Conheça os tipos mais comuns de transtornos de ansiedade

Entender os tipos mais comuns de transtornos de ansiedade, os sintomas associados e as possibilidades de tratamento são medidas fundamentais para promover o cuidado com a saúde mental de modo integral.

É relevante ressaltar que sentir-se ansioso frente a um desafio é uma reação natural do corpo humano. Esse é um mecanismo de proteção importante nas mais variadas circunstâncias.

Quando esse estado se intensifica ou se prolonga de forma inadequada, ele talvez componha o que caracteriza um transtorno de ansiedade. Como não poderia deixar de ser, isso afeta diretamente a qualidade de vida de quem convive com ele.

Entendendo a ansiedade de modo amplo

O conjunto de traços ansiosos do organismo humano se evidencia como resposta diante de cenários percebidos como ameaçadores, sendo uma espécie de preparação para enfrentar uma perspectiva negativa no futuro.

Isso faz do transtorno algo diferente do medo, em que a reação costuma ser definida frente a uma ameaça palpável e imediata.

Seja como for, a ansiedade natural tende a ser passageira. No entanto, às vezes, ela se torna persistente, sobretudo se manifestando por sinais que incluem:

• preocupação excessiva;
• a percepção de que é muito difícil controlar o receio;
• inquietação e irritabilidade;
• cansaço e fadiga;
• redução da capacidade de concentração;
• alterações no sono (torna-se um desafio pegar no sono ou manter-se dormindo).

O indivíduo ansioso tem ainda reflexos no organismo, sentidos por indicadores como:

• aceleração do coração;
• aperto no peito;
• dificuldade para respirar;
• transpiração sem esforço físico (a percepção de suar frio vem daí);
• náuseas, diarreias ou vômitos;
• tensão muscular, o que torna áreas do corpo rígidas e doloridas.

Entre os sinais de alerta para a busca de assistência especializada estão a presença do sentimento na maior parte do tempo (por semanas ou meses) e prejuízo no trabalho, estudos ou relações sociais.

A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 300 milhões de pessoas sejam afetadas por disfunções do gênero em todo o mundo.

As principais disfunções ansiosas capazes de prejudicar a saúde mental

A definição dos transtornos de ansiedade tem como princípio o entendimento que os quadros do tipo não são todos exatamente iguais, embora compartilhem um conjunto central de perturbações.

No mais, os fatores que desencadeiam tal condição psíquica são resultados de uma interação complexa, que vão de características individuais (histórico familiar, traços de personalidade) até o ambiente em que a pessoa cresce e vive (o que gera a exposição a traumas e estresse, entre outros elementos).

Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

Caracteriza-se pela presença constante de preocupação desproporcional com diversas áreas da vida como saúde, finanças ou relacionamentos, inclusive se não há um motivo concreto. Os sintomas são persistentes e duram, em geral, por seis meses ou mais.

Esse quadro causa a impressão contínua (por isso o termo “generalizada“) de que algo ruim está prestes a acontecer, dificuldade para relaxar e fadiga crônica; muito por conta de um estado permanente de alerta.

Transtorno de pânico

Manifesta-se por meio de crises súbitas e intensas de medo, acompanhadas de desconfortos físicos como:

• falta de ar;
• tremores;
• suor excessivo;
• dor no peito;
• sensação de descontrole ou de que se vai desmaiar ou morrer.

As crises (chamadas de ataques de pânico) podem dar as caras na ausência de um gatilho específico, levando ao temor constante de novos episódios.

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Como complemento, o programa Cuidar da Mente disponibiliza o suporte de uma equipe especializada, que oferece orientações e tira dúvidas para tornar a assistência mais prática e personalizada. 

Fobia social (ou ansiedade social)

Envolve o receio intenso de circunstâncias em que possa haver julgamento ou observação por outros. Isso inclui falar em público, participar de reuniões ou até interações simples como fazer um pedido em um restaurante.

Essa condição compromete a vida escolar, profissional e afetiva, principalmente por desencadear obstáculos de comunicação e o desejo persistente de evitar interações sociais.

Agorafobia

Esse transtorno está relacionado à dificuldade de estar em locais nos quais seria difícil sair ou receber ajuda caso necessário, como em transportes públicos, multidões e ambientes fechados.

Como consequência, a agorafobia leva ao isolamento progressivo e, em casos mais graves, à evitação completa de estar em público.

Fobias específicas

Referem-se a um terror intenso e incompatível de certos objetos, animais, ambientes ou situações. Os gatilhos variam, podendo incluir:

• altura;
• sangue ou agulhas;
• tempestades;
• viajar de avião;
• determinados animais, como baratas ou cães.

A interação com o objeto fóbico (ou seja, causador do medo) costuma provocar ansiedade imediata e incontrolável. 

Transtorno de ansiedade de separação

Mais comum em crianças, mas aparece também em adolescentes e em adultos. Consiste na angústia ao ficar longe de uma figura de apego, como pais, filhos ou parceiros.

Os sinais característicos incluem precaução exagerada com a segurança da pessoa ausente e a recusa em sair do ambiente familiar ou ficar em um cômodo sozinho (para dormir, inclusive) sem companhia.

Transtornos induzidos por substâncias ou condições médicas

Certas substâncias, como álcool e drogas, frequentemente desencadeiam sintomas ansiosos. Da mesma forma, alterações hormonais, neurológicas ou metabólicas estão eventualmente envolvem, eventualmente, certa tensão.

Assim, o termo engloba os transtornos que podem ter esse tipo de alteração fisiológica como explicação para a disfunção.

Etapas para o diagnóstico dos tipos mais comuns de transtornos de ansiedade

Não existe um exame laboratorial de sangue ou imagem para grande parcela desses casos, salvo diante da necessidade de avaliar e descartar algum componente fisiológico associado aos desequilíbrios ansiosos (como a funcionalidade da tireoide, por exemplo).

Assim sendo, a confirmação é realizada idealmente por psiquiatras e psicólogos, com base na escuta qualificada, em questionários validados e em escalas clínicas.

De qualquer maneira, talvez sejam necessários alguns atendimentos para se ter uma conclusão precisa a respeito de cada quadro.

As opções de tratamento disponíveis para os transtornos de ansiedade

A abordagem de tais complicações de saúde mental é individualizada, podendo incluir diferentes recursos conforme a gravidade e o impacto no cotidiano. De qualquer maneira, elas costumam passar por psicoterapia, medicação ou uma combinação de ambos.

Psicoterapia

O suporte psicoterapêutico é um ponto central da recuperação da maioria dos episódios ansiosos, especialmente se a intensidade do desconforto é leve ou moderada. A abordagem mais recomendada costuma ser a terapia cognitivo-comportamental, que:

• permite identificar pensamentos intrusivos;
• ensina técnicas para enfrentamento das situações temidas;
• promove mudanças de comportamento para o manejo da ansiedade.

Casos de fobia específica se beneficiam de terapias de exposição, que permitem o contato gradual com o objeto temido até que o medo se reduza.

Tratamento medicamentoso

Quadros mais acentuados exigem o uso de medicamentos para o devido controle. Entre os principais fármacos utilizados estão:

• antidepressivos, para controle de longo prazo;
• ansiolíticos, para uso pontual em crises agudas.

O acompanhamento cuidadoso com um psiquiatra é essencial para definir a medicação mais adequada e monitorar possíveis efeitos colaterais.

Mudanças no estilo de vida

Por fim, ações complementares que contribuem para a melhora da saúde mental de modo geral estão sempre na lista de recomendações:

• prática regular de atividades físicas;
• alimentação equilibrada;
• técnicas de respiração e meditação;
• higiene do sono;
• limitação do consumo de cafeína, de álcool e de cigarro.

Com orientação especializada e adesão às recomendações terapêuticas, a maioria consegue reduzir significativamente seus sintomas e retomar suas atividades cotidianas com maior tranquilidade.

Essas medidas são igualmente indicadas mesmo quando não há o diagnóstico de um dos tipos mais comuns de transtornos de ansiedade, já que contribuem para o bem-estar geral e a prevenção de contratempos de natureza psiquiátrica em qualquer etapa da vida.

Fontes:

• Jornal Brasileira de Psiquiatria;
• National Library of Medicine;
• Organização Mundial de Saúde;
• Revista Brasileira de Saúde Ocupacional;
• Revista Psicologia e Saúde;
• The Journal of American Medical Association;
• The Lancet.