A importância da vacina contra o HPV
Você sabia que existe um imunizante cujo principal objetivo é prevenir um tipo potencialmente grave de câncer entre as mulheres? Então é importante conhecer melhor a vacina contra o HPV.
Ela é uma ferramenta fundamental para reduzir o risco do câncer do colo do útero. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), esse é o terceiro tipo de tumor maligno mais comum entre as brasileiras e a quarta principal causa de morte por câncer dentro desse grupo.
As formas de transmissão do vírus HPV
Os papilomavírus humanos (ou apenas HPV, na sigla que considera o nome em inglês), são um grupo bastante extenso de microrganismos. Na prática, o termo inclui mais de 200 subtipos de vírus recebendo a mesma denominação.
Por ser transmitido por meio de interações pele com pele (principalmente se a superfície estiver lesionada), o principal meio de disseminação do HPV é o contato sexual desprotegido, seja ele vaginal, oral ou anal.
Eventualmente, a transmissão do vírus pode se dar também por meio do contato com objetos e superfícies infectadas ou ainda de forma vertical (de mãe para filho durante a gestação).
O que a infecção por HPV causa no organismo?
A disseminação do vírus é a principal forma de infecção sexualmente transmissível em todo o mundo.
Com isso, é esperado que boa parte das pessoas com vida sexual ativa tenham contato com o vírus em algum momento da vida. Entretanto, não é raro que isso passe despercebido e o indivíduo não apresente qualquer sintoma por meses ou anos.
No entanto, em algum momento isso pode mudar (por conta de quedas na imunidade, por exemplo). Desse modo, podem surgir lesões na região genital, atingindo a vulva, vagina, pênis, colo do útero, bolsa escrotal ou outras partes da região pubiana. Elas podem ser:
- clínicas, sobretudo na forma de verrugas que eventualmente causam coceira;
- subclínicas, que são invisíveis a olho nu.
Estima-se que 90% das verrugas genitais sejam causadas pelo HPV. Apesar disso, quase sempre, as lesões somem por conta própria. Se houver necessidade, elas podem ser devidamente tratadas após avaliação profissional.
No entanto, com o tempo descobriu-se que essas mesmas lesões por determinados tipos do HPV estão associadas no longo prazo com algumas formas de câncer, às vezes décadas depois da infecção inicial.
Embora o câncer do colo do útero seja o mais famoso, a infecção por esse vírus também eleva o risco de tumores:
- na vagina e na vulva;
- no ânus;
- no pênis;
- na garganta.
Não se sabe ao certo porque o HPV pode ser inofensivo para uma pessoa ou causar um câncer em outras. No entanto, em qualquer contexto a vacinação contra o vírus é um recurso fundamental de prevenção.
Tipos de vacina de HPV disponíveis atualmente
Existem dois tipos principais de vacina contra o HPV: a HPV4 e a HPV9.
HPV4 (tetravalente)
Composta por quatro subtipos do HPV (6,11, 16,18), oferecendo proteção contra tumores no colo do útero, vulva, vagina, ânus e contra verrugas genitais. Essa é a versão que está disponível na rede pública.
HPV9 (nonavalente)
Composta por nove subtipos do HPV (6, 18, 31, 33, 45, 52 e 58). Além de proteção contra os tumores já mencionados e as verrugas vaginas, confere cobertura contra infecções persistentes e lesões pré-cancerígenas. Está disponível apenas na rede privada.
Quem pode e quando tomar esse imunizante
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), as vacinas contra o HPV estão registradas para todas as pessoas dos 9 aos 45 anos. Todavia, é preciso observar que existe uma janela de idade em que o imunizante tem maior eficácia. Assim, o ideal é que ele seja administrado em meninos e meninas antes do início da vida sexual.
Dessa forma, a recomendação das autoridades de saúde é de que crianças e adolescentes sejam vacinados entre os 9 e os 14 anos. Nessa idade, o esquema ideal prevê duas doses, em que:
- deve haver um intervalo de 5 a 13 meses entre uma aplicação e outra;
- se um intervalo de mais de 5 meses não for respeitado, uma terceira dose deve ser aplicada em até 6 meses depois da primeira dose, mas não menos do que 3 meses depois da segunda dose.
Dessa forma, como exemplo, a aplicação seria feita dessa forma:
- primeira dose em maio;
- segunda dose a partir de outubro;
- se o intervalo mínimo de 5 meses não for seguido e a segunda dose for dada antes de outubro, uma terceira dose será necessária em até 6 meses depois da primeira dose (ou seja, em novembro). Contudo, para isso, a segunda dose não deve ter sido aplicada antes de agosto.
Apesar da recomendação acima, homens e mulheres de qualquer idade também podem se beneficiar da administração dos imunizantes, de preferência conforme orientação médica. Além disso, a vacina pode ser importante em qualquer idade, principalmente em pessoas imunocomprometidas.
Seja como for, depois dos 15 anos, são recomendadas três doses:
- primeira dose na data agendada;
- segunda dose em até 2 meses após a primeira dose e não menos de 1 mês após a primeira dose;
- terceira dose, em até 6 meses após a primeira dose, mas não menos de 3 meses após a segunda dose);
- o intervalo entre as três doses não deve superar um ano.
Nesse cenário, o exemplo seria o seguinte:
- primeira dose em maio;
- segunda dose em julho, mas não antes de 30 dias depois da primeira dose;
- terceira dose em novembro, desde que já tenha se passado 3 meses da segunda dose, mas sem superar o intervalo de um ano entre todas elas.
Se desejar, você pode saber mais sobre o esquema de vacinação e agendar a aplicação das doses agora mesmo.
Entenda como a vacina contra o HPV funciona
Tanto a vacina tetravalente quanto a nonavalente são feitas a partir de proteínas que imitam o vírus. Portanto, no momento que entram no corpo, elas são reconhecidas pelos sistemas de defesa como um invasor, desencadeando uma resposta imune.
Tal reação produz anticorpos e “treina” o organismo para que ele esteja preparado para um possível encontro com o HPV de verdade. As evidências mostram que a proteção é eficiente e duradoura, persistindo pela vida toda.
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Esse imunizante é seguro?
Sim, como todo imunizante que chega ao mercado. A vacina contra o HPV é testada com bastante rigor, de forma a garantir que os seus benefícios sejam sempre maiores que os riscos. Em geral, o imunizante só é contraindicado para gestantes ou pessoas com histórico de anafilaxia (uma forma de alergia grave).
O Brasil não vem conseguindo alcançar a cobertura necessária da vacinação contra o HPV. Muito disso se dá pela influência de notícias que põem em xeque a segurança da vacina, que obviamente não fazem sentido.
Não por menos, a meta de vacinar 80% do público-alvo ainda está longe. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022:
- a cobertura da vacinação entre as meninas era de 75%;
- entre os meninos, as doses alcançaram pouco mais de 52% do público-alvo.
A falta de cobertura desse tipo de vacina pode atrasar as estratégias que buscam reduzir, e pouco a pouco, eliminar por completo os casos de câncer de colo do útero em todo o mundo.
4 outras formas de se proteger contra o HPV
A vacinação é a principal forma, mas não a única de se proteger da infecção pelo HPV e das suas consequências. Dessa forma, é sempre importante também reforçar a importância de cuidados como:
- uso de preservativos em todas as relações sexuais;
- realização de exames periódicos, inclusive para identificar outras infecções sexualmente transmissíveis;
- discussão junto aos parceiros sexuais sobre essas e outras formas de proteção;
- acesso à orientação profissional adequada, em todas as fases da vida.
Por fim, o chamado exame papanicolau é fundamental para que pacientes com lesões suspeitas (que possam vir a se transformar em um câncer no colo do útero) sejam identificadas bem no início, permitindo que a abordagem adequada seja adotada.
Em geral, o papanicolau deve ser feito por toda mulher sexualmente ativa, dos 25 aos 59 anos. Inicialmente, o exame precisa ser repetido todos os anos. Se por dois anos seguidos os resultados forem negativos para qualquer sinal de lesão ou infecção pelo HPV, a periodicidade pode ser estendida para um intervalo de três anos.
Fontes