Terapia não é tudo igual: conheça os tipos de abordagem
Uma das principais formas de cuidado com a saúde mental são os atendimentos com psicólogos. Mas nem todas as sessões de psicoterapia são idênticas.
Isso porque existem diferentes tipos de terapia, dependendo da abordagem escolhida pelo profissional responsável pelo atendimento.
No conteúdo a seguir, são detalhadas algumas práticas realizadas em consultório que podem ajudar a pessoa a escolher aquela que melhor se adequa às necessidades pessoais.
Entendendo cada abordagem psicoterapêutica
Segundo material elaborado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, existem cinco frentes que podem ser consideradas as principais metodologias terapêuticas. São elas:
1. Psicanálise
Elaborada por Sigmund Freud (1856-1939), tem como objetivo fazer com que o paciente consiga lidar com seus sofrimentos e seja capaz de comandar a própria vida, além das pressões internas e externas.
Para isso, o(a) psicanalista auxilia a pessoa a entrar em contato com seu inconsciente por meio da análise de sonhos, pensamentos, lembranças e desejos.
2. Terapia comportamental (behaviorista)
Também chamada de behaviorismo, essa vertente desenvolvida pelo psicólogo Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) busca compreender padrões comportamentais do indivíduo, suas causas e impactos na vida da pessoa.
Durante as sessões, o terapeuta investiga como determinados comportamentos foram adquiridos, as consequências geradas e verifica se eles aumentam ou diminuem a frequência de respostas futuras.
O(a) psicólogo(a) pode analisar pensamentos, emoções e intenções do paciente, tendo como objetivo promover o autoconhecimento para que ele consiga ter melhor controle de seus comportamentos.
3. Terapia cognitivo-comportamental
Embora o nome seja parecido com a abordagem anterior, ela é fundamentada pelo psiquiatra Aaron Becker (1921-2021) e ajuda a identificar as crenças e os padrões comportamentais do paciente que causam sofrimento.
Feito isso, o trabalho do(a) terapeuta é apresentar novas formas de encarar as situações e promover mudanças nas formas de agir e de lidar com as emoções.
4. Fenomenologia-Existencial
Baseada na corrente filosófica de mesmo nome e influenciada pelos pensamentos de Edmund Husserl (1859-1938) e Martin Heidegger (1889-1976), a abordagem busca compreender qual é o papel do indivíduo enquanto “ser no mundo”, sua busca por sentido e propósito de vida.
A ideia dessa vertente é explorar perspectivas, escolhas e sentimentos individuais, revelando a importância de que a pessoa enfrente conflitos e assuma suas responsabilidades como forma de desenvolver a autorrealização.
5. Abordagem Centrada na Pessoa
Idealizada por Carl Rogers, um dos fundadores da chamada psicologia humanista, auxilia a pessoa a se tornar protagonista da sua própria vida.
A abordagem parte do princípio de que o ser humano é livre para decidir suas próprias escolhas, mesmo que influenciado por fatores externos.
Nesse sentido, os atendimentos psicológicos buscam o desenvolvimento pessoal do indivíduo e de autoconhecimento para que ele consiga fazer as melhores escolhas para si.
Como funcionam as sessões de terapia
O atendimento pode ser individual ou em grupo e cada sessão costuma durar, em média, de 30 a 60 minutos. Durante a consulta, o paciente fica sentado em uma poltrona ou divã e relata suas reflexões ao especialista.
A modalidade de atendimento remoto é autorizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), sendo uma flexibilidade que permite o atendimento de forma on-line a pessoas que não conseguem comparecer presencialmente no consultório.
O CFP orienta que as sessões prezem por uma relação profissional e sigilosa entre o psicólogo e o paciente, com respeito, confidencialidade e fundamentação científica – seja no modelo remoto ou presencial.
Como escolher a melhor opção de terapia?
Decidir qual profissional e abordagem terapêutica funciona para cada pessoa depende, essencialmente, das necessidades e preferências individuais. Afinal, nem sempre o que funciona para um terá o mesmo efeito para o outro.
Por isso, é fundamental que a pessoa pesquise as abordagens disponíveis e converse com amigos que já vivenciaram diferentes tipos de atendimento para saber qual é aquela que melhor se adequa às suas demandas.
É importante também verificar o currículo, recomendações e se o(a) profissional escolhido está apto para exercer a função de psicólogo(a). Para isso, é possível realizar a consulta no site do CFP.
Com o Cartão dr.consulta, é possível marcar sessões com psicólogos de diferentes vertentes. Além disso, o paciente também pode fazer parte do programa Saúde Mental, que oferece suporte e orientações que contribuem para o bem-estar mental.
Por que cuidar da saúde mental
Depressão, ansiedade, bipolaridade… Cada vez mais casos de transtornos mentais estão sendo diagnosticados nas clínicas e hospitais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase 1 bilhão de indivíduos convivem com algum deles. No Brasil, ao menos 16 milhões de pessoas têm depressão, de acordo com números do Ministério da Saúde. A estimativa é que, até 2030, a condição será a mais comum no mundo todo.
Além dos números alarmantes, sabe-se também que a saúde mental está intimamente conectada a condições físicas, como dores crônicas, disfunções digestivas e complicações cardiovasculares.
Diante desse cenário, é sempre válido adotar medidas preventivas visando o cuidado com a saúde mental. A recomendação da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo inclui:
- manter uma alimentação saudável, a higiene do sono e relacionamentos com a família e amigos;
- praticar exercícios físicos regularmente, meditação, mindfulness, yoga e outras atividades relaxantes que estimulem o pensamento rápido e demais habilidades cognitivas;
- estar em contato com a natureza.
É importante compreender também que o atendimento psicoterapêutico não se restringe a momentos de crise ou exaustão mental.
Campanhas de conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde mental, como o Janeiro Branco, evidenciam como o processo de autoconhecimento ajuda o indivíduo a encarar melhor os obstáculos do dia a dia.
Por isso, buscar orientação profissional pode ser uma alternativa para prevenir o desenvolvimento de transtornos psicológicos.
Fontes:
- Conselho Federal de Psicologia – Manual de Ética;
- Conselho Federal de Psicologia – Reflexões e orientações sobre a prática da Psicoterapia;
- Organização Mundial de Saúde – World mental health report;
- Organização Pan-Americana de Saúde;
- Universidade de São Paulo;
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
- Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade;
- Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.