Compreenda os perigos da obesidade infantil
Tal qual em adultos, o acúmulo de peso corporal em crianças deve ser encarado como uma questão de saúde pública. Essa constatação considera os perigos da obesidade infantil no curto, médio e longo prazos.
Essa alteração de saúde é resultado da interação complexa de fatores que precisam ser acompanhados e ajustados, preferencialmente com o apoio de equipe qualificada composta por profissionais de várias áreas.
Indicadores que definem a obesidade em crianças
Antes da vida adulta, a determinação de um padrão inadequado de excesso de peso corporal segue critérios específicos adaptados às fases de desenvolvimento.
Por isso, a avaliação infantil utiliza curvas de crescimento específicas e não necessariamente o Índice de Massa Corporal (IMC). Como toda criança e adolescente ganha massa à medida que cresce, o aumento do indicador da balança é esperado e desejável, dentro de determinados níveis.
No entanto, se a velocidade está além do esperado para cada idade, é possível que a criança ou adolescente esteja atingindo um estágio de sobrepeso ou obesidade.
O Ministério da Saúde reforça que o pediatra responsável pelo acompanhamento habitual pode coletar informações de peso e altura a cada consulta e compará-las com as curvas de evolução esperadas.
Principais fatores envolvidos na obesidade infantil
A natureza multifatorial da condição permite que diversos aspectos sejam associados ao fenômeno durante a infância, incluindo:
- alimentação desbalanceada e rica em alimentos ultraprocessados, cheios de sal, gordura e açúcar, o que contribui significativamente para o desequilíbrio energético;
- comportamento sedentário, com baixo nível de movimentação corporal devido a poucas práticas esportivas e brincadeiras ao ar livre, todas elas substituídas pelo tempo excessivo em frente às telas (televisão, computador ou dispositivos móveis);
- elementos genéticos e hereditários, uma vez que filhos de pais que apresentam o quadro têm risco aumentado de desenvolvê-la;
- fatores psicológicos e familiares, pois aspectos emocionais podem influenciar significativamente o padrão alimentar infantil. Estresse, ansiedade, ou o uso da comida como recompensa ou consolação podem levar a alterações no comportamento alimentar;
- fatores socioeconômicos, considerando que questões relacionadas à renda familiar impactam diretamente a qualidade da alimentação. Famílias com menor poder aquisitivo frequentemente têm acesso limitado a alimentos nutritivos, recorrendo mais aos ultraprocessados, que são mais baratos e calóricos.
Consequências da obesidade infantil
Os possíveis reflexos estendem-se muito além da infância, criando complicações que podem persistir ao longo de toda a vida.
A situação é ainda mais preocupante quando se considera a quantidade de afetados. De acordo com dados do Atlas da Obesidade Infantil no Brasil, três a cada dez crianças brasileiras entre cinco e nove anos estão fora do peso considerado adequado.
Sem as ações necessárias, é provável que o Brasil assuma até 2030 o posto de quinto colocado na lista de países com mais pequenos dentro de um quadro de obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade Infantil.
Impactos no metabolismo
Crianças com excesso de peso têm maior probabilidade de desenvolver resistência à insulina já na infância, o que incrementa significativamente a chance de diabetes tipo 2 ainda na adolescência ou já na vida adulta.
Alterações no perfil lipídico também são comuns, com elevação precoce do colesterol ruim (LDL) e dos triglicérides. Esses fatores aumentam o risco cardiovascular.
Complicações cardiológicas
Por falar no coração, é provável que todo sistema cardiovascular seja atingido por uma sobrecarga considerável por conta do peso corporal adicional.
Esse quadro gera maior predisposição para hipertensão arterial já na adolescência, estabelecendo um padrão que frequentemente persiste na fase adulta.
A situação aumenta a probabilidade de quadros cardiovasculares futuros, incluindo infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.
Repercussões em ossos e articulações
O peso excessivo força estruturas ainda em desenvolvimento, especialmente joelhos, quadris e coluna vertebral. A carga adicional acelera o desgaste das cartilagens e pode levar a problemas de postura.
A limitação da mobilidade cria um ciclo prejudicial em que a dificuldade de movimentação leva à redução da atividade física, contribuindo para maior acúmulo de peso.
Impactos psicológicos e sociais
Não se deve subestimar as repercussões sobre a saúde mental decorrentes dos perigos da obesidade infantil. Questões relacionadas à autoestima e aceitação social podem levar à depressão, ansiedade e ao isolamento social.
Bullying e discriminação são outros obstáculos frequentes para crianças com excesso de peso, podendo gerar traumas que afetam o desenvolvimento da personalidade e as habilidades sociais e emocionais.
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Recomendações para evitar os perigos da obesidade infantil
Do mesmo modo que acontece em adultos, as estratégias para prevenir esse quadro funcionam melhor quando aplicadas de forma integrada.
Alimentação equilibrada e educação nutricional
Estabelecer um padrão nutricional adequado desde os primeiros anos de vida é fundamental para prevenir o excesso de peso.
É importante incluir frutas, verduras, legumes e grãos integrais em pratos preparados em casa na rotina alimentar da criança, limitando o consumo de alimentos industrializados (sobretudo os já mencionados ultraprocessados).
Estabelecer horários regulares para as refeições e criar um ambiente tranquilo para comer também contribui para hábitos alimentares saudáveis.
A orientação de especialista em Nutrição é fundamental para implementar um plano personalizado.
Estímulo à atividade física regular
A prática constante de exercícios é essencial tanto para a prevenção quanto para o tratamento dos perigos da obesidade infantil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes se movimentem com atividades direcionadas, ao menos, por 60 minutos por dia.
As atividades precisam ser adequadas à idade e às preferências da criança, tornando-se prazerosas e não obrigatórias. Brincadeiras ao ar livre, esportes, dança e jogos ativos podem ser incorporados naturalmente no dia a dia.
Em paralelo, reduzir o tempo gasto em frente às telas é essencial para combater o sedentarismo. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta que crianças de cinco a nove anos não permaneçam mais do que duas horas na frente de dispositivos eletrônicos, sempre com a supervisão dos responsáveis.
Acompanhamento médico regular
Nas visitas periódicas ao consultório, o profissional pode identificar precocemente sinais de acúmulo excessivo de peso e orientar intervenções adequadas.
Exames complementares podem ser necessários para avaliar possíveis complicações metabólicas, especialmente se já existe sobrepeso ou obesidade estabelecida. Em muitos casos, pode haver encaminhamento para outras especialidades, como a Cardiopediatria.
Suporte psicológico e familiar
O suporte emocional é crucial no processo. Psicólogos especializados em crianças podem auxiliar no desenvolvimento de relação saudável com a alimentação e na melhora da autoestima.
Em conjunto, mudanças de hábitos devem ser implementadas no ambiente doméstico para serem efetivas e duradouras, fazendo do envolvimento de toda a família algo essencial.
Tudo isso reforça como as medidas preventivas e de supervisão profissional contribuem para um desenvolvimento saudável e reduzem substancialmente os perigos da obesidade infantil.
Fontes:
[…] controle do peso adequado, diminuindo o risco de obesidade infantil; […]
[…] obesidade. […]