Como a ansiedade domina o corpo e afeta a saúde mental

Ter um compromisso importante ou estar diante de uma incerteza (em um relacionamento, no emprego, na vida financeira etc.) são situações que eventualmente desencadeiam uma resposta do organismo bem característica: a ansiedade.
Se por um lado essa manifestação é útil para antever perigos e reforçar a busca por proteção dentro de determinados contextos vistos como ameaçadores, não é raro que o sentimento se torne um incômodo.
Não por menos, os chamados transtornos de ansiedade são uma das principais causas de adoecimento psíquico. Cabe então entender melhor o que motiva a amplificação dessa emoção e compreender de que modo vencer esse obstáculo no dia a dia.
A ansiedade nem sempre é algo ruim
Uma pessoa caminhando em uma rua escura tarde da noite pode sentir-se alerta, à espreita para evitar que algo ruim aconteça com ela nos minutos seguintes. É possível ainda que certas alterações (inclusive físicas) apareçam no corpo. Isso inclui, por exemplo, disparada dos batimentos cardíacos, suor frio, respiração ofegante e tremores.
Na prática, essas sensações servem como uma espécie de proteção. Elas são a preparação para a necessidade de enfrentar ou fugir de algo que, embora cause preocupação, é incerto.
Assim, em linhas gerais, essa é a definição da ansiedade nas suas diferentes formas: o conjunto de manifestações geradas com a antecipação de uma ameaça futura.
Em outra situação, um candidato a uma ocupação profissional fica ansioso ao antecipar todas as questões que serão feitas no processo seletivo ou ao elaborar diversos cenários futuros do resultado da sua participação.
Nesse contexto, cabe ressaltar que medo e ansiedade não são a mesma coisa. Ainda que sejam usados como termos equivalentes, o primeiro diz respeito a um risco real e facilmente perceptível. Para ilustrar isso, basta considerar aqueles que têm muita aflição de altura ou de determinado animal.
Sinais de que o quadro ansioso está saindo do controle
Por mais que se tenha a impressão de que a ansiedade está relacionada ao estilo de vida moderno, os mecanismos envolvidos nessas reações sempre foram parte da mente humana. De certa forma, antecipar ameaças permite investir no planejamento para atravessar dificuldades.
No entanto, por uma série de fatores, os mecanismos que regulam essa resposta podem fazer com que o alarme se torne incompatível ao que está por vir. Na sequência, passam a existir obstáculos para levar adiante compromissos cotidianos, com prejuízo na rotina e nas relações pessoais.
É o que acontece com alguém que deixa de frequentar a escola ou recusa propostas de emprego por não conseguir tolerar o suposto julgamento dos demais no convívio diário. Em paralelo, surgem sinais que incluem:
- preocupação excessiva, na maior parte do tempo, durante, pelo menos, seis meses, em diversos contextos variados (no trabalho e em casa, por exemplo);
- a percepção de que é muito difícil controlar esse receio;
- inquietação e sensação insistente de irritabilidade, gerando a impressão de que os nervos estão sempre à flor da pele;
- cansaço constante, que não melhora nem com o repouso adequado;
- dificuldades de concentração;
- mudanças no sono (torna-se um desafio pegar no sono ou manter-se dormindo).

Entre as manifestações físicas adicionais geradas pelos quadros ansiosos, causadas pela liberação dos hormônios frente ao que encara como perigo, estão:
- aceleração do coração;
- aperto no peito;
- dificuldade para respirar;
- transpiração excessiva, mesmo sem esforço físico;
- náuseas, diarreias ou vômitos;
- tensão muscular, o que torna áreas do corpo rígidas e doloridas.
É claro que cada indivíduo pode apresentar alterações diferenciadas, que não são tão comuns. Essas características costumam compreender justamente o que os especialistas chamam de transtornos de ansiedade.
Os principais transtornos associados aos estados ansiosos
Um estudo publicado na The Lancet que avaliou o impacto de diversas complicações de saúde sobre o bem-estar indicou que a ansiedade patológica (ou seja, que se transforma em uma condição clínica) era a nona causa mais comum de inaptidão para as atividades diárias.
Em resumo, essas disfunções psiquiátricas se diferenciam sobretudo conforme o cenário que dispara a emoção negativa. Inclusive, se manifestam em mais de um transtorno de ansiedade simultaneamente. Quadros depressivos e de transtorno obsessivo-compulsivo são outras comorbidades frequentes.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
Essa é a apresentação, em teoria, mais conhecida dos sintomas ansiosos, que atinge de maneira relativamente frequente tanto adultos, quanto crianças e adolescentes.
O quadro é composto basicamente pelo conjunto de alterações físicas e psicológicas associadas à preocupação excessiva, mas sem objeto bem definido.
Transtorno de ansiedade social (fobia social)
Adoção de um comportamento que se destaca pelo medo de se expor a situações em que possa haver avaliações negativas, gerando vergonha ou rejeição. O desconforto se torna ainda mais relevante perante grupos que não são familiares ou em contextos em que o desempenho individual está sendo avaliado.
Agorafobia
Essas são circunstâncias que pessoas passam por usar o transporte público, estar em meio a multidões ou em qualquer contexto em que se pense que será difícil sair dali ou obter ajuda se for necessário.
Fobias específicas
Como o nome sugere, existe o medo ou ansiedade e se busca a todo custo evitar o contato com um objeto ou situação delimitada – animais (zoofobia), altura (acrofobia), ambientes escuros (nictofobia), etc.
Além de uma resposta imediata à exposição, é comum que pouco a pouco o receio apresentado se torne desproporcional, gerando ainda mais preocupação.
Transtorno de ansiedade de separação
Aqui, a questão de desamparo envolve o afastamento de uma figura de apego de modo incompatível com a idade.
Se para uma criança de poucos anos é natural achar ruim se afastar dos pais, não se espera tal comportamento de um adolescente ou de um adulto, cujo desenvolvimento já permitiria romper esses laços.

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Transtorno do pânico
Repetição de ataques repentinos de desconforto que duram poucos minutos, mas causam angústia intensa. Em certo momento, aparece o pavor de novas crises de pânico, lado a lado de circunstâncias percebidas como gatilhos.
Transtorno de ansiedade induzido por substâncias ou outras condições médicas
Esse quadro surge em consequência do uso de determinado elemento químico (lícito ou ilícito) ou diante da abstinência desse item.
Já o transtorno induzido por condição médica inclui fatores fisiológicos que levam às crises de ansiedade, incluindo disfunções hormonais, metabólicas ou neurológicas.
Mutismo seletivo
A ansiedade faz com que a pessoa falhe em estabelecer comunicação através da fala em cenários específicos, mesmo quando usa normalmente essa habilidade em outros espaços.
O mutismo seletivo atinge majoritariamente crianças em fase de aprendizado, nos primeiros anos escolares. É raro depois disso, tornando-se pouco visto em adolescentes e adultos.
Possíveis explicações para essas condições de saúde mental

Qualquer um está sujeito a desenvolver um transtorno de ansiedade ao longo dos vários estágios da vida. No entanto, apontar exatamente o que faz alguém ser afetado, enquanto outro se tornam capazes de lidar com as mesmas questões sem tantos contratempos, é praticamente imprevisível.
Seja como for, entre os aspectos que aumentam a predisposição para o diagnóstico estão:
- componentes genéticos, considerando que inúmeros episódios do gênero na família elevam a probabilidade de que isso se repita nas gerações seguintes;
- estresse permanente, em virtude de várias causas (desde dificuldades financeiras e profissões perigosas até a habitação em áreas atingidas por desastres climáticos e outros riscos);
- histórico de trauma, de abuso ou de violência;
- consumo abusivo de álcool e/ou de outras substâncias.
Na maioria dos casos, todos esses aspectos vão interagir até condicionar o organismo a responder diferentemente a situações vistas como ameaçadoras, disparando a ansiedade, por conta de um cérebro que “aprendeu” a se manter em constante estado de alerta.
As opções mais utilizadas para tratar esses quadros
Com exceção dos transtornos de ansiedade associados a outras condições médicas, que talvez exijam avaliações adicionais para descartar hipóteses diferenciais, não existe exame específico para obter o diagnóstico apropriado.
Psiquiatras e psicólogos são os profissionais de saúde mais capacitados para identificar e confirmar a presença das disfunções.
Eles têm à mão questionários e escalas que, confrontados com os relatos individuais, permitem determinar se as aflições experimentadas são causadas pela ansiedade. A partir disso, também fornecem orientação sobre as opções de tratamento. Não adie esse cuidado, faça seu atendimento mesmo à distância:

Suporte psicológico
Grande parte das evidências disponíveis na literatura médica aponta que as abordagens psicoterápicas baseadas em técnicas cognitivo-comportamentais são as mais eficientes no gerenciamento de quadros ansiosos.
Em poucas palavras, esses métodos funcionam mediante um processo de interação junto ao psicólogo para que quem está sendo atendido reestruture sua percepção do que acontece ao redor e atue para modificar padrões de pensamento que provocam comportamentos disfuncionais.
Basta imaginar alguém que tem medo de falar em público: a terapia buscará desconstruir a ideia de que a plateia está ali somente para criticá-lo de modo cruel e elaborar comentários ofensivos ou comentar sobre o seu desempenho posteriormente.
Casos de fobia específica se beneficiam das chamadas terapias de exposição. Resumidamente, o objetivo é “dessensibilizar” o indivíduo, a fim de que seja desfeita a relação de temor com o objeto/local/situação.
Se for um inseto, por exemplo, o pacienteele é colocado progressivamente frente a frente a representações do animal até se “acostumar” com a ideia de tê-lo próximo.
Uso de medicamentos
Isoladamente ou em conjunto com a terapia, o médico psiquiatra pode prescrever medicamentos que ajudam na missão de controlar a ansiedade.
Enquanto os chamados benzodiazepínicos (a principal classe de substâncias com efeito ansiolítico) costumam ser usados pontualmente em crises agudas, os antidepressivos demonstram uma melhor eficácia no controle desses sintomas no longo prazo.
O ajuste da dose e do medicamento correto e a consolidação da melhora leva certo tempo, exigindo um contato permanente com o responsável pela prescrição. A tolerância aos efeitos colaterais também deve ser posta na balança durante todo o tratamento.
Mudanças no estilo de vida
Incluir na rotina ações complementares que influenciam positivamente o bem-estar são recomendações que costumam ajudar muito. Nessa lista estão:
- prática regular de exercícios físicos;
- manutenção de uma dieta equilibrada;
- contato permanente com redes de apoio, formadas por amigos ou familiares;
- engajamento em técnicas de relaxamento, respiração profunda ou meditação;
- implementação de medidas de higiene do sono para privilegiar o descanso noturno;
- fortalecimento do engajamento em atividades satisfatórias;
- construção de espaços para desconexão da internet e das notificações do celular;
- redução ou interrupção no consumo de substâncias como álcool, nicotina e cafeína.
Adicionalmente, tais atitudes são relevantes inclusive para aqueles em que a ansiedade não é uma dificuldade no momento. Se não previnem totalmente a chance de desenvolver um transtorno do tipo ou outra forma de adoecimento psíquico, ajudam bastante na promoção da qualidade de vida.

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Fontes:
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