Entenda o que são chamados de transtornos emocionais

Na hora de definir as condições que afetam o bem-estar psíquico, vários termos são utilizados para distinguir traços particulares associados a determinadas reações de um indivíduo diante de uma ou mais emoções. É nesse sentido que a definição dos transtornos emocionais aparece.
Na prática, se em determinados momentos esse termo é sinônimo de transtorno mental, em outro ele compreende disfunções específicas, sobretudo aquelas relacionadas a tipos de flutuação de humor com consequências sobre o bem-estar, como a depressão e a bipolaridade.
As principais características dos transtornos emocionais
De modo geral, uma emoção é um tipo de sensação divisível em três elementos:
- provoca uma reação física, como uma resposta corporal diante da alteração percebida (o tremor provocado por um susto);
- conta com uma percepção subjetiva da experiência (sentir medo, tristeza etc.);
- dispara um comportamento (tentativa de fuga para evitar uma consequência desagradável).
A partir disso, os transtornos emocionais são caracterizados com base nas oscilações nesses processos, que afetam as respostas da mente aos estímulos exteriores. Assim, os autores de um artigo publicado em 2019 defendem que eles compreendem critérios como:
- a presença de emoções negativas frequentes e intensas que fazem com que indivíduos vivenciem sensações ruins (como medo, tristeza ou raiva) repetidamente;
- reação desajustada a tais estados emocionais, em que as pessoas sintam aversão diante de determinadas situações ou a julguem incontrolável ou inaceitável, sobretudo quando surgem percepções como “não consigo lidar com essa emoção” ou “as pessoas me julgarão por me sentir assim”, que ampliam o desconforto;
- esforços para suprimir os sentimentos, em que são postas em prática (às vezes, inconscientemente) estratégias disfuncionais de regulação emocional, como evitação comportamental, ruminação (ficar “mastigando” os pensamentos) ou preocupação, criando um ciclo vicioso.
Com isso, é possível ilustrar esse tipo de desordem por meio de quadros relativamente comuns, como a depressão. Por muito tempo, ela (e todas associadas, como a depressão pós-parto e a distimia) foi chamada também de transtorno de humor.
Além disso, entram em uma definição similar desequilíbrios associados à ansiedade, o transtorno afetivo bipolar e o transtorno de personalidade borderline.
Transtornos mentais ou transtornos emocionais
A Organização Mundial da Saúde trabalha sempre com a noção de que a saúde mental é um estado de bem-estar que permite enfrentar as barreiras da vida cotidiana, desenvolver e utilizar habilidades, trabalhar, aprender e, com tudo isso, contribuir com a vida em comunidade.
Logo, como não poderia deixar de ser, é um componente integral de uma vida plena. Em contrapartida, tal perspectiva não abarca somente a ausência de alguma forma de adoecimento psíquico.
Adicionalmente, a conceituação mais aceita para aquilo que é um transtorno mental é mais ampla. Ela envolve a presença de manifestações que trazem modificações significativas na cognição (ou seja, no modo como se percebe o mundo), nas respostas emocionais ou no comportamento.
Normalmente, esses estados refletem a evolução de um descompasso psicológico, fisiológico ou em qualquer outra dimensão capaz de interferir no jeito de agir, de sentir e de pensar.
Na prática, essa diferenciação faz com que queixas como o TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) sejam transtornos mentais, mas não necessariamente emocionais, que têm como traço mais marcante a oscilação na resposta a emoções específicas.
Os sintomas mais presentes nesse tipo de disfunção
Cada episódio de um transtorno emocional é único. Portanto, o que cada um sente ao atravessar tal comprometimento talvez seja diferente, por conta de uma série de fatores. De qualquer maneira, os sinais que costumam indicar complicações do gênero envolvem:
- cansaço ou falta de energia;
- tristeza ou desesperança persistentes;
- vazio emocional (indiferença);
- perda ou excesso de apetite;
- diminuição de interesse em atividades que costumavam gerar prazer;
- dormir demais ou ter insônia;
- dificuldade de concentração ou pensamentos acelerados;
- cogitar fazer mal a si ou aos demais;
- adoção de comportamentos de risco (como gastos excessivos, direção perigosa ou uso de substâncias);
- irritabilidade;
- preocupação excessiva.
É claro que os contratempos do dia a dia despertam alguns desses sintomas. Contudo, o sinal de alerta deve ser ligado considerando sempre dois pontos: a duração do desconforto e o tamanho do comprometimento que causa nas atividades diárias.
Em outras palavras, isso significa que é perfeitamente esperado se sentir desanimado por poucos dias. Porém, quando isso persiste e vai piorando com o passar das semanas, talvez seja o ponto para procurar ajuda.
Fatores envolvidos no desenvolvimento de um transtorno emocional
Outra particularidade dessa forma de adoecimento é que é bastante difícil isolar as causas e identificar os gatilhos que explicam por que determinados indivíduos padecem desses males. A maioria dos especialistas concorda que eles são resultados da interação de elementos como:
- alterações na estrutura e química do cérebro, como desarranjos em neurotransmissores (como a serotonina, por exemplo);
- histórico familiar aumenta o risco, indicando impacto da predisposição hereditária;
- níveis alterados de hormônios e flutuações hormonais estão ligados a disfunções na tireoide, gravidez, menopausa e ciclo menstrual, entre outros;
- uso de substâncias, lícitas ou ilícitas, que possivelmente desencadeiam transtornos de humor;
- experiências ruins em variadas etapas da vida, que vão desde apertos financeiros a contextos de vulnerabilidade e desamparo;
- características da personalidade (como resiliência, adaptabilidade etc.).
O Cartão dr.consulta conta com benefícios que abrangem o atendimento de psicólogos e psiquiatras com preços diferenciados, além do acesso facilitado a exames e outras especialidades médicas indispensáveis para o cuidado com a saúde integral ao longo da vida.
Além disso, o programa Cuidar da Mente mantém um suporte exclusivo com suporte de um time para tirar dúvidas e fornecer orientações sobre a atenção à saúde mental.
Prevenção

Ao mesmo tempo em que se fortalece a noção daquilo que prejudica a saúde mental, vale a pena repassar o que pode ser relevante na sua proteção. Embora não sejam 100% eficazes, certos hábitos fazem uma boa diferença. Eles incluem:
- contar com redes de apoio, compostas por amigos ou familiares, com quem se possa compartilhar desafios e dificuldades;
- dormir bem;
- manter uma dieta balanceada;
- fazer exercícios regularmente;
- encontrar medidas para aliviar o estresse e a tensão, mantendo hobbies ou incluindo técnicas de relaxamento, meditação ou yoga na rotina;
- equilibrar vida e trabalho, dentro do factível;
- ter instantes para si, se desconectando de estímulos exteriores (como as redes sociais e o celular, principalmente nos intervalos de relaxamento).
Como a ajuda profissional contribui para reverter o quadro
Psicólogos e psiquiatras são os especialistas capacitados a avaliar e fornecer orientações para tratar distúrbios emocionais, cada um a seu modo.
Em geral, não existem exames específicos para confirmar tal tipo de diagnóstico. Isso significa que não é viável utilizar um exame de imagem ou de sangue para ter certeza de que alguém está deprimido, por exemplo.
A identificação se dá principalmente por meio da conversa durante o atendimento, em que questionários e testes são aplicados.
De qualquer maneira, determinadas avaliações são pertinentes para tentar entender se o transtorno não é consequência de uma alteração hormonal (como aquelas causadas por prejuízos na tireoide). Assim, fica a critério dos profissionais responsáveis pelo acompanhamento determinar o melhor processo.
Seja como for, essas aflições geralmente são tratadas com o uso de medicamentos, psicoterapia ou uma combinação de ambos.
Medicamentos
Existem várias substâncias que ajustam a função cerebral e psíquica, contribuindo para a regulação emocional e alívio dos sintomas.
Nessas circunstâncias, os antidepressivos frequentemente são a primeira escolha. Conforme o nome sugere, eles são usados para depressão, mas também para outros diagnósticos, como a ansiedade.
Complementarmente, outros tipos de remédios podem ser usados, mediante avaliação e necessidade frente às manifestações. Eles incluem ansiolíticos, sedativos/hipnóticos (que induzem o relaxamento e o sono) e estabilizadores de humor.
A maioria dos medicamentos demora algumas semanas para surtir efeito. Além disso, a utilização é mantida por tempo capaz de prevenir recaídas do transtorno emocional.
Psicoterapia
Esse é o momento em que o psicólogo entra em ação durante o tratamento. Isso acontece em sessões periódicas (em grupo ou individuais). Além disso, o atendimento a distância, via online, é uma alternativa bem comum.
Seja qual for o método escolhido, o objetivo da psicoterapia é entender e modificar padrões de pensamento e assim ampliar a regulação emocional frente a situações das mais diversas.
Essa forma de terapia é dividida em uma série de abordagens. Há mais evidências de que a terapia cognitivo-comportamental tenha melhores resultados, mas como cada pessoa é única, talvez seja necessário experimentar diferentes formas de atendimento até encontrar o que traga um melhor retorno.
Medidas relacionadas a mudanças no estilo de vida e o suporte da família e dos amigos ampliam a chance de sucesso na recuperação, reforçando os benefícios da medicação e da terapia.
Ainda que sejam desafiadores, os transtornos emocionais são gerenciáveis no longo prazo, permitindo que todos aqueles atingidos por eles tenham uma rotina satisfatória e produtiva.
Fontes: