Os medicamentos de uso contínuo e cuidados diários de saúde

Várias condições de saúde de natureza crônica, que normalmente não têm uma cura definitiva, dependem de tratamentos que envolvem medicamentos de uso contínuo.
Essa realidade é bastante comum em idosos – que são os mais atingidos por quadros como hipertensão arterial e diabetes, entre outras disfunções que, sem o devido controle, podem provocar complicações potencialmente sérias, mas se estendem as pessoas de todas as idades que convivem diariamente com essas e outras doenças.
Os medicamentos de uso contínuo são uma rotina entre os pacientes crônicos
Uma pessoa com uma doença infecciosa causada por uma bactéria, (uma dor de garganta, por exemplo) que procura um médico pode receber a prescrição de antibióticos e anti-inflamatórios para tratar o desconforto devidamente diagnosticado.
Na maioria dos casos, essas substâncias devem ser utilizadas por um período curto (considerando um intervalo de alguns dias ou semanas). Depois disso – e respeitada a recomendação médica de uso –, é provável alcançar uma recuperação completa.
No entanto, isso não se repete com as denominadas doenças crônicas não transmissíveis (ou DCNT). Em resumo, elas têm como suas principais características:
- início insidioso (ou seja, que nem é perceptível);
- longos períodos de latência, que alcançam muitas vezes décadas (o tempo até que os sintomas se manifestem efetivamente);
- se constituírem como resultado da combinação de diversos aspectos de risco (como hábitos ruins acumulados durante e vida e fatores hereditários);
- evoluírem para diversos graus de comprometimento funcional.
Alterações cardiovasculares e respiratórias, diabetes e vários tipos de câncer são as DCNT mais comuns na população em geral.
Seja como for, o que essas condições compartilham é que seu controle depende quase sempre de medicamentos de uso contínuo. Como o nome sugere, são aqueles que precisam ser tomados permanentemente, mesmo se os sinais agudos da condição desapareceram.
Enfermidades não classificadas como doenças crônicas não transmissíveis podem receber abordagem similar. Entram nessa categorias certas infecções virais e bacterianas (como o HIV/Aids, a sífilis e a tuberculose), determinados transtornos psiquiátricos ou distúrbios autoimunes (como o lúpus eritematoso sistêmico, para ilustrar).
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Que fatores dificultam a adesão a esse tipo de tratamento
Tomar um medicamento parece algo sem segredo, principalmente quando feito com a devida orientação. No entanto, no longo prazo, vários obstáculos interferem nessa ação. Assim, é possível que o tratamento vá sendo deixando de lado – o que é muito prejudicial para o bem-estar e saúde, em geral.
O mais comum deles é relativamente simples: as pessoas se esquecem do instante certo de tomar o remédio. Tal fenômeno é ainda mais relevante em faixas etárias mais avançadas, cuja polifarmácia (ou seja, a necessidade de diversas prescrições simultâneas) é frequente.
Nessas circunstâncias, os especialistas apontam que a interrupção é involuntária. Porém, outras variáveis fazem com que o indivíduo abandone espontaneamente o uso de substâncias. De acordo com documento da Organização Mundial de Saúde, essa lista inclui:
- questões socioeconômicas, como empecilhos financeiros para comprar um medicamento pelo seu alto custo;
- explicação inadequada dos profissionais de saúde, que não conseguem transmitir as informações fundamentais da importância do gerenciamento de tais diagnósticos;
- falta de ciência da probabilidade de complicações por parte do paciente, sobretudo com os sinais e sintomas estão controlados (a pressão está baixa ou o nível glicêmico em patamar apropriado);
- presença de efeitos colaterais indesejados, em especial se não há a devida orientação de como lidar com eles;
- a dificuldade de administração (basta pensar nas injeções de insulina nos episódios de diabetes em que ela é recomendada).
Com tudo isso, o volume de interrupções de tratamentos é significativo. Uma pesquisa publicada no periódico Cadernos de Saúde Pública, e feita com 638 indivíduos entre 40 e 59 anos, mostrou que mais de 63% dos entrevistados haviam relatado a descontinuidade das doses recomendadas.
Os riscos de abandonar o medicamento de uso contínuo
Sem tratamento específico permanente, as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por complicações graves.
A hipertensão arterial, por exemplo, é um fator bastante relevante para acidentes vasculares e comprometimentos cardíacos. Eles podem gerar sequelas irreversíveis ou mesmo levar ao óbito. Desde o diagnóstico inicial, o suporte do cardiologista é indispensável.
Já o diabetes sem supervisão segue caminho similar. Entre as reações mais comuns do desequilíbrio do nível de açúcar no sangue estão danos a órgãos como olhos, rins e fígado, bem como a amputação de membros ou processos que afetam nervos das mãos e pés.
Dessa forma, a prescrição contínua, junto das mudanças de hábitos que permitam uma vida mais ativa, uma alimentação saudável e o acompanhamento regular, ainda é a melhor estratégia.
Ela não só reduz o risco de tais desfechos como permite a preservação de uma boa qualidade de vida por longos períodos.
Outras recomendações para o uso racional de medicamentos
Uma cartilha do Ministério da Saúde fornece recomendações adicionais das melhores estratégias possíveis para fortalecer a adesão ao uso regular. Para isso, no momento da consulta é sempre importante que o indivíduo atendido lembre-se de:
- informar os medicamentos já utilizados, com receita médica ou não;
- possíveis sintomas já percebidos por conta de remédios (dor de cabeça, enjoo, tontura, alergias etc.);
- falar sobre os motivos que têm impedido o uso de alguma substância;
- reforçar o histórico familiar de quadros crônicas;
- mencionar gravidez ou pretensão de engravidar;
- relatar o consumo de álcool e de tabaco e a frequência da prática de exercícios físicos.
Esse espaço serve também para reforçar informações como:
- a quantidade de remédio e o número de vezes que ele deverá ser tomado;
- o prazo de uso do medicamento;
- os horários ideais para utilizá-lo;
- se é indicado tomá-lo com água, antes ou depois das refeições etc.;
- restrições para a mistura com bebidas alcoólicas, com outros produtos ou se é seguro dirigir, operar máquinas ou se expor ao sol.
Pessoas com dificuldade de leitura não devem ter vergonha de indicar esse fato. Assim, médicos, enfermeiros, farmacêuticos e cuidadores procuram por formas de auxiliar na identificação das embalagens e frascos.
É necessário abordar os receios em torno de eventuais efeitos adversos. Muitos deles são gerenciáveis, mas para isso é fundamental que os responsáveis pela indicação da receita saibam que eles estão acontecendo.
Por fim, é comum que os medicamentos de uso contínuo gerem dúvida a respeito de estarem ou não fazendo efeito. Essa é uma armadilha perigosa que leva à descontinuidade do tratamento e reforça a manutenção do acompanhamento permanente com profissionais qualificados.
Fontes:
[…] também pode incentivar a autonomia do idoso e, principalmente, orientar sobre o uso adequado de medicamentos, a prevenção de quedas, as adaptações no ambiente doméstico, a indicação de acompanhamento […]