Todo cuidado é pouco: 9 doenças causadas por enchentes e chuvas
Durante o verão é comum ouvirmos notícias sobre enchentes, chuvas fortes e temporais no Brasil, principalmente quando causam complicações para a população. Entre 2008 e 2012, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 1,4 milhão de brasileiros ficaram desabrigados por conta de inundações.
Devido à intervenção humana inadequada na natureza, construções em locais não apropriados e falta de uma rede de água e esgoto eficaz, os alagamentos tornam-se mais comuns, causando, além da perda material, implicações nas questões de saúde já que muitas doenças causadas por enchentes, chuvas e água parada se aumentam.
Saiba quais são os principais riscos e como se cuidar, se estiver em uma destas situações.
Por que a água pode transmitir doenças?
Nas épocas de temporais algumas patologias tornam-se mais frequentes, podendo até atingir o nível epidemiológico. Entretanto, é importante destacar que não é a água em si o grande desafio, mas sim a presença de micro-organismos ou dejetos contaminados nela ou quando ela fica parada.
Nessa segunda situação existe a criação de um ambiente propício para a proliferação de mosquitos como o Aedes aegypti, que pode transmitir a dengue e outras enfermidades que acometem toda a população.
Meios de transmissão das doenças
Ao contrário do que se possa imaginar, as doenças relacionadas à água contaminada também não são, necessariamente, transmitidas apenas pelo consumo. Entenda:
Ingestão
É mais comum em áreas em que não existe saneamento básico, sistema de abastecimento adequado e a água utilizada vem de poços, bicas ou nascentes contaminadas. Também é possível que os sistemas de abastecimentos, embora adequados, sofram com a falta de manutenção.
Nessa circunstância a contaminação pode ocorrer, inclusive, entre as pessoas da mesma casa. Assim, se um membro da família apresentar sintomas, redobre a atenção.
Contato com a pele ou mucosas
Nesses casos, os organismos causadores de doenças possuem pelo menos uma fase do desenvolvimento na água. Assim, muitas vezes basta entrar em contato físico com a água contaminada para que larvas ou ovos de vermes se alojem no nosso corpo.
9 doenças causadas por enchentes ou água das chuvas
Mas quais são as patologias que ficam em mais evidência nas épocas chuvosas do nosso País?
Antes de responder essa questão vale destacar que entre os tipos de enfermidades existem duas que podem ser relacionadas aos temporais intensos:
- doenças que são transmitidas por mosquitos;
- doenças transmitidas por água contaminada proveniente de enchentes.
Conheça algumas delas com mais detalhes.
Doenças transmitidas por mosquitos
Existem campanhas de conscientização e ações da saúde pública para evitar as doenças transmitidas por mosquitos. Isso acontece porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 milhão de pessoas morrem anualmente em decorrência disso.
Um dos principais apelos à população é para evitar qualquer tipo de acúmulo de água parada porque é nesse ambiente que os mosquitos depositam seus ovos, que irão se desenvolver até chegarem à fase adulta, virando transmissores de doenças.
Entre elas, temos as seguintes:
1. Dengue
A dengue é provavelmente a doença transmitida por mosquitos mais conhecida no Brasil. Além do alto número de infecções, todos os anos vemos que sua incidência aumenta quando as estações são mais chuvosas. É por isso, inclusive, que ela pode ser considerada endêmica no nosso País.
A doença é causada por um vírus que se hospeda no mosquito Aedes aegypti, sendo transmitido para o ser humano por meio da picada da fêmea do inseto. Esse diagnóstico tem duas formas, a clássica e a dengue hemorrágica, e apresenta sintomas semelhantes para ambas:
- febre;
- perda de apetite;
- manchas vermelhas na pele;
- dores de cabeça, nas articulações e nos músculos;
- sensibilidade à luz.
A segunda, porém, causa sangramento das gengivas e hemorragias internas, o que pode levar à morte.
2. Zika
O zika também é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti e foi identificado no Brasil pela primeira vez em 2015.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 80% das pessoas infectadas por ele não necessariamente desenvolvem manifestações mais graves. Os sintomas mais frequentes são:
- dor de cabeça;
- febre baixa;
- dores leves nas articulações;
- aparecimento de manchas vermelhas na pele;
- coceira;
- vermelhidão nos olhos.
3. Chikungunya
A febre Chikungunya é uma patologia do tipo viral e transmitida pelo mesmo mosquito das duas enfermidades já citadas, porém, é recente no Brasil já que a sua circulação foi identificada pela primeira vez em 2014.
Em relação aos sintomas existe certa familiaridade com as outras doenças, com maior ocorrência de:
- febre alta e de início rápido;
- dores intensas nas articulações (pés, mãos, dedos, tornozelos e pulsos);
- dor de cabeça;
- dor nos músculos;
- manchas vermelhas na pele.
Assim como o zika, a febre chikungunya também é uma enfermidade em que certa porcentagem dos casos não apresenta sintomas.
4. Malária
A malária, por sua vez, é causada por um protozoário transmitido por mosquitos do gênero Anopheles. Em situações avançadas da doença esse protozoário se aloja em células sanguíneas (hemácias), multiplica-se dentro delas e pode destruí-las.
Segundo o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), desde 2007 o Brasil registrou mais de 3 milhões de infecções de malária.
Entre os sintomas estão:
- episódios febris (podem acontecer com grandes intervalos);
- dores abdominais;
- fezes com sangue.
A forma grave da doença pode causar complicações em alguns órgãos internos. Por isso, quando há suspeita de malária é necessário recorrer a atendimento médico o quanto antes.
5. Febre amarela
A febre amarela é transmitida pelo mesmo mosquito que transmite a dengue. A vacina para essa doença pode trazer efeitos colaterais, mas continua sendo indicada, especialmente em regiões com alta incidência.
Os principais sintomas da febre amarela são:
- febre;
- vômito;
- amarelamento da pele;
- dores musculares.
Nessa e nas outras enfermidades é sempre necessário o acompanhamento médico para que possam ser controladas e não evoluam para quadros mais graves. Em todos os casos de suspeitas, consulte um clínico geral para avaliar os sintomas e exames necessários.
Doenças transmitidas por água contaminada
Focando agora nas doenças causadas por água contaminada, conheça as enfermidades que podem ser transmitidas por ingestão ou contato com a pele e mucosas do nosso corpo.
1. Cólera
A cólera é causada por uma bactéria intestinal e está diretamente relacionada ao saneamento básico e à higiene. Os sintomas vão desde dores abdominais, infecção intestinal até diarreia intensa aquosa e profusa.
A transmissão ocorre principalmente quando água ou alimentos contaminados são ingeridos. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o grande perigo está relacionado à desidratação que pode evoluir e levar o paciente a óbito.
2. Leptospirose
Segundo o Ministério da Saúde (MS), a leptospirose é considerada uma endemia no Brasil. Sendo uma das doenças causadas por enchentes, é provocada por uma bactéria presente na urina contaminada de roedores (principais hospedeiros), que podem estar nas casas, nas ruas e até mesmo na terra.
Com os alagamentos, a propagação é facilitada pois a urina desses roedores pode estar presente na água que entrará em contato com as pessoas.
A doença é dividida em duas etapas, sendo que os principais sintomas da primeira são:
- febre;
- diarreia;
- calafrios;
- vômitos;
- dores musculares.
Depois disso o paciente pode se recuperar completamente ou, após algum tempo, voltar a manifestar sintomas da doença, agora na forma mais grave. Nessa segunda etapa a enfermidade pode levar a outras condições como comprometimento dos rins ou meningite.
5. Hepatite A
A hepatite A é transmitida por um vírus que contamina alimentos e água. Um grande perigo dessa forma de hepatite é o fato de os sintomas demorarem a aparecer (de 15 a 50 dias após a infecção).
Assim, quando diagnosticada a condição pode já estar avançada. Seus sintomas incluem:
- tontura;
- cansaço ou fraqueza;
- náuseas;
- vômito;
- fezes claras;
- urina escura;
- icterícia (pele e olhos amarelados).
6. Febre tifóide
A febre tifóide é causada por uma bactéria que se aloja, principalmente, em alimentos mal cozidos ou mal-higienizados. Apesar de existir vacina, é necessário se prevenir por meio da higiene e saneamento básico adequado, com tratamento da água e do esgoto.
Seus principais sintomas envolvem febre alta e constante, manchas avermelhadas pelo corpo, dores musculares, falta de apetite e diarreia.
Se não for tratada de maneira correta, pode evoluir e causar confusão mental progressiva, podendo, em situações extremas, levar à morte.
Outros diagnósticos relacionados a enchentes e chuvas
Além das doenças mencionadas, também é possível citar:
- amebíase: infecção do intestino grosso;
- disenteria bacteriana: infecção causada por uma bactéria do gênero Shiguella;
- esquistossomose: doença parasitária causada pelo verme Schistosoma mansoni.
Em caso de dúvidas ou início de algum sintoma, procure um médico, que poderá avaliar corretamente o quadro e, eventualmente, diagnosticar alguma dessas doenças.
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É possível evitar a contaminação? 5 ações possíveis
Mas, afinal, como evitar doenças causadas por enchentes e chuvas? Pode parecer uma tarefa difícil, já que a água é elemento essencial para nossa vida e está presente em muitos momentos do nosso dia.
Porém, a prevenção dessas enfermidades pode ser facilitada por meio do saneamento básico, que deve ser obrigatório em todas as regiões do País, e por algumas práticas de higiene.
Conheça 5 ações que podem ajudar na prevenção:
1. Evite contato com a água de alagamentos, de rios e de lagos
Para evitar doenças causadas por enchentes, o primeiro passo é tentar se manter longe da água acumulada após a chuva intensa. Se isso não for possível, evite colocar as mãos no rosto, principalmente nos olhos, nariz e boca enquanto estiver no local inundado.
De maneira geral, é também interessante evitar os rios e lagos em que a água não é classificada como própria para banho. Se não houver nenhuma indicação sobre a qualidade da água, opte por não entrar.
2. Ferva a água antes de beber ou cozinhar
Em períodos de chuvas intensas e alagamentos os reservatórios e as caixas d’água podem ser danificados, prejudicando o processo de tratamento da água.
Desse modo, se houver qualquer indicação de problemas de tratamento de água e esgoto ou se você notar danos na caixa d’água de sua casa, prefira o consumo apenas de água fervida.
O processo de fervura deve ocorrer por 5 minutos, no mínimo, e elimina a maioria dos microorganismos causadores de doenças.
3. Lave bem os legumes, verduras e frutas
É sempre importante higienizar todos os alimentos que serão consumidos, principalmente os vegetais. E isso vale para outras épocas que não apenas quando ocorrem temporais e chuvas intensas.
Além de todos os agrotóxicos e pesticidas que eles podem ter, durante enchentes os agentes causadores de enfermidades podem contaminá-los.
Confira algumas opções para fazer a higienização em casa:
- com bicarbonato de sódio: faça uma solução de 10 g de bicarbonato para 1 litro de água e deixe os vegetais submersos por 15 minutos. Após esse período lave normalmente com água.
- com hipoclorito de sódio ou água sanitária: semelhante ao método anterior, dilua uma colher de sopa de hipoclorito de sódio ou água sanitária em 1 litro de água e deixe os vegetais de molho por 15 minutos. Depois, lave com água corrente.
4. Não descarte lixo em local inadequado
Além de causar a poluição do solo e atrair animais indesejados, o lixo descartado de maneira incorreta pode chegar até fontes fluviais, como os rios e nascentes, e poluir essa água.
Em alagamentos a situação se complica ainda mais, pois esse lixo pode se espalhar, contaminando um maior volume de água e atingindo mais pessoas, além de se acumular nos bueiros.
Outro malefício do descarte incorreto é o acúmulo de água em alguns objetos, como pneus, baldes e garrafas, configurando um ambiente ideal para a proliferação de mosquitos vetores de doenças.
5. Se puder, cobre as autoridades
As iniciativas individuais precisam de apoio das autoridades para ganharem força e engajamento de toda a população.
Muitas cidades já realizam campanhas sobre dengue e outras doenças causadas por enchentes ou transmitidas por mosquitos, mas é importante olhar ao redor e questionar-se:
- há uma busca constante por focos de mosquitos na minha cidade?
- existem lixeiras disponíveis nas ruas e o lixo está sendo descartado de maneira adequada?
- Tenho acesso a informações suficientes sobre a prevenção de outras doenças causadas por enchentes?
- o escoamento das águas da chuva é adequado ou precisa de mudanças?
- existe tratamento de água e esgoto na minha região?
Se alguma das respostas para essas perguntas for não é o momento de cobrar as autoridades da sua região.
Períodos de alagamentos, infelizmente, são comuns e requerem atenção. Por isso, esteja sempre em alerta e, a qualquer sintoma, procure auxílio médico.
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Fontes: