Laxante não deve ser usado sem recomendação. Saiba mais!

A constipação é uma condição comum e recorrente, presente tanto em adultos quanto em crianças. O uso de laxante costuma ser uma das primeiras alternativas buscadas, principalmente quando há desconforto com evacuações pouco frequentes ou difíceis.
No entanto, o consumo indiscriminado e prolongado desses produtos pode representar riscos à saúde e mascarar condições clínicas relevantes. Por isso, entender quando ele é indicado e quando não, é essencial para escolhas mais seguras e eficazes.
O que é um laxante e quando é indicado?
É um produto utilizado para facilitar a evacuação, geralmente em casos de constipação (prisão de ventre). Seu mecanismo de ação varia conforme o tipo, sendo possível classificá-los em categorias distintas:
- formadores de massa: à base de fibras solúveis ou mucilagens, aumentam o volume das fezes e estimulam de maneira mais suave;
- osmóticos: promovem a absorção de água, facilitando a eliminação fecal;
- estimulantes: provocam contrações no intestino grosso, acelerando o trânsito intestinal;
- lubrificantes e amaciantes: suavizam o conteúdo fecal, reduzindo o atrito no momento da evacuação.
Cada classe apresenta particularidades, indicações específicas e possíveis reações adversas. Por exemplo, estimulantes agem mais rapidamente, causando cólicas. Enquanto os formadores de massa são considerados mais seguros para uso regular, desde que acompanhados por hidratação adequada.
De toda forma, a recomendação é consultar um profissional para tirar dúvidas e identificar causas estruturais, funcionais ou medicamentosas. Além disso, ele poderá definir o melhor tipo de laxante, quando necessário, e acompanhar o tratamento a médio e longo prazos.
Indicações
O uso pontual é recomendado em contextos específicos e sob supervisão profissional, mas os casos principais são:
Constipação ocasional
Em episódios esporádicos, quando as medidas não farmacológicas como o aumento da ingestão de líquidos, o consumo de fibras, bem como a prática de atividade física não resultam em melhora.
Preparação para exames e cirurgias
Antes de procedimentos como colonoscopias, alguns tipos de laxante, principalmente os osmóticos, atuam no esvaziamento intestinal completo. Nessa situação, a limpeza do cólon, sob prescrição médica, é fundamental para garantir a eficácia diagnóstica do exame.
Quadros crônicos associados a condições específicas
Existem quadros clínicos persistentes, como a síndrome do intestino irritável (SII) e a constipação induzida por opioides, por exemplo.
Nesses casos, a escolha do laxante, a frequência de uso, bem como a combinação com outros recursos terapêuticos precisam de avaliação de um profissional especializado.
Contraindicações do uso de laxante
Alguns contextos exigem maior cautela com o uso desses produtos, incluindo:
Infância
A prisão de ventre em crianças deve ser avaliada por um pediatra, já que, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), é uma condição frequente, com ocorrência estimada entre 4% e 30% na faixa etária pediátrica pré-escolar.
Gravidez
Determinados laxantes, como os estimulantes, não são indicados. Os formadores de massa são os mais seguros, mas sempre com acompanhamento médico de um especialista.
Presença de condições intestinais
Indivíduos com diagnóstico de Crohn, colite ulcerativa ou suspeita de obstrução intestinal não devem utilizar laxante sem avaliação médica.
Uso contínuo de medicamentos
Pacientes em tratamento com opioides, antidepressivos ou anti-hipertensivos apresentam constipação como efeito colateral e, por isso, devem receber indicação especializada.
O Cartão dr.consulta oferece programas personalizados com atendimento preventivo e monitoramento frequente, respeitando as necessidades individuais.
Com ele, a atenção não se limita ao diagnóstico: ele conecta o paciente a uma trilha de cuidados contínuos, com foco em prevenção, bem como acesso facilitado a especialistas e a exames.
Essa estrutura garante mais segurança, comodidade e direcionamento em cada etapa da jornada de saúde.

Por que o uso indiscriminado de laxantes representa riscos?
Apesar de serem de fácil acesso, o uso frequente ou prolongado sem supervisão causa efeitos indesejados e até agrava o quadro.
Isso acontece porque o órgão pode se tornar menos responsivo, exigindo doses maiores para obter o mesmo efeito (fenômeno conhecido como intestino preguiçoso).
Dessa forma, os riscos mais associados ao uso incorreto incluem:
- desidratação e perda de eletrólitos porque laxantes osmóticos e estimulantes interferem na regulação de água e sais minerais no organismo;
- dependência funcional, uma vez que o uso repetido leva à perda de motilidade natural;
- dores abdominais e cólicas, principalmente no caso de laxante estimulante, que provoca contrações intensas;
- redução da absorção de nutrientes, pois aqueles oleosos atrapalham a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).
Ale disso, o mascaramento de condições clínicas mais graves também exige atenção. Afinal, o alívio sintomático imediato atrasa o diagnóstico de achados como câncer colorretal ou alterações anatômicas intestinais.
Melhorando o funcionamento digestivo
Antes de recorrer a um laxante, é preciso ter ciência de que diversas práticas cotidianas contribuem para a flora intestinal, bem como um bom funcionamento geral.
Entre as mais eficazes, a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia destaca:
- aumento da ingestão de líquidos para cerca de 2 litros por dia, especialmente água, mas também sucos e chás;
- consumo regular de alimentos ricos em fibras, como vegetais verde-escuros, frutas com casca, mamão papaia, farinha de linhaça, grãos integrais e leguminosas, por exemplo;
- estímulo à rotina, com horários regulares para ir ao banheiro, de preferência após a mesma refeição sempre, e ambiente tranquilo;
- atividades físicas regulares, principalmente aqueles que auxiliam no estímulo dos movimentos peristálticos (movimentos naturais do intestino), como abdominais.
Diante da facilidade de acesso a esses produtos, é essencial reforçar a importância do uso consciente. O equilíbrio entre práticas cotidianas, educação em saúde e orientação profissional garante não apenas alívio sintomático, mas também cuidado integral.
Fontes: