Com a prática de destinar dinheiro a jogos de azar se tornado cada vez mais comum entre pessoas de diferentes idades, gêneros e faixas de renda, o vício em apostas tem chamado bastante atenção na sociedade.
Para que se tenha em mente o tamanho do desafio a ser enfrentado, o mercado das chamadas “bets” movimentou entre R$ 18 e R$ 21 bilhões no mês de setembro de 2024, segundo o divulgado pelo Banco Central.
“Bets” vem do termo “to bet”, que em inglês significa apostar. Em linguagem mais comum pode ser considerada uma “roupa mais moderna e tecnológica” para as populares apostas esportivas, já que agora é possível participar de forma online, sem sair de casa.
No mesmo documento, o órgão aponta que, ao longo de 2024, 24 milhões de brasileiros realizaram algum tipo de aposta. Embora nem todos desenvolvam dependência, esses números reforçam a importância da discussão em torno do tema.
Principais sintomas que indicam vício
O ato de apostar, em linhas gerais, consiste na ação de colocar em risco algo valioso (como dinheiro ou outros bens materiais) na expectativa de ganhar algo de maior valor em troca. A maioria dos apostadores, independentemente do tipo de jogo de azar, ganhando ou perdendo, segue sua vida normalmente.
Por outro lado, uma pequena parcela pode desenvolver a compulsão. Isso ocorre porque há uma desregulação no sistema de recompensa do cérebro dessas pessoas, o que faz com que o comportamento se torne incontrolável.
O hábito de arriscar bens e valores se torna preocupante quando se estabelece uma dificuldade para interromper o ciclo por conta própria. Isso recebe o nome de transtorno do jogo, ludopatia ou jogo patológico.
Para o diagnóstico (acompanhe mais detalhes adiante) são levados como referência certos os sintomas abaixo, considerando principalmente quando quatro deles persistem por pelo menos 12 meses:
- necessidade de apostar cada vez mais dinheiro para manter a excitação;
- irritação diante da necessidade de interromper tal comportamento;
- esforços que acabam falhando na tentativa de diminuir ou cessar a jogatina;
- preocupação permanente com o jogo (fala sobre isso o tempo todo ou fica repassando cenários em busca de melhores oportunidades para ganhar);
- apostas que acontecem em momentos de tristeza, estresse ou ansiedade;
- depois da perda, há a intenção de repetir a aposta para reaver o prejuízo;
- o apostador passa a mentir para pessoas ao seu redor para disfarçar seu envolvimento;
- há registro de perda pessoal, educacional ou profissional por causa do hábito;
- empréstimos se tornam necessários para continuar jogando ou para resolver questões financeiras provocadas pelas perdas.
Fatores de risco para o jogo compulsivo
Baixos níveis educacionais, dificuldades financeiras e histórico de abuso de substâncias (como álcool, tabaco e drogas ilícitas) são fatores que influenciam no desenvolvimento da adição (vício) de forma geral.
Pessoas jovens, sobretudo do sexo masculino, parecem mais propensas a desenvolver a condição relacionada aos jogos. No entanto, esse tipo de dependência não está restrito a tal grupo e pode, até mesmo, passar despercebida por muito tempo, justamente por atingir diferentes tipos de pessoas.
Outro ponto que merece atenção atualmente é que a incidência parece ser agravada pela disponibilidade de oportunidades para jogar. Se antes era preciso se deslocar até um estabelecimento específico (como bingos, clubes ou similares) ou esperar dias pelo resultado da loteria, atualmente o acesso a poucos cliques por meio do celular.
Enfrentamento da condição e o papel de psicólogos e psiquiatras
A partir do momento em que a suspeita de dependência em apostas interfere nas atividades do dia a dia e causa impactos financeiros, o suporte qualificado é fundamental para superar o quadro. Após uma avaliação adequada e do diagnóstico apropriado, médicos psiquiatras e psicólogos atuam, cada um dentro da sua área, indicando tratamentos para que o transtorno seja abandonado.
Psicólogo
Sessões de terapia são um dos recursos mais importantes para apoiar alguém que enfrenta um quadro de jogo patológico. Em geral, as abordagens baseadas em técnicas de terapia cognitivo-comportamental tendem a apresentar os melhores resultados.
Nesse tipo de terapia, o objetivo é trabalhar a conscientização do que leva ao desejo pelas apostas e o que deve ser feito para quebrar esse ciclo. Isso se dá por meio de conversas entre o terapeuta e o indivíduo e demora algumas semanas ou meses para surtir o efeito esperado.
Além disso, grupos de conversa (nos moldes de iniciativas como os “Jogadores Anônimos“) costumam ser um complemento importante nessa recuperação.
Psiquiatra
Não existe medicamento específico para o transtorno do jogo. Por outro lado, a consulta com o médico especialista em saúde mental é relevante para abordar outras questões. É comum que apostadores compulsivos apresentem traços de depressão ou ansiedade, por exemplo. Logo, o psiquiatra tem a capacidade de avaliar tais queixas e sugerir medicamentos.
Como ajudar uma pessoa que tem esse ou outros vícios?
Quem identifica e está preocupado com o comportamento de algum amigo ou familiar, deve primeiro acolher e não julgar. Vale refletir sobre a relação com os jogos, fazendo questionamentos simples:
- As perdas estão se tornando maiores que o orçamento disponível?
- Começaram a surgir pendências financeiras, sobretudo relativas às despesas básicas?
- É preciso colocar cada vez mais dinheiro para se sentir satisfeito?
- Foram feitas apostas com o objetivo de recuperar alguma perda passada?
- Foi necessário pedir valores emprestados para continuar jogando?
- O jogo causa estresse, sensação de culpa ou ansiedade?
- Alguém próximo já questionou o eventual comportamento?
Quando a maioria das questões tem como resposta um “sim”, é preciso recorrer ao apoio de profissionais que ofereçam orientação qualificada.
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Fontes: