Cálculo biliar costuma ser silencioso, mas exige cuidado

Também chamado de litíase ou pedra na vesícula, o cálculo biliar é uma condição bastante frequente entre adultos e, em especial, mulheres a partir dos 40 anos.
Embora nem sempre gere sintomas, o diagnóstico e o acompanhamento são fundamentais para evitar complicações que envolvem o fígado, o pâncreas e todo o trato digestivo.
O cálculo biliar
A vesícula é um pequeno órgão cuja função principal é armazenar e concentrar a bile, uma substância produzida pelo fígado que auxilia na digestão de gorduras.
As pedras surgem quando há um desequilíbrio na composição desse líquido, favorecendo a cristalização de componentes como colesterol, bilirrubina e sais biliares.
Esses cristais se acumulam e endurecem ao longo do tempo, formando pequenas estruturas que variam de tamanho, desde grãos microscópicos até cálculos semelhantes a bolas de gude.
Cerca de 75% dessas formações estão relacionadas ao excesso de colesterol, conforme publicado no Jornal da USP. Além disso, segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, o quadro é comum e afeta cerca de 10 milhões de brasileiros.
6 sinais que indicam atenção
Os sintomas de cálculo biliar costumam ser confundidos com outras condições, como infarto, apendicite, gastrite e pancreatite.
Mesmo sem causar indícios na maior parte do tempo, as manifestações costumam surgir de forma rápida e forte, principalmente após refeições gordurosas ou durante a noite, sendo elas:
- dor abdominal intensa, principalmente na região superior direita do abdômen, frequentemente irradiando para as costas, ombro direito ou entre as escápulas (as “costas altas”);
- náuseas e vômitos, geralmente associados ao desconforto digestivo após a ingestão de alimentos gordurosos;
- sensação de estufamento, assim como desconforto abdominal e intolerância a comidas pesadas, pois elas se tornam difíceis de digerir;
- febre e calafrios, pois indicam inflamação ou infecção associada às vias biliares;
- icterícia, ou seja, amarelamento da pele e dos olhos;
- fezes claras e urina escura, devido a alterações causadas pela dificuldade de a bile chegar ao intestino e participar do processo digestivo.
Além desses sinais, também podem surgir arrotos frequentes, gases, indigestão e episódios de suor frio durante as crises de dor, embora menos específicas.

Fatores de risco mais observados
Alguns perfis e hábitos aumentam significativamente a chance de desenvolver cálculos na vesícula, sendo que os principais são:
- sexo feminino, principalmente em idade fértil ou que já passou por gestações;
- obesidade e sedentarismo;
- dietas ricas em gordura e carboidratos refinados;
- perda de peso rápida ou jejum prolongado;
- histórico familiar de cálculos;
- uso de anticoncepcionais e terapias com estrogênio;
- diabetes mellitus e alterações nos níveis de colesterol.
Certas populações também apresentam predisposição genética, como indígenas americanos e pessoas com anemias hereditárias.
A análise detalhada de cada pessoa, associada à avaliação clínica, permite ao especialista identificar se existe risco aumentado. Por isso, a consulta médica é indispensável.
Complicações possíveis
A presença do cálculo biliar, por si só, não é um indicativo de tratamento imediato. Afinal, muitos indivíduos descobrem o quadro de forma incidental, por meio de exames de imagem solicitados por outros motivos.
Nesses casos, a condição é apenas acompanhada, sem necessidade de intervenção. Por outro lado, quando há dor intensa ou complicações, é preciso atenção especializada devido a diagnósticos clínicos que exigem intervenção urgente, como:
- colecistite aguda: inflamação da vesícula;
- coledocolitíase: presença de pedras nos canais biliares principais;
- colangite: infecção generalizada das vias biliares;
- pancreatite aguda: inflamação do pâncreas, com índices relevantes de mortalidade.
Essas ocorrências envolvem internação hospitalar e, muitas vezes, cirurgia emergencial.
Diante desse cenário, contar com acesso facilitado a especialistas e acompanhamento contínuo, como o oferecido pelo Cartão dr.consulta, faz toda a diferença na jornada de saúde, pois gera mais segurança, comodidade e agilidade no atendimento.

Diagnóstico do cálculo biliar e tratamento
A principal ferramenta para confirmação diagnóstica é a ultrassonografia abdominal, por ser rápida, indolor e eficaz na identificação de cálculos e sinais inflamatórios. No entanto, outros testes complementares, quando necessários, incluem:
- ressonância magnética específica (colangiorressonância);
- tomografia computadorizada;
- análises laboratoriais (avaliação de enzimas hepáticas e pancreáticas);
- endoscopia com colangiopancreatografia retrógrada (ERCP), em casos de obstrução.
A avaliação médica completa é essencial para definir a conduta mais adequada. No entanto, o tratamento definitivo do cálculo biliar quando há sintomas é a retirada da vesícula, procedimento chamado de colecistectomia.
A técnica mais utilizada atualmente é a laparoscopia, método minimamente invasivo, que utiliza pequenas incisões e proporciona rápida recuperação.
E após a cirurgia, o que muda?
Após a retirada do órgão, o fígado continua produzindo o líquido normalmente. A diferença é que a substância passa a ser liberada continuamente no intestino, ou seja, sem o armazenamento e controle exercidos pela vesícula.
A maioria das pessoas adapta-se bem a essa nova dinâmica, retornando às atividades cotidianas em poucos dias. Quadros de diarreia leve e desconfortos digestivos nos primeiros dias são possíveis, mas costumam ser temporários.
De toda forma, é importante ter uma rotina mais saudável, sem excessos na alimentação.
Fontes: