Entenda de uma vez por todas o que é o reumatismo

Embora seja amplamente utilizada no dia a dia, a palavra “reumatismo” não corresponde a uma condição médica específica, mas a um grupo de mais de 100 diferentes alterações, conforme indica a Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Por isso, compreender o que realmente engloba o conceito de reumatismo é fundamental para ampliar a conscientização e esclarecer dúvidas sobre essas enfermidades, que podem surgir em qualquer fase da vida.

O que se conhece como reumatismo

O termo abrange um extenso conjunto de disfunções reumáticas caracterizadas pela presença de um estado inflamatório crônico, que pode levar à deterioração das estruturas afetadas se não forem tratadas adequadamente.

Elas compartilham características similares, mas a evolução varia caso a caso. Entre as similaridades, está a capacidade de afetar o sistema musculoesquelético e causar inflamação em diferentes partes do corpo. 

Podem atingir articulações, músculos, tendões, ligamentos (chamados de tecidos moles), ossos e até mesmo órgãos internos.

A inflamação faz com que surjam sinais como dor, inchaço, vermelhidão, aumento da temperatura local e limitação dos movimentos. Essa resposta pode ser desencadeada por diferentes fatores, incluindo alterações no sistema imunológico, predisposição genética, elementos ambientais e infecções.

É importante destacar que nem toda dor articular ou muscular representa necessariamente um distúrbio reumático. Lesões, pancadas, sobrecarga física ou outros estados clínicos podem causar sintomas similares. Por isso, a avaliação médica especializada, como a do reumatologista, é essencial para o diagnóstico correto.

Vale destacar também que, embora o reumatismo seja associado, muitas vezes, apenas a pessoas idosas, o quadro pode se manifestar ainda na infância, acompanhando o indivíduo por toda a vida adulta.

Características gerais das condições reumatológicas

Para compreender melhor o que define o reumatismo, vale sempre lembrar traços que podem ser encontrados nesse conjunto de patologias:

• natureza crônica, com sintomas que persistem por períodos prolongados;
• potencial progressivo, podendo causar danos permanentes se não houver tratamento;
• impacto funcional, interferindo nas atividades cotidianas e na qualidade de vida;
• componente inflamatório, mesmo quando não visível externamente.
• associação com desequilíbrios metabólicos e autoimunes.

Principais tipos de reumatismo

Trata-se de um grupo bastante diverso, abrangendo do desgaste das articulações a condições autoimunes complexas.

Artrite reumatoide

Uma das condições autoimunes mais conhecidas, caracteriza-se pela inflamação crônica das articulações. O sistema imunológico ataca os próprios tecidos que amortecem o contato entre os ossos, causando dor, rigidez e deformidades progressivas.

A artrite reumatoide afeta duas vezes mais as mulheres em comparação aos homens, conforme aponta o Ministério da Saúde.

A disfunção também pode interferir em órgãos internos, como o coração, pulmões e olhos, por conta da inflamação crônica, embora isso seja raro.

Osteoartrite

Também conhecida como artrose, essa é a forma mais comum de artrite, resultante do desgaste natural das cartilagens.

Diferentemente da artrite reumatoide, não tem origem autoimune, sendo considerada uma condição degenerativa relacionada ao envelhecimento.

A osteoartrite afeta principalmente estruturas que suportam peso corporal, como joelhos, quadris e coluna vertebral. Sua progressão é bastante lenta e é influenciada por fatores como obesidade, sobrecarga física e predisposição genética.

Lúpus eritematoso sistêmico

Distúrbio autoimune capaz de atingir praticamente qualquer órgão do corpo. Isso significa que ele atua sobre as articulações, a pele, rins, coração, pulmões e o sistema nervoso.

O lúpus é reconhecido pela presença de anticorpos que atacam tecidos saudáveis do próprio organismo. Também segundo o Ministério da Saúde, é mais comum em mulheres entre 15 e 40 anos, alternando períodos de atividade e remissão (ou seja, em que a queixa desaparece).

Fibromialgia

Quadro reconhecido principalmente pela dor crônica generalizada, acompanhada de fadiga e distúrbios do sono.

A fibromialgia não gera inflamação visível ou deformidades articulares, o que dificulta o diagnóstico. Apesar disso, provoca impacto significativo na qualidade de vida.

Essa condição se manifesta principalmente em mulheres entre 30 e 60 anos e está relacionada a alterações no processamento da dor pelo sistema nervoso. Frequentemente, coexiste com quadros de depressão e de ansiedade.

Gota

Tipo de reumatismo causado pelo acúmulo de cristais de ácido úrico entre articulações, provocando crises extremamente dolorosas.

O prejuízo está diretamente relacionado à hiperuricemia no sangue, que pode ser influenciada pela alimentação ou pela dificuldade do organismo em eliminar o excesso do ácido úrico.

As crises de gota geralmente começam no dedão do pé, mas podem ocorrer em outras regiões, como joelhos. 

A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) indica que essa alteração é mais comum em homens após os 40 anos. Episódios futuros são preveníveis com mudanças na dieta e uso de medicamentos específicos.

Sintomas comuns do reumatismo

Os incômodos observados em condições reumatológicas variam significativamente, dependendo do tipo de disfunção, da gravidade e do estágio da condição. A seguir, estão detalhados alguns sinais e sintomas que se repetem em muitos casos de reumatismo.

Manifestações articulares

A dor nas articulações pode variar em intensidade, localização e características. Algumas pessoas sentem o incômodo constante, enquanto outras percebem que o desconforto piora em determinados momentos do dia ou diante de climas específicos.

A rigidez matinal é particularmente comum em quadros inflamatórios, como a artrite reumatoide. Nesse caso, as juntas permanecem “enrijecidas” por períodos prolongados após o despertar. A rigidez pode durar de alguns minutos até várias horas.

O inchaço aparece como resultado da inflamação local e do acúmulo de líquido. O sintoma pode ser acompanhado de vermelhidão, aumento da temperatura local e redução da mobilidade.

Sintomas sistêmicos

Muitos podem ir além dos que atingem as articulações. A fadiga, por exemplo, é uma queixa extremamente comum, podendo ser bastante limitante. A exaustão não melhora com repouso e interfere nas atividades do dia a dia.

Febre baixa e mal-estar geral podem acompanhar períodos de maior atividade da condição, especialmente em doenças autoimunes, como o lúpus.

Por fim, indivíduos atingidos constantemente relatam sintomas de natureza psiquiátrica, incluindo aqueles similares a quadros de depressão e de ansiedade.

Limitações funcionais

A progressão das condições reumatológicas pode resultar em restrição gradual dos movimentos, afetando a capacidade de realizar atividades simples, como subir escadas ou caminhar distâncias maiores.

Deformidades podem surgir se não houver tratamento adequado antes que haja progresso da enfermidade, sendo mais comuns na artrite reumatoide.

Como o reumatologista diagnostica e trata um reumatismo

A consulta com o especialista começa com uma avaliação clínica detalhada, na qual são investigados os sintomas, evolução, fatores desencadeantes e histórico familiar.

O exame físico minucioso permite ao especialista identificar sinais de inflamação, avaliar a amplitude dos movimentos e detectar possíveis deformidades.

Atualmente, a identificação correta do reumatismo representa um desafio em vários casos, uma vez que não existe exame único capaz de confirmar ou excluir definitivamente a maioria das manifestações do quadro.

Exames complementares

Exames laboratoriais específicos auxiliam nesse processo de investigação. Marcadores inflamatórios, como a proteína C reativa, indicam a presença e a intensidade de uma inflamação.

Testes imunológicos, incluindo fator reumatoide e anticorpos específicos, são fundamentais para identificar gatilhos autoimunes quando há essa suspeita.

Adicionalmente, exames de imagem como radiografias, ultrassom e ressonância magnética ajudam a visualizar alterações estruturais em ossos, articulações, tendões e outros tecidos moles. 

Para contribuir com o acesso a essas avaliações foi criado o Cartão dr.consulta. Com ele, é possível economizar em consultas com reumatologistas e exames especializados, contribuindo para o diagnóstico precoce e acompanhamento adequado das condições reumatológicas. 

Além disso, há suporte por meio de programas de saúde personalizados e a possibilidade de realizar consultas on-line com enfermeiros para sanar dúvidas e receber orientações.

Possíveis tratamentos para o reumatismo

As abordagens nesse sentido evoluíram significativamente nas últimas décadas, incorporando medicamentos mais eficazes e cuidados personalizados.

Os remédios mais utilizados incluem anti-inflamatórios, corticosteroides, medicamentos modificadores da doença e agentes biológicos.

Esses últimos representam uma revolução no tratamento, oferecendo controle mais efetivo da inflamação e prevenção de danos articulares progressivos.

No entanto, o manejo eficaz do reumatismo frequentemente envolve atenção multidisciplinar, com participação de fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, entre outros profissionais. Essa integração proporciona melhores resultados.

A fisioterapia, por exemplo, desempenha papel fundamental na manutenção da mobilidade, fortalecimento muscular e alívio da dor.

Já o suporte psicológico oferece mecanismos emocionais para enfrentar a dor e as limitações, enquanto o nutricionista pode ajustar a alimentação, o que também favorece melhor controle.

Recomendações preventivas

Embora o componente genético esteja presente em muitos casos desse tipo de manifestação, diversas medidas preventivas podem reduzir o risco de desenvolvimento ou retardar a progressão das patologias.

A prevenção baseia-se principalmente na adoção de um estilo de vida saudável e no controle de fatores de risco modificáveis. As principais ações incluem:

• manutenção do peso corporal adequado, já que o excesso de peso é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de osteoartrite, especialmente em articulações que suportam o peso, como joelhos e quadris;
• prática regular de exercícios físicos, já que a atividade física fortalece os músculos e melhora a flexibilidade. Exercícios de baixo impacto, como natação, caminhada e alongamentos, são particularmente benéficos;
• alimentação equilibrada, evitando alimentos ricos em sal, gordura e açúcar e privilegiando os que são fontes de cálcio e de ômega-3;
• controle do estresse, considerando que a tensão crônica pode desencadear ou agravar síndromes autoimunes por meio de alterações no sistema imunológico;
• acompanhamento médico preventivo, pois consultas e exames regulares permitem a identificação precoce de condições reumatológicas, prevenindo danos articulares irreversíveis.

Em resumo, com diagnóstico precoce e adesão ao tratamento indicado, é possível controlar os sintomas e manter a qualidade de vida.

Fontes:

• Ministério da Saúde;
• Ministério da Saúde;
• Ministério da Saúde;
• Ministério da Saúde;
• Sociedade Brasileira de Reumatologia;
• Sociedade Brasileira de Reumatologia;
• Sociedade Brasileira de Reumatologia.