do leite colaboram para fortalecer essas estruturas.
Seguir uma dieta que privilegie ingredientes in natura ou pouco processados (frutas, verduras, legumes, grãos, carnes e laticínios) já é um excelente começo.
A cor também pode servir de orientação: quanto mais colorido um prato, maior a chance de que ele atenda as demandas de um corpo sadio sem que seja necessário recorrer a qualquer multivitamínico.
Fontes: