Saiba a importância de evitar a cetoacidose diabética
O avanço da medicina permite que pessoas com diabetes tipo 1 ou 2 mantenham uma boa qualidade de vida. Contudo, sem o devido controle, a condição pode gerar complicações potencialmente graves, como a cetoacidose diabética.
Esse quadro está associado a flutuações da insulina e da glicemia e, em muitas circunstâncias, é uma emergência médica, exigindo atenção urgente.
Processos que desencadeiam a cetoacidose diabética
Em linhas gerais, pacientes com diabetes perdem a capacidade de produzir insulina (geralmente no tipo 1) ou desenvolve uma resistência que impede a utilização do hormônio pelo corpo (explicação mais comum para o tipo 2).
Liberada pelo pâncreas, essa substância comunica às células de todo o corpo que há glicose disponível para ser usada como fonte de energia.
O controle medicamentoso é feito com aplicações de insulina sintética ou com remédios que facilitem o aproveitamento pelo organismo, permitindo que os níveis glicêmicos sejam mantidos de forma satisfatória. No entanto, mesmo com o tratamento correto, esse equilíbrio pode enfrentar obstáculos e haver uma queda considerável da disponibilidade do hormônio.
Nessas circunstâncias, as células não recebem a sinalização de que há açúcar disponível na corrente sanguínea e a glicemia aumenta.
Em paralelo, o corpo começa a usar moléculas de gordura como combustível, processo que libera as chamadas cetonas na corrente sanguínea, como explica a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Em grandes quantidades, elas “acidificam” o sangue, tornando-o tóxico e desencadeando uma série de danos.
Fatores aumentam as chances dessa complicação
A SBD aponta que a cetoacidose diabética é mais comum nos casos do tipo 1. Porém, pessoas com o tipo 2 não estão isentas desse risco. Entre os aspectos que elevam a chance dessa ocorrência estão:
- uso incorreto da insulina, principalmente quando se ignora doses ou há aplicações com quantidades inadequadas do hormônio;
- jejum prolongado;
- consumo de álcool em excesso;
- uso indevido de certos medicamentos;
- determinadas infecções;
- disfunções cardíacas graves;
- episódios de pancreatite (inflamação no pâncreas);
- transtornos alimentares (bulimia e transtorno compulsivo alimentar, por exemplo).
Principais sintomas da cetoacidose diabética
Na maioria das vezes, o quadro tem caráter agudo. Isso significa que as alterações aparecem de uma hora para outra e, não raro, exigem intervenção rápida.
Portanto, os seguintes sinais, apontados pela SBD, devem chamar a atenção do paciente e do profissional de saúde responsável pelo atendimento:
- sede constante e boca seca;
- aumento no número de idas ao banheiro para urinar;
- fraqueza generalizada, inclusive com sonolência;
- hálito com cheiro forte;
- respiração encurtada;
- coração acelerado;
- dores abdominais;
- náuseas e vômitos.
Nem todas as queixas precisam aparecer juntas para que se considere o risco de cetoacidose diabética. Alguns indivíduos podem notar apenas parte dos desconfortos. Por isso, apenas um médico é capaz de diagnosticar adequadamente a situação.
Exames necessários para o diagnóstico preciso
Uma vez que surge a suspeita dessa disfunção, a confirmação se dá a partir da união de três parâmetros calculados através de exames laboratoriais, aponta a SBD:
- nível glicêmico, quando superior a 200 mg/dL;
- acidez sanguínea, com pH abaixo de 7,3 ou bicarbonato sérico menor ou igual a 15 mEq/L;
- presença de cetonas em volume acima do ideal no sangue e na urina.
Valores muito acima desses patamares podem indicar gravidade acentuada, elevando a chance de evolução desfavorável da situação do paciente. Lembrando que com o Cartão dr.consulta é possível ter acesso a exames laboratoriais e a consultas com diferentes especialistas.
Por meio do Programa Viva Bem você tem um time à disposição para esclarecer dúvidas e passar orientações conforme o quadro apresentado.
Estratégias de reversão da cetoacidose diabética
Confirmado o diagnóstico, o objetivo do tratamento é conter a elevação da concentração de açúcar e de cetonas e, ao mesmo tempo, recompor a disponibilidade de insulina no organismo. Tais medidas são realizadas em ambiente hospitalar.
É frequente, por exemplo, o emprego de infusões de insulina direto na veia, explica a SBD. Adicionalmente, o indivíduo recebe nesse período líquidos e alimentação intravenosa para corrigir desequilíbrios nutricionais identificados.
Durante todo o tratamento, o monitoramento é permanente para identificar, o quanto antes, eventuais comprometimentos em órgãos como os rins, o cérebro e os pulmões.
Com os cuidados necessários, é esperado que a melhora seja notada nas primeiras horas. No entanto, a recuperação completa pode exigir mais tempo.
Como reforçar a prevenção dessa e de outras complicações
De forma similar a outras doenças crônicas, o diabetes depende da atenção a vários fatores para alcançar o controle adequado, passando por:
- plano alimentar saudável e equilibrado, com produtos integrais, fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis;
- uso cuidadoso da insulina ou dos medicamentos orais, conforme prescrição médica;
- prática regular de exercícios físicos;
- hidratação adequada;
- visitas periódicas ao médico;
- realização de avaliações regulares para acompanhar a flutuação do nível glicêmico, seja através de exames laboratoriais ou por meio de glicosímetros utilizados em casa (que também permitem o monitoramento de cetonas, dependendo do modelo).
Com a devida orientação, o médico pode instruir o indivíduo sobre o melhor uso desse recurso. No entanto, quando for difícil interpretar os valores obtidos, é importante não hesitar na procura por ajuda. O endocrinologista, vale reforçar, é o especialista no cuidado do diabetes.
Ele também é o profissional responsável por propor alterações e ajustes adicionais de hábitos no dia a dia do indivíduo com diabetes, ampliando o controle e esclarecendo de forma personalizada os riscos de complicações como a cetoacidose diabética.
Fontes: