Cólica abdominal nem sempre é normal. Saiba o porquê

Espasmos, pontadas, dor em aperto. A cólica abdominal surge em diferentes partes da barriga, com variações de intensidade e duração.
Embora, na maioria dos casos, não represente risco imediato, há situações em que o incômodo sinaliza uma condição que merece avaliação médica, especialmente com um especialista em aparelho digestivo.
Por isso, compreender os diferentes tipos, as possíveis causas e as formas de aliviar o desconforto é o primeiro passo para identificar quando é o momento de investigar mais a fundo.
Entendendo a cólica abdominal
O termo é utilizado para descrever uma dor que aparece em ondas ou crises, geralmente de forma intermitente (ou seja, que vem e vai), variando entre leve, moderada ou bastante intensa.
Ela costuma estar relacionada à contração de músculos lisos presentes em órgãos do sistema digestivo, urinário ou reprodutor. Por isso, é sentida em toda a região do abdômen, entre o tórax e a pelve, e afeta o estômago, intestinos, bexiga, rins, bem como órgãos reprodutivos.
Além disso, ela pode ser:
- aguda, ou seja, de início súbito e duração curta, comumente relacionada a apendicite ou condições emergenciais;
- crônica, que é quando as dores que se repetem por mais de três meses, como no caso de intolerâncias alimentares;
- cíclica, normalmente relacionada ao ciclo menstrual, e tem padrão repetitivo, indicando, por exemplo, miomas ou endometriose quando acompanhada de sintomas mais intensos.
Em situações mais comuns, vem acompanhada de sinais como distensão (barriga inchada), gases, alterações no ritmo intestinal, náuseas ou febre.

Principais causas
Nem sempre é simples distinguir o que está por trás do incômodo abdominal, mas alguns cenários são frequentemente associados, sendo os mais comuns:
Cólica intestinal
Caracteriza-se por dor em aperto ou espasmos localizados, associados a situações como:
- constipação;
- acúmulo de gases (flatulência);
- dispepsia funcional (sensação de estômago cheio, azia);
- intolerâncias alimentares (como à lactose ou ao glúten);
- infecções gastrointestinais (intoxicação, viroses).
Além disso, situações do cotidiano, como mudanças na alimentação ou uso de determinados medicamentos, também contribuem para o desconforto.

Cólica menstrual
Presente em até 90% das mulheres em idade fértil, segundo a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), a dismenorreia surge por conta da contração do útero para eliminar o endométrio durante o ciclo. Além disso, em cerca de 10% dos casos, a dor é intensa e interfere nas atividades diárias.
Outros sinais associados incluem dor pélvica fora do período menstrual, desconforto na relação sexual, sangramentos intensos e alteração do hábito intestinal no período do ciclo.
Síndrome do intestino irritável (SII)
A SII é uma condição funcional crônica que afeta o funcionamento do intestino grosso. É marcada por cólicas recorrentes, acompanhadas de diarreia, constipação ou alternância entre ambos.
Além disso, estresse, ansiedade e determinados alimentos atuam como gatilhos, conforme explica a Secretaria de Saúde de São Paulo.
Cólica renal
Esse quadro ocorre quando há formação de cálculos (pedras) nos rins, geralmente ocorre obstrução do fluxo urinário, tornando a dor significativa, iniciando nas costas e irradiando para o abdômen inferior ou região genital. Além disso, ela pode vir acompanhada de náusea, vômitos e presença de sangue na urina.

Cólica biliar
Decorrente da presença de cálculos na vesícula biliar, geralmente aparece após refeições ricas em gordura. A dor costuma estar localizada abaixo das costelas, à direita, e irradia para o ombro ou costas.
Gravidez
Durante a gestação, o crescimento do útero, alterações hormonais e o aumento do fluxo sanguíneo na pelve provocam cólicas leves, principalmente no início. No entanto, dores persistentes ou muito elevadas devem ser avaliadas com urgência.
Com o Cartão dr.consulta, o acompanhamento dessas condições vai além do diagnóstico. Ele conecta pacientes a um programa de cuidados contínuos, com foco em prevenção, orientação e acesso facilitado a especialistas e exames.

Quando buscar orientação médica
Nem toda dor abdominal exige atendimento de urgência, mas há sinais de alerta que não devem ser ignorados. Entre eles:
- dor forte e que não melhora com o tempo;
- febre acima de 38?°C;
- vômitos persistentes ou com sangue;
- sangue nas fezes;
- perda de peso sem explicação;
- icterícia (pele ou olhos amarelados);
- dificuldade ou dor para urinar;
- inchaço abdominal repentino e doloroso.
A persistência ou recorrência dos sintomas é um indicativo de que há necessidade de exames específicos, como:
- teste de intolerância alimentar;
- ultrassonografia pélvica e abdominal;
- análise de flora intestinal;
- consulta com nutricionista, principalmente em casos de SII ou má digestão.
O especialista poderá solicitar esses testes e indicar condutas individualizadas, como mudanças alimentares, suplementações ou tratamentos medicamentosos mais direcionados.
O que alivia a cólica abdominal
Algumas práticas auxiliam no alívio dos sintomas e podem contribuir bastante com pessoas que apresentem quadros leves ou estejam aguardando os resultados das investigações:
- antiespasmódicos (apenas com orientação profissional);
- compressas quentes na região abdominal;
- massagens suaves em movimentos circulares
- alimentação leve e fracionada;
- hidratação adequada;
- restrição de alimentos ricos em gordura ou fermentáveis (como repolho, feijão e refrigerantes).
No caso de diagnósticos do trato reprodutivo feminino, o acompanhamento com o ginecologista definirá o melhor cuidado, incluindo o uso de anticoncepcionais ou terapias hormonais.
Em resumo, a cólica abdominal é um sinal do corpo que tem diferentes significados. Portanto, observar a frequência e intensidade ajuda a entender quando o desconforto exige atenção especializada.
Fontes: