Secreção no olho nem sempre é remela. Entenda

É muito comum notar uma pequena quantidade de secreção nessa região ao despertar, conhecida popularmente como remela. 

Na maioria das vezes, a substância é composta apenas por muco, oleosidade, células epiteliais e poeira, acumulados durante o sono. 

Porém, em determinadas situações, principalmente se houver mudanças em seu aspecto, ela pode estar associada a condições oculares.

Quando a secreção no olho exige atenção

Alguns sinais servem de alerta para a necessidade de avaliação por um oftalmologista. São eles:

• alteração na cor e/ou odor forte;
• aumento do volume;
• dificuldade de abrir os olhos ao acordar;
• presença de outros sintomas locais, como dores, vermelhidão intensa, inchaço, visão embaçada ou sensibilidade acentuada à luz;
• piora progressiva do quadro em poucos dias;
• manifestações paralelas, a exemplo de febre e/ou mal-estar geral.

Isso porque, nesses casos, o fluido é, na verdade, um indício das chamadas “síndromes do olho vermelho” – conjunto de patologias inflamatórias que afetam diferentes partes do órgão.

Elas incluem conjuntivite, ceratite, episclerite e uveíte, de acordo com a revisão publicada no Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, e precisam de um diagnóstico correto para o início imediato do tratamento adequado.

Além da análise clínica e histórico do paciente, o especialista também pode solicitar procedimentos complementares, como teste de fluoresceína (para identificar lesões na superfície ocular) ou cultura da secreção.

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Tipos de secreção e tratamentos

O mesmo artigo explica que, conforme a causa subjacente, a secreção no olho pode ser classificada como:

• aquosa e clara – geralmente ligada à conjuntivite viral (infecção na membrana transparente que reveste a parte branca do órgão);
• espessa e amarelada/esverdeada – comum na conjuntivite bacteriana. Costuma ser mais intensa e acompanhada de irritações e colamento das pálpebras;
• mucosa e viscosa – frequentemente relacionada à conjuntivite alérgica, que também provoca coceira, lacrimejamento e fotofobia;
• espumosa ou oleosa – sinal de blefarite, uma inflamação nas bordas das pálpebras associada à disfunção das glândulas meibomianas.

Dessa forma, o manejo terapêutico também depende diretamente da origem, podendo envolver colírios antibacterianos, antivirais ou anti-histamínicos, lubrificantes oculares e a limpeza rigorosa da área para reduzir os incômodos.

Como evitar complicações

Para prevenir as condições responsáveis pelo sintoma (ou sua evolução), como apontado no estudo sobre o surto de conjuntivite aguda em Recife entre 2017 e 2018, na Revista Brasileira de Oftalmologia, é fundamental manter boas práticas de higiene e tomar alguns cuidados básicos no dia a dia, incluindo:

• lavar as mãos corretamente (sobretudo antes de tocar à região);
• não compartilhar toalhas, maquiagem ou colírios;
• limpar as lentes de contato como recomenda o médico e o fabricante;
• utilizar óculos com proteção UV;
• evitar ambientes com alta exposição a poeira ou fumaça.

Vale ressaltar ainda que o uso de medicamentos deve ser feito apenas com orientação profissional, já que a automedicação pode agravar o quadro.

Embora pareça inofensiva, a secreção no olho não deve ser ignorada. Observar alterações em sua aparência e outras manifestações para saber quando consultar um oftalmologista pode fazer toda a diferença na preservação da saúde ocular. 

Fontes:

• Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences;
• Revista Brasileira de Oftalmologia – Blefarite: epidemiologia, etiologia, apresentações clínicas, tratamento e evolução;
• Revista Brasileira de Oftalmologia – Surto de conjuntivite aguda no período de 2017-2018 em Recife, Brasil.