É só cansaço? Entenda causas e consequências de dormir muito

O sono é essencial para a manutenção da saúde. É nesse momento que o organismo realiza diversas funções restauradoras para o corpo e a mente, como regulação do humor, apetite, hormônios, consolidação da memória, entre outras.

Adultos necessitam de sete a oito horas de descanso noturno, de acordo com a Cartilha do Sono 2025, da Academia Brasileira do Sono (ABS). O total de horas dormidas, porém, pode chegar até dez, variando sempre de pessoa para pessoa. 

Ainda assim, quando dormir muito se torna uma constante, principalmente com sinais de sonolência excessiva durante o dia, o caso pode indicar condições médicas que precisam de atenção.

8 causas de sono em excesso

Entre as situações mais conhecidas que provocam ou contribuem com a hipersonolência, de acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), e um estudo sobre o tema publicado no Journal of Thoracic Disease, estão:

1. hipersonia idiopática;
2. narcolepsia;
3. apneia do sono;
4. síndrome de Kleine-Levin;
5. síndrome das pernas inquietas;
6. transtornos mentais;
7. uso de medicamentos;
8. sono insuficiente ou de má qualidade.

1. Hipersonia idiopática

É considerada pouco comum, frequentemente se desenvolve na adolescência e pode desaparecer sozinha ao longo da vida, destaca a AASM. 

Se caracteriza por longas horas de descanso, necessidade de vários cochilos diários (muitas vezes não revigorantes), dificuldade de acordar, de memorizar atividades e compromissos e um estado de confusão mental constante, parecido com embriaguez.

Não há explicações científicas para a sua ocorrência (essa é a razão de ser chamada de idiopática), mas é importante buscar ajuda médica para tratamento, pois interfere no desempenho escolar e profissional, nos relacionamentos e no bem-estar.

2. Narcolepsia

Distúrbio neurológico que afeta a capacidade do cérebro de regular ciclos de sono e vigília, fazendo a pessoa ter sonolência incontrolável durante o dia e, muitas vezes, adormecer involuntariamente em momentos inoportunos. 

Estima-se que a condição atinja cerca de três milhões de pessoas no mundo, segundo a Associação Brasileira do Sono. Porém, a falta de conhecimento ou a associação dos sintomas com outras condições costumam atrasar o diagnóstico correto, prejudicando a qualidade de vida por anos. 

Contar com a ajuda profissional do especialista em Neurologia para investigação do caso, tratamento e recomendações faz toda a diferença.

3. Apneia do sono

Enfermidade na qual a respiração para e recomeça repetidamente enquanto a pessoa está adormecida. 

Normalmente, os indivíduos também roncam alto, resultando em um descanso de má qualidade e cansaço persistente. Acomete cerca de 33% da população brasileira, aponta a Academia Brasileira do Sono.

4. Síndrome de Kleine-Levin 

Também conhecida como a “Síndrome da Bela Adormecida”, caracteriza-se por períodos em que o paciente sente necessidade de descanso prolongado (podendo chegar até 18 horas sequenciais) com outros momentos normais de repouso. 

Durante os períodos de “ataque”, demais sintomas e comportamentos atípicos podem surgir, conforme explica a Academia Americana de Medicina do Sono, incluindo:

• comer desenfreadamente;
• desejos sexuais compulsivos;
• irritabilidade e agressividade;
• sentimentos de irrealidade e/ou alucinações.

Há poucos casos confirmados, sendo mais comuns em adolescentes, sobretudo homens (as chances são quatro vezes maiores no público masculino).

5. Síndrome das pernas inquietas

Trata-se de um incômodo nos membros inferiores que leva a movimentos bruscos durante a noite, potencializando a fadiga diurna e a dificuldade de acordar. Mais observado em crianças, apesar de poder afetar adultos. 

As causas são desconhecidas, mas associa-se à ideia de uma alteração neurológica que aumenta a sensibilidade nas pernas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria.

6. Transtornos mentais

Pessoas com depressão ou transtornos de ansiedade frequentemente relatam mudanças no padrão do sono que acabam causando mais hipersonolência no dia a dia, aponta o estudo do Journal of Thoracic Disease. 

Geralmente, elas também tendem a dormir muito mais do que o normal, como uma forma de escapar de sentimentos difíceis. O suporte de psicólogos e psiquiatras contribui para abordagens eficazes e redução dos sintomas.

7. Uso de medicamentos

Fármacos utilizados em diversos tratamentos – a exemplo de antidepressivos, analgésicos, anti-histamínicos – podem ter a sonolência como efeito colateral. Por isso, é importante manter acompanhamento médico regular para orientações e ajustes sempre que necessário.

O Cartão dr.consulta é uma alternativa acessível para quem busca consultas e exames com valores mais vantajosos. O benefício ainda possibilita o monitoramento de condições crônicas por profissionais de enfermagem (on-line e gratuito) ampliando o cuidado com a saúde em diferentes fases da vida.

8. Sono insuficiente ou de má qualidade

Fora do ambiente clínico, o cansaço constante e a vontade de descansar toda hora tem uma alta prevalência na população geral, chegando a cerca de 18%, mostra o artigo do Journal of Thoracic Disease.

Os fatores que mais influenciam são ligados ao estilo de vida, como higiene do sono inadequada, o uso excessivo de telas antes de se deitar, consumo de álcool e outras substâncias ou maus hábitos alimentares.

Tudo isso acaba afetando negativamente a qualidade do sono ou fazendo com que a pessoa durma menos do que deveria no período ideal.

Consequências da sonolência excessiva

Sentir vontade de dormir muito e estar sempre sonolento, principalmente devido a distúrbios do sono e noites mal dormidas, pode ter vários impactos na saúde e qualidade de vida, como destaca a Academia Brasileira de Neurologia:  

• maior risco de desenvolver transtornos mentais (ansiedade e depressão) e condições crônicas, como diabetes e enfermidades cardiovasculares;
• comprometimento da memória e do desempenho cognitivo; 
• maior possibilidade de acidentes de trabalho e de trânsito;
• menos produtividade, desempenho acadêmico e até vínculos sociais.
  

Tratamentos e cuidados

Qualquer abordagem depende da causa. O diagnóstico correto envolve uma avaliação médica completa, com histórico de saúde, exames físicos e, em alguns casos, outros complementares, como a polissonografia. 

Assim, o tratamento pode incluir medicamentos para a patologia identificada e terapia cognitivo comportamental para melhorar padrões e comportamentos relacionados a esse momento noturno.

Além disso, mudanças no estilo de vida, sobretudo priorizando a higiene do sono, são fundamentais tanto para amenizar os quadros quanto para preveni-los. Os órgãos oficiais já citados recomendam:

• estabelecer horários regulares para acordar e dormir;
• manter o ambiente do quarto adequado em temperatura, luminosidade e silêncio;
• evitar o uso de telas por, pelo menos, 30 minutos antes de deitar-se;
• limitar o consumo de cafeína e álcool;
• não comer muito tarde e dar preferência para alimentos leves à noite;
• abandonar os cochilos diurnos (se possível);
• praticar exercícios físicos e atividades relaxantes (como ler e meditar), pois auxiliam na regulação e indução do sono.

Dormir muito pode ser satisfatório de vez em quando, mas precisa de atenção ao se tornar constante. Adotando bons hábitos e procurando ajuda médica quando necessário, é possível amenizar a sonolência excessiva e garantir mais qualidade de vida.

Fontes:

• Academia Brasileira do Sono;
• Associação Brasileira do Sono;
• Academia Americana de Medicina do Sono;
• Academia Brasileira de Neurologia;
• Journal of Thoracic Disease;
• Sociedade Brasileira de Pediatria.