Entenda os riscos do abuso de remédios calmantes e estimulantes

O uso de medicamentos é uma alternativa possível para o tratamento de alguns transtornos mentais, como a ansiedade, depressão, entre outros.
No entanto, um desafio atual é combater o uso indevido de tais substâncias. Em busca de seus efeitos no organismo, em especial no sistema nervoso central, não são raros os casos de pessoas que recorrem a calmantes ou a estimulantes sem prescrição médica ou ingerem os remédios além das doses recomendadas.
Tal atitude gera uma série de consequências negativas ao corpo e, se praticada recorrentemente, pode até colocar a vida em risco.
Como os calmantes e os estimulantes agem no organismo
A ansiedade é uma condição marcada pela preocupação excessiva e o nervosismo constante. Os chamados ansiolíticos, pertencentes à classe dos benzodiazepínicos, são calmantes do sistema nervoso que agem rapidamente para atenuar os sintomas típicos do transtorno mental.
Bastante populares no Brasil, existem mais de 100 remédios em uso à base dessas substâncias no país, de acordo com o Jornal da USP. Além de amenizar velozmente os sintomas, eles também têm efeito sedativo, induzem o sono, reduzem a tensão muscular e funcionam como anticonvulsivante.
Já a outra categoria de medicamentos, estimulante do sistema nervoso, como a lisdexanfetamina, atua por meio da liberação de norepinefrina e de dopamina, detalha artigo do Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences.
Essa classe é usada especialmente como alternativa para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), pois favorece o aumento da atenção, assim como reduz a impulsividade e a hiperatividade. O remédio, contudo, ficou bastante famoso pelo nome comercial e pelo uso desenfreado por altos executivos que buscam potencializadores ou até para fins recreativos – o que é absolutamente contraindicado.

O que o abuso desses medicamentos causa
Os efeitos dos benzodiazepínicos, de fato, são benéficos para pessoas com ansiedade e o consumo é considerado seguro quando prescrito por médicos.
Chama atenção, porém, o aumento do uso do medicamento nas últimas décadas, em especial o desfecho fatal da ingestão equivocada da substância.
De acordo com estudo publicado no periódico Brazilian Journal of Health and Pharmacy, o número de mortes por overdose do benzodiazepínicos aumentou em 400% entre 1996 e 2013.
Um dos riscos dessa classe de medicamentos, quando usada em excesso, é o potencial de tolerância e de dependência pelo organismo . Outros efeitos colaterais são:
- impactos na memória;
- tontura;
- diminuição de atividade psicomotora (falhas de equilíbrio, mobilidade, lentidão, entre outras);
- dificuldade de concentração.
A pesquisa também identificou o aumento, em três vezes, da ideação suicida em pessoas que combinam calmante com opioides – em relação ao uso separado de cada classe de substância.
Nos casos em que esse é pensamento recorrente, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é fortemente indicado para prestar apoio. Basta ligar para o número 188 ou entrar em contato por meio dos demais canais de atendimento.
Assim como os ansiolíticos, os estimulantes também são considerados seguros se utilizados conforme prescrição médica.
Porém, o abuso da lisdexanfetamina pode levar à tolerância e à dependência, informa o Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul. Outras reações adversas são:
- diminuição de apetite;
- insônia;
- agitação;
- dor de cabeça;
- aumento moderado na pressão arterial e da frequência cardíaca;
- irritabilidade;
- hiperatividade;
- alterações de humor;
- psicose.
Caso a pessoa perceba alguma alteração em seu estado mental, é fundamental informá-la ao médico.
Medicamentos só devem ser tomados com indicação médica
Vale reforçar que o uso dos remédios citados, e quaisquer outros, exige sempre a orientação de profissionais autorizados. Atualmente, somente médicos, como o psiquiatra, podem prescrever medicamentos do tipo no Brasil.
Com o Cartão dr.consulta, é possível ter acesso a diferentes especialistas e exames, além de suporte e orientações que contribuem para o bem-estar do paciente em programas das Linhas de Cuidado.

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) ressalta também que falsificar prescrições é considerado crime no Brasil, conforme artigo 298 do Código Penal, que trata da falsificação de documentos. Além de multa e reclusão, há o risco de prejuízos à saúde pelo uso indevido de medicamentos.
A importância da psicoterapia e outras ações para a saúde mental
Por fim, vale lembrar também que o tratamento para os transtornos mentais pode ser realizado de forma multimodal.
Isso significa que não só medicamentos, mas outras abordagens são essenciais para cuidar da saúde mental. São elas:
- cuidar da alimentação, mantendo-a saudável e equilibrada;
- dormir bem;
- praticar atividades físicas e de lazer;
- cultivar relações com pessoas significativas;
- procurar ajuda profissional se achar que o sofrimento está grande demais.
Essas ações, além do acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, contribuem para que o bem-estar mental seja atingido.
Fontes: