Saiba como a vulvodínia afeta o bem-estar feminino

Qualquer dor tem o potencial de comprometer a qualidade de vida. Ainda assim, a chamada vulvodínia, nome dado a um tipo de desconforto persistente na vulva, é muitas vezes negligenciada.
Falar sobre esse diagnóstico é importante para desmistificar uma série de aspectos – principalmente a vergonha que mulheres de diferentes perfis sentem e que as impede de buscar ajuda especializada.
Características gerais da vulvodínia
A vulva é o conjunto de órgãos íntimos femininos que são externos ao corpo. Isso inclui somente a área pubiana, os pequenos e os grandes lábios e o clitóris – mas não a vagina em si, que é o canal interno que se estende até o colo do útero.
Assim, a vulvodínia se caracteriza por dores em qualquer parte das regiões mencionadas por, pelo menos, três meses sem causa claramente visível (como vermelhidão ou lesão).
A partir disso, as atividades cotidianas são prejudicadas. Ou seja, a pessoa pode ter dificuldade em manter relações sexuais satisfatórias ou permanecer sentada na mesma posição por longos períodos.
Sintomas mais frequentes dessa condição
Esse incômodo pode vir acompanhado e/ou na forma de:
- queimação;
- irritação;
- latejamento;
- ardência;
- sensação de pontadas;
- inchaço no local afetado (dependendo do caso).
Enquanto para algumas mulheres, a perturbação não alivia em nenhum instante, para outras ela vai e volta diante de determinadas circunstâncias (inserção de absorventes internos, pressão de roupas apertadas, contato sexual, exame ginecológico, etc.), com episódios de horas ou dias.
No mais, os quadros são classificados como generalizados – em toda a vulva – e localizados, em que apenas um trecho específico é atingido (o vestíbulo, a entrada do canal vaginal, o clitóris, etc.).
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Possíveis explicações para a condição
Não há consenso do motivo que leva ao desenvolvimento da vulvodínia, mas a principal suspeita é uma irritação ou uma lesão nos nervos, que geram mais sensibilidade e, consequentemente, sinais dolorosos.
Em teoria, os elementos que aumentam o risco dessa alteração são:
- fatores genéticos;
- consequência de inflamação crônica;
- desarranjos musculares no assoalho pélvico;
- flutuações hormonais;
- disfunções autoimunes;
- componentes emocionais e psicológicos.
De acordo com uma publicação sobre o tema na Revista de Ciências Médicas, estima-se que cerca de 7% das mulheres apresentam a queixa, especialmente no período fértil (da adolescência ao início da menopausa). No entanto, é provável que o número seja maior, uma vez que parte dos episódios eventuais são ignorados.
Etapas até o diagnóstico adequado
Nenhuma dor deve ser vista como natural. Logo, diante de um incômodo persistente ou recorrente na região íntima, o ideal é procurar um ginecologista o quanto antes.
Além da avaliação física no local, o profissional pode averiguar outras razões para os sintomas, mesmo que também não sejam tão aparentes, como:
- uso de cosméticos, medicamento ou vestimentas com tecido capaz de provocar irritação;
- proliferação de fungos ou bactérias, o que considera também infecções sexualmente transmissíveis;
- uma alteração dermatológica inflamatória;
- disfunções relacionadas à chegada da menopausa, quando a idade é compatível com isso;
- lesões malignas, eventualmente associadas a um câncer na vulva.
Cada hipótese é avaliada e, se pertinente, testada com os recursos necessários, como por meio da coleta de secreção vaginal para uma análise laboratorial.
Por fim, o diagnóstico da vulvodínia se dá por exclusão: ele fica constatado quando opções para explicar ou amenizar as manifestações não dão resultado.
Esse desafio na confirmação faz com que sejam consultados vários médicos até a obtenção de uma conclusão satisfatória. Além de todos os transtornos que isso causa na rotina, o atraso posterga o início da terapia.

Alternativas para tratar de maneira apropriada a vulvodínia
A combinação de mais de uma medida tende a ser mais eficiente no controle de todos os desconfortos.
Desse modo, pode haver a exigência de implementar alterações em certos hábitos, utilizar determinados medicamentos ou se submeter a rotinas específicas de exercícios fisioterápicos.
Medidas comportamentais
Na primeira etapa, evitar qualquer substância com o potencial de promover a irritação da vulva é relevante, como cremes, sabões e lubrificantes com cor ou aroma.
O uso de sabonetes neutros de modo cuidadoso para a higiene íntima costuma ser a melhor opção. Além disso, é indicado escolher trajes feitos de algodão e não de tecido sintético.
Em paralelo, há a teoria de que reduzir os ácidos oxálicos na dieta contribui com o alívio dos sintomas – compostos naturais encontrados em alguns alimentos (chocolates, amendoins, folhas verde-escuro, etc.) e eliminados pela urina. Tal abordagem, orientada preferencialmente por um nutricionista, é útil em certos episódios.
O responsável pelo acompanhamento também deve estar atento ao impacto psicológico da vulvodínia. Não é raro que o quadro esteja atrelado a crises ansiosas ou depressivas, que merecem o devido manejo (com suporte psicoterápico, por exemplo).
Tratamento Farmacológico
Cremes analgésicos são uma recomendação comum dos ginecologistas, pois a aplicação local regular ameniza os incômodos.
Já os medicamentos orais mais utilizados são os antidepressivos. Seu uso demanda supervisão, inclusive por possíveis efeitos colaterais, mas esses fármacos são eficientes para bloquear o “caminho” da dor pelos nervos da área.
Fisioterapia
Exercícios indicados por um fisioterapeuta especialista nessa abordagem ajudam a fortalecer o assoalho pélvico. Acredita-se que as disfunções possam ser superadas com a técnica, mas é preciso considerar que pode levar meses para se consolidar por completo.
Nos cenários muito graves em que a união dessas ações não for suficiente, uma intervenção cirúrgica entra na lista de soluções. O procedimento deve atender a vários critérios e ser cuidadosamente planejado e tem boas chances de sucesso.
É fundamental destacar que, embora a vulvodínia possa representar um desafio significativo, o diagnóstico preciso e o tratamento apropriado podem trazer uma melhora considerável na qualidade de vida.
Fontes: