A hipertensão é uma condição grave de saúde que atinge pelo menos 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo, segundo números divulgados recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que a pressão alta é mais comum na população idosa.
Uma pesquisa conduzida em 2018, pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), aponta que mais de 60% de pessoas com idade acima de 65 anos convivem com a enfermidade.
Com esses números em vista, fica cada vez mais evidente a necessidade de entender as causas, sintomas e as formas de prevenção na população mais madura.
Particularidades da pressão alta em idosos
A elevação da pressão arterial (PA) é causada principalmente por alterações fisiológicas (relacionadas ao funcionamento do organismo), apontam as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial.
Com o envelhecimento natural do corpo, os vasos sanguíneos perdem elasticidade e tornam-se mais rígidos, o que dificulta o fluxo adequado do sangue, explica a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Essa redução na flexibilidade prejudica a capacidade dos vasos de relaxarem rapidamente durante o bombeamento rítmico do coração. Como resultado, a pressão arterial aumenta significativamente durante a contração do coração, conhecida como sístole.
Outros fatores, como histórico familiar, sedentarismo (falta de atividade física), alimentação inadequada e rica em sódio, obesidade, consumo em excesso de álcool, tabagismo, diabetes e dislipidemia (colesterol alto) também são considerados como fatores de risco para o desenvolvimento da condição.
Hipertensão sistólica isolada chama atenção
Assim como na população adulta, a pressão alta em pessoas mais velhas ocorre quando os valores da pressão arterial sistólica (PAS), ou seja, quando o coração está contraído, ultrapassam 140 mmHg; e os da diastólica (PAD), com o órgão relaxado, excedem 90 mmHg.
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, um fenômeno observado particularmente a partir dos 50 anos é o aumento da PAS e diminuição da PAD. Essa diferença é chamada de pressão de pulso (PP).
Antigamente, acreditava-se que a diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica fosse natural do envelhecimento e sem grande relevância clínica. Consequentemente, não havia recomendação de tratamento específico.
Com o avanço das pesquisas, porém, descobriu-se que idosos com PAS e PP elevadas têm maior probabilidade de desenvolver complicações cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), além do aumento do risco de demência e de outras complicações relacionadas ao envelhecimento.
Por isso, entende-se atualmente que é necessário o cuidado e acompanhamento médico também com a hipertensão sistólica isolada e aumento da pressão de pulso – seja do cardiologista ou do geriatra.
Com o Cartão dr.consulta, é possível fazer o monitoramento da pressão arterial em consultas com diferentes especialistas e exames, o que ajuda a identificar possíveis alterações.
Incluído no benefício está o programa Viva Bem, que traz orientações por WhatsApp sobre controle da pressão alta, diabetes e colesterol alto (dislipidemia) e consultas de enfermagem on-line para acompanhamento da saúde do paciente.
No início, condição é silenciosa para todos
Um dos desafios para a identificação da pressão elevada é, justamente, a percepção de que algo está acontecendo. Isso porque os sintomas, em qualquer faixa etária, costumam aparecer em estágio descontrolado do caso.
Quando eles são notados, o paciente pode sentir ou ter:
- dores de cabeça intensas;
- tontura;
- episódios de vômito;
- falta de ar;
- agitação;
- zumbidos no ouvido;
- visão embaçada.
Hábitos saudáveis são importantes para o tratamento e prevenção
Quando diagnosticada, a pressão alta é tratada com o uso de medicamentos específicos. Alterações no estilo de vida e cuidados com a saúde são também recomendados tanto para o controle quanto para evitar a enfermidade.
As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial recomendam para o controle da condição:
- monitorar periodicamente a pressão (em casa, no consultório ou em exames específicos, como o MAPA);
- controlar enfermidades associadas, como diabetes e colesterol alto, e o peso corporal;
- no caso de idosos, garantir que os métodos de redução da pressão arterial não resultem em hipotensão (pressão baixa);
- praticar atividade física regularmente e evitar o sedentarismo;
- não fumar;
- moderar o consumo de bebidas alcoólicas;
- manter uma alimentação saudável, evitando especialmente o excesso de sal (sódio), gorduras e ultraprocessados.