Portadores de doenças autoimunes têm anticorpos que, ao contrário de proteger, atacam a si automaticamente e fragilizam a saúde quase na sua totalidade. Apesar de não serem contagiosas, essas patologias são crônicas e demandam cuidados, medicamentos e tratamentos contínuos.
Com sintomas frequentes e a imunidade em risco, é preciso saber como se proteger e prevenir outros quadros.
O que é uma doença autoimune (DAI)?
São classificadas como doenças autoimunes todas as que atacam o próprio organismo e as células saudáveis, a partir de uma disfunção do sistema imunológico.
Para recordar: esse é o sistema que serve de defesa contra os “invasores” externos e internos. Então, quando deixa de funcionar fora do seu padrão, baixa a imunidade (que é a proteção), se desorganiza e autoataca, afetando órgãos em qualquer parte do corpo como o cérebro, rins e pele, por exemplo.
Fatores de risco
Existem alguns fatores que podem aumentar o risco desse diagnóstico como:
- histórico familiar: se alguém da família tem uma doença autoimune, a probabilidade se torna maior. Portanto, as crianças podem herdar essa condição dos pais (predisposição genética) e ter ainda sintomas e gravidade diferentes;
- alterações celulares: quando as células do tipo B, que produzem os anticorpos sofrem modificações, podem desencadear mudanças na resposta imunológica;
- fatores comportamentais: os hábitos e estilo de vida também influenciam no mecanismo de defesa do organismo;
- fatores ambientais: menos previsíveis, os fatores ambientais como luz solar e poluição do ar tendem a ser associados com essas doenças.
Como a autoimunidade pode ser resultado da combinação de diferentes fatores, é sempre recomendado manter um acompanhamento preventivo de saúde.
No dr.consulta assinantes e dependentes do Cartão dr.consulta têm acesso e a possibilidade de fazer consultas e exames com valores diferenciados e ter outras vantagens exclusivas para os cuidados com a saúde. Conheça as modalidades disponíveis:
As 11 principais doenças autoimunes
O número de doenças autoimunes ainda é incerto, entretanto, estudos apontam para a catalogação de mais de 80 no mundo todo. Entre as principais estão:
- alopecia areata;
- artrite reumatoide;
- diabetes tipo1;
- doença celíaca;
- doença de Crohn;
- esclerose múltipla;
- espondiloartrose anquilosante;
- lúpus;
- psoríase;
- tireoidite de Hashimoto;
- vitiligo.
Alopecia areata
Essa condição provoca a queda dos fios de cabelo e dos pelos e, nos casos mais raros, de todo o cabelo da cabeça ou os pelos de todo o corpo, na alopecia areata total e alopecia areata universal, respectivamente.
O quadro pode ser agravado por fatores psicológicos como estresse, por exemplo.
Artrite Reumatoide (AR)
As inflamações das juntas costuma causar bastante desconforto. A artrite reumatoide atinge as extremidades das articulações (mãos, pés, tornozelos, punhos e joelhos) e afeta mais as mulheres na faixa entre os 50 e 70 anos.
Diabetes mellitus tipo 1
Quem normalmente tem sede excessiva, boca seca e sente formigamento nos pés e pernas, pode ter a diabetes tipo 1, sendo essa uma das principais doenças autoimunes e tipos de diabetes.
Como agride as células do pâncreas (órgão responsável pela produção de insulina) os níveis de glicose, ou seja, do açúcar no sangue ficam alterados.
Doença celíaca
Os celíacos têm intolerância ao glúten, proteína encontrada no trigo, cevada e aveia e suas variações. Apesar de não ser considerada uma doença grave, a restrição alimentar limita bastante o cardápio – que precisa ser adaptado para evitar os sintomas comuns como: diarreia, dor de cabeça e barriga inchada.
Doença de Crohn (DC)
Também de origem autoimune, a doença de Crohn, é uma das doenças inflamatórias intestinais mais comuns. Seus sintomas característicos incluem: diarreia, perda de peso, febre e dores abdominais constantes.
Esclerose múltipla (EM)
As mulheres jovens adultas com idade média de 30 anos são as mais afetadas no mundo todo por essa condição. Por ser progressiva, a esclerose múltipla é mais preocupante e pode levar à paralisia, dormência ou a descoordenação dos movimentos.
Espondiloartrose anquilosante
Essa é uma doença que acomete as articulações do esqueleto axial (crânio, caixa torácica e coluna vertebral) e, na maioria das vezes, afeta a coluna vertebral e as articulações do ombro, quadril e joelho.
Se não for devidamente tratada, pode levar a incapacitação e, nos casos mais críticos, avançar para outras áreas como olhos, coração, intestino e pulmão.
Lúpus
Pacientes com lúpus enfrentam uma doença que pode afetar diferentes órgãos e tecidos, de uma única vez.
O tipo da patologia se divide entre lúpus cutâneo, lúpus sistêmico, lúpus induzido por drogas e o lúpus neonatal e varia conforme a gravidade: podendo ir de leve a grave.
Psoríase
Com sintomas cíclicos – que aparecem e desaparecem -, a psoríase é caracteriza por lesões avermelhadas que descamam a pele, trazendo um efeito visual bem diferente da condição normal. A doença pode evoluir para a artrite psoriásica que atinge as articulações.
Tireoidite de Hashimoto
O diagnóstico para a tireoide de Hashimoto é dado com a constatação da autodestruição das células tireoidianas e pode evoluir para o hipotireoidismo, em alguns diagnósticos.
Como não apresenta sintomas aparentes desde o início, é considerada uma doença silenciosa. As suspeitas da condição aumentam quando a frequência da ocorrência da voz rouca, do intestino preso, do cansaço e do sono aumentam.
Vitiligo
A perda da coloração da pele e o aparecimento de manchas despigmentadas traduzem o vitiligo. Os portadores de vitiligo normalmente têm coceiras locais acompanhadas ou não de descamações leves.
A doença não-contagiosa pode afetar a boca, o cabelo e os olhos e tem como causa a diminuição ou falta de melanina que, por sua vez, é de origem autoimune. Isso ocorre quando as células do sistema imune atacam os melanócitos que produzem a melanina.
Diagnóstico
Certas queixas e sintomas relatados ou percebidos pelos pacientes podem indicar uma doença autoimune, no entanto, somente com a realização de exames é que se pode confirmar ou excluir essa hipótese.
O exame FAN (da sigla fator anti-nuclear) também chamado de anticorpo nuclear (ANA), é um dos mais solicitados e se assemelha a um exame de sangue convencional. Esse teste sanguíneo de rastreio identifica a presença e quantidade de anticorpos e ajuda nesse diagnóstico.
Convivendo melhor com os sintomas das doenças autoimunes
As doenças autoimunes são incuráveis. Por isso, quando se pensa na qualidade de vida e no bem-estar dos seus portadores as maiores preocupações são: o controle ou redução dos sintomas e a contenção do avanço da autoimunidade.
Tratamentos
Os tratamentos são prescritos conforme o tipo de patologia e podem ser utilizados desde medicamentos com corticosteroides, até imunossupressores e imunomoduladores.
Com o devido acompanhamento médico regular dentro de cada uma das especialidades, mantendo o tratamento sem interrupção e as adaptações nas rotinas e nos hábitos alimentares e do sono, é possível ter dias e uma vida sem muitas limitações.
Direitos
Atualmente, somente os portadores de esclerose múltipla e espondiloartrose anquilosante se enquadram nos requisitos para recebimento de benefícios pela Previdência Social, como previsto no art. 151 da Lei 8.213/91.
Outros Projetos de Lei (PL) vem discutindo a pauta, dado a relevância. O Projeto de Lei 1456/23, por exemplo, recomenda que pessoas com lúpus sejam consideradas, para todos os efeitos legais, às pessoas com deficiência, garantindo assim os mesmos direitos.
Fontes
- Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde (BVSMS);
- Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde (BVSMS);
- Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde (BVSMS);
- Câmara dos Deputados;
- Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF);
- Manual MSD;
- Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD);
- Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD);
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM);
- Sociedade Brasileira de Reumatologia;