Colecistite pode ser aguda ou crônica. Entenda a diferença

A inflamação que acomete a vesícula biliar (órgão responsável por armazenar a bile, substância produzida pelo fígado que auxilia na digestão de gorduras) é conhecida como colecistite.
A principal função desse órgão é armazenar e concentrar a bile, um fluido digestivo composto por água, sais biliares, pigmentos, bem como colesterol.
Durante as refeições, principalmente após o consumo de alimentos ricos em gordura, ela libera o líquido no intestino delgado através do ducto cístico (um canal que conecta os dois órgãos) para facilitar o processo digestivo. Essa liberação, quando interrompida, pode desencadear processos inflamatórios.
Apesar de ser uma condição frequentemente associada à presença de cálculos, ela pode se manifestar de forma súbita ou progressiva. E, quando não identificada ou tratada adequadamente, pode evoluir para quadros mais graves.
A colecistite e seus diferentes tipos
Na maioria das vezes, ela está relacionada à obstrução do ducto cístico por cálculos (pedras – também chamada de litíase biliar), dificultando o escoamento da bile.
Nem toda colecistite é igual
A inflamação pode se manifestar de diferentes formas, variando em intensidade, duração e impacto no organismo. Por isso, é importante entender as diferenças:
Aguda
Manifesta-se de forma súbita, geralmente com dor abdominal intensa na região superior direita, febre e náuseas. É mais frequentemente provocada por cálculos que bloqueiam o ducto cístico.
Esse tipo merece atenção especial, pois pode evoluir para complicações sérias, como perfuração, infecção generalizada, formação de abscessos (acúmulo de pus), peritonite (inflamação da membrana do abdômen), pancreatite e até obstrução intestinal causada por migração de cálculos.
Crônica
Desenvolve-se ao longo do tempo, com episódios repetitivos e leves, geralmente relacionados ao mau esvaziamento da vesícula. Pode evoluir com crises intermitentes de dor e desconforto, principalmente após refeições gordurosas.

Sintomas que merecem atenção
Embora alguns indivíduos convivam com a situação sem manifestações clínicas, a colecistite costuma gerar sinais claros de alerta. Os mais relatados incluem:
- dor intensa e persistente no lado superior direito do abdômen, com irradiação para o ombro direito ou costas;
- náuseas e vômitos;
- febre;
- sensação de distensão (ou seja, inchaço ou pressão interna);
- icterícia (coloração amarelada da pele e olhos);
- urina escura;
- mal-estar generalizado.
A dor pode durar mais de 6 horas, o que a diferencia de episódios leves de cólica biliar.
Esses são indícios claros para buscar avaliação médica. Afinal, a consulta com um especialista permite identificar com precisão a origem dos sintomas, além de direcionar o tratamento adequado.
As causas mais comuns da colecistite e fatores de risco
A principal origem está nos cálculos formados pela concentração elevada de colesterol. Cerca de 75% dos casos de litíase biliar têm essa origem, conforme artigo do Jornal da USP.
Além disso, o acúmulo de bile espessa (conhecida como “lodo biliar”) também pode contribuir para o desenvolvimento da inflamação. Algumas situações aumentam a predisposição ao quadro:
- obesidade e sobrepeso;
- dietas ricas em gordura e carboidratos refinados;
- sedentarismo;
- diabetes mellitus;
- histórico familiar;
- uso prolongado de anticoncepcionais;
- gravidez;
- rápida perda de peso;
- idade avançada;
- sexo feminino (principalmente mulheres que já engravidaram).
Com o Cartão dr.consulta, o acompanhamento de condições como essa vai além do diagnóstico: ele conecta pacientes a um programa de cuidados contínuos, com foco em prevenção e acesso facilitado a especialistas, bem como orientações personalizadas.
Essa estrutura garante mais segurança, comodidade e direcionamento em cada etapa da jornada de saúde.

Como é feito o diagnóstico da colecistite?
O exame físico costuma revelar sensibilidade à palpação abdominal, principalmente durante a realização do chamado sinal de Murphy (interrupção da inspiração profunda devido à dor quando a área é pressionada).
No entanto, para confirmação do diagnóstico, o principal exame solicitado é a ultrassonografia do abdômen, que permite visualizar cálculos e presença de líquido ao redor.
Outros exames complementares que podem ser utilizados incluem:
- hemograma completo (para avaliar presença de infecção);
- testes de função hepática;
- HIDA scan (cintilografia com ácido iminodiacético) para verificar a funcionalidade da vesícula;
- tomografia ou ressonância magnética, em casos mais complexos ou com suspeita de complicações.
O tratamento mais indicado
Segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, a recomendação padrão para a maioria dos casos é a colecistectomia (cirurgia para retirada da vesícula biliar).
Essa intervenção pode ser feita por videolaparoscopia, uma técnica minimamente invasiva com rápida recuperação, menor dor pós-operatória e risco reduzido de infecção.
A remoção do órgão não interfere na digestão, uma vez que o fígado continua produzindo bile normalmente.
Em geral, não há necessidade de dietas restritivas após a cirurgia, embora alguns pacientes relatem desconforto temporário ao consumir alimentos gordurosos.

5 práticas para reduzir o risco de colecistite
Embora nem sempre seja possível evitar completamente a formação de cálculos, alguns fatores contribuem para o bom funcionamento do sistema digestivo como um todo:
- manutenção do peso corporal adequado;
- alimentação equilibrada, com menor consumo de gorduras e maior ingestão de fibras;
- prática regular de atividade física;
- controle de condições associadas como diabetes e colesterol elevado;
- cuidado com jejuns prolongados e dietas com perda rápida de peso.
Investir em prevenção, identificar sinais de alerta e contar com apoio profissional para orientar decisões são passos essenciais para quem deseja mais qualidade de vida. Afinal, a saúde responde ao equilíbrio entre bons hábitos e atenção especializada.
Fontes:
[…] colecistite aguda: inflamação da vesícula; […]