Alexitimia: quando é difícil reconhecer sentimentos

A palavra alexitimia vem do grego e significa algo como “sem palavras para o que se sente”. O termo descreve a dificuldade em reconhecer e expressar emoções.
Pessoas com essa característica sentem afeto, mas têm restrições para identificar o que estão sentindo e traduzir isso em palavras. Em vez de nomear emoções como “tristeza” ou “raiva”, costumam dizer apenas que estão “mal” ou “estranhas”, sem saber explicar o motivo.
Essa barreira também interfere na forma como se percebe as expressões dos outros, impactando os relacionamentos, a convivência no ambiente profissional ou escolar e a saúde emocional.
Reconhecida pela ciência desde a década de 1970, a alexitimia não é um diagnóstico clínico nem um quadro cognitivo isolado. Ainda assim, é uma dimensão psicológica relevante, amplamente estudada e associada a diferentes condições e comportamentos.
Principais características da alexitimia
A manifestação varia de pessoa para pessoa, mas alguns traços comuns incluem:
- dificuldade em identificar sentimentos;
- desafios para descrever emoções com clareza;
- pensamento mais objetivo e concreto;
- confusão entre emoções e sensações físicas.
Nesse cenário, o cuidado em saúde deve ser contínuo e centrado na individualidade. O Cartão dr.consulta apoia esse processo ao oferecer acesso a uma rede completa de especialistas e exames.
Além disso, com o programa Cuidar da Mente é possível contar com o suporte de uma equipe multidisciplinar preparada para orientar e esclarecer dúvidas relacionadas ao bem-estar emocional.
Impactos emocionais e sociais
Dificuldades para entender o que se sente tornam mais desafiadora a gestão de frustrações, decisões e conflitos. Isso pode resultar em:
- reações impulsivas;
- isolamento social;
- dificuldade para estabelecer laços afetivos;
- sensação constante de desconexão.
A limitação no entendimento da própria vivência emocional também costuma gerar obstáculos nas relações interpessoais. Expressões afetivas são centrais na forma como nos comunicamos com o outro. Por isso, níveis elevados de alexitimia podem levar a comportamentos como:
- evitar conversas sobre sentimentos;
- ser interpretado como distante ou indiferente;
- ter dificuldades para iniciar ou manter amizades;
- reagir de maneira considerada inadequada a situações emocionais.
Na infância, esse padrão pode dificultar amizades, resolução de conflitos e integração em atividades coletivas. Já na fase adulta, impacta a vida afetiva, social e profissional.
Relação com outras condições de saúde mental
A alexitimia aparece frequentemente em conjunto com quadros como:
- transtornos de ansiedade;
- depressão;
- transtornos alimentares;
- transtornos do espectro autista (TEA);
- uso abusivo de substâncias.
Cerca de metade das pessoas com autismo também apresenta sinais de alexitimia. Isso ajuda a explicar a dificuldade com empatia, expressão emocional e regulação do estresse.
Além disso, o reconhecimento limitado das emoções pode dificultar o engajamento em tratamentos psicológicos, uma vez que é mais difícil descrever o que se sente ao profissional de saúde.
Impactos físicos
Outro aspecto importante é a interocepção, ou seja, a capacidade de perceber sinais internos do corpo, como batimentos acelerados ou respiração curta.
Pessoas com alexitimia tendem a não associar essas sensações às emoções. Podem, por exemplo, sentir taquicardia e interpretá-la como um sintoma físico, sem perceber que estão sob estresse ou medo.
Essa desconexão com o corpo afeta a autorregulação emocional e pode aumentar comportamentos impulsivos, como o uso excessivo de substâncias, episódios de compulsão alimentar ou autolesões.
Desenvolvimento e causas
A origem da alexitimia é multifatorial. Alguns fatores que contribuem incluem:
- funcionamento cerebral atípico em áreas ligadas às emoções;
- predisposição genética;
- vivências na infância, como negligência afetiva, traumas ou ausência de diálogo emocional;
- estilo de criação que desvaloriza sentimentos.
Em certos casos, o quadro surge após lesões cerebrais ou condições neurológicas, como o Parkinson ou traumatismos.
É possível desenvolver habilidades emocionais?
Apesar de ser um traço estável,é possível desenvolver formas mais saudáveis de reconhecer e expressar emoções.:
- terapias com foco em habilidades emocionais, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC);
- práticas de atenção plena (mindfulness);
- atividades como arteterapia ou escrita;
- leitura de histórias e ficções para ampliar o vocabulário emocional.

O contato com grupos terapêuticos também pode ser benéfico, promovendo trocas e ampliação da empatia.
O acompanhamento psicológico é essencial para guiar esse processo de forma segura. Contar com um profissional qualificado permite desenvolver formas personalizadas para lidar melhor com as emoções e os relacionamentos.
A alexitimia ainda é pouco conhecida, mas está presente em muitas situações marcadas por desafios emocionais. Entender o que é e como se manifesta amplia o cuidado com a saúde mental em todas as fases da vida.
Fontes: