Saiba como a esclerose múltipla afeta o sistema neurológico
A esclerose múltipla é uma condição crônica que afeta o sistema nervoso central, comprometendo a comunicação entre o cérebro e diferentes partes do corpo.
Ela é causada primordialmente pela inflamação e degeneração da substância que envolve as células nervosas dentro do órgão alojado no crânio.
Embora não tenha cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para controlar os sintomas, reduzir a progressão e preservar a qualidade de vida das pessoas afetadas.
O que causa a esclerose múltipla (EM)
Ela é desencadeada por um processo disparado pelo próprio sistema imune, no qual a mielina –membrana formada por proteínas e lipídeos (gordura) que envolve os tratos nervosos, facilitando a comunicação dos neurônios – é atacada por engano pelas defesas do corpo, causando inflamação e a formação de algo que lembram cicatrizes no tecido nervoso.
A partir dessa agressão, a transmissão adequada dos impulsos elétricos ao longo do sistema nervoso fica comprometida, gerando os prejuízos característicos da alteração. Os sintomas iniciais, muitas vezes leves, atrasam o diagnóstico por anos.
Embora a causa exata seja desconhecida, pesquisadores identificaram múltiplos fatores que contribuem para o desenvolvimento da condição, como destaca artigo sobre o tema publicado no periódico Medicine, em 2024. Entre os principais elementos supostamente envolvidos estão:
- predisposição genética, especialmente quando há familiares com a alteração ou outras disfunções autoimunes;
- fatores ambientais e fisiológicos, como infecções virais (principalmente pelo vírus Epstein-Barr, que causa herpes em humanos) e deficiência de vitamina D;
- características geográficas, já que a prevalência é maior em regiões mais ao norte do globo terrestre;
- sexo e idade, sendo três vezes mais comum em mulheres e mais frequente entre os 20 e os 40 anos;
- tabagismo, que pode acelerar a progressão dos sintomas.
Segundo dados publicados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estima-se que aproximadamente 40 mil pessoas vivam com esclerose múltipla no Brasil. Em âmbito global, mais de 1,8 milhão de indivíduos são afetados, conforme informações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Como as diferentes manifestações da esclerose múltipla evoluem
A complicação se apresenta em diferentes formas clínicas, cada uma com características específicas de progressão. Essa diferenciação, feita pelo profissional responsável pelo atendimento, orienta a abordagem e prognóstico mais adequados.
- síndrome clinicamente isolada: os sintomas surgem de uma única crise (também chamada de surto, exacerbação ou recaída) seguida por recuperação total ou parcial. Exames podem identificar danos no sistema nervoso;
- remitente-recorrente: surgem ataques repetidos, caracterizando o quadro inicial na maioria dos casos. Entre os episódios há períodos de remissão (inatividade), em que os sintomas estão ausentes;
- secundária progressiva: sequência do quadro remitente-recorrente, onde os ataques tornam-se raros, mas sintomas pioram progressivamente com perda gradual de funcionalidade;
- primária progressiva: onde há piora gradual desde o início, sem ataques agudos claros, podendo haver variações temporárias no conjunto de incômodos;
- síndrome radiologicamente isolada: tipo mais raro, com alterações neurológicas que sugerem a presença da esclerose múltipla, mas sem qualquer traço característico.
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Quais sintomas surgem com a esclerose múltipla?
A partir da interrupção do fluxo normal dos impulsos elétricos, os comprometimentos podem variar bastante. Por isso, eles são agrupados em diferentes categorias. As mais frequentes são:
- sintomas motores e de coordenação, fadiga persistente, fraqueza muscular, rigidez, espasmos, alterações na coordenação e no equilíbrio e tremores em diferentes partes do corpo;
- sintomas sensoriais, abrangendo formigamentos e dormências em mãos, pés ou face, queimação, dor neuropática e perda parcial ou total da sensibilidade ao toque;
- sintomas visuais, que geram visão turva ou dupla, redução do campo visual ou mesmo alterações na percepção de cores;
- sintomas cognitivos e emocionais, associados a dificuldades de memória, raciocínio e concentração e flutuações de humor, incluindo depressão, ansiedade e irritabilidade;
- outros prejuízos relevantes, como distúrbios do sono; disfunções da fala e deglutição (redução da capacidade de engolir alimentos) e disfunções sexuais;
O conjunto de queixas deve ser avaliado por um neurologista. É esse especialista que cuida não apenas do cérebro, como de todos os demais componentes do sistema nervoso, como a medula e os nervos.
Como é realizado o diagnóstico da esclerose múltipla
A confirmação da condição depende da combinação de critérios clínicos, laboratoriais e de imagem. Inicialmente é feita uma avaliação clínica, na qual o médico pesquisa o histórico familiar e os hábitos de vida, além de analisar os sintomas com apoio de um exame físico, conforme critérios específicos.
Adicionalmente, os exames de ressonância magnética do crânio e da medula espinhal são fundamentais para identificar as lesões características da condição.
As imagens buscam áreas de desmielinização que aparecem como manchas brancas no tecido nervoso. O uso de substância de contraste, injetada na circulação antes da captura das imagens pode ser útil nesse momento.
Em paralelo, o médico pode ainda solicitar a análise do líquido cerebrospinal (ou cefalorraquidiano). Com o auxílio de uma agulha, coleta-se o fluido que envolve o cérebro e a medula espinhal. O laboratório recebe o material e procura por proteínas que indicam inflamação no sistema nervoso central.
Por fim, podem ser feitos testes visuais, auditivos e sensoriais para indicar alterações neurológicas mesmo sem sintomas aparentes.
Quais são as opções de tratamento disponíveis?
A abordagem terapêutica é personalizada e envolve múltiplas estratégias para controlar a progressão e melhorar a qualidade de vida.
Inicialmente, o tratamento medicamentoso engloba diversas classes de fármacos utilizados para conter as crises e seus respectivos sintomas, bem como retardar a progressão da alteração, sempre com o devido acompanhamento.
Além disso, é fundamental investir na reabilitação multidisciplinar, que envolve diferentes especialidades, passando por:
- fisioterapia para manter mobilidade e força muscular;
- terapia ocupacional para adaptações nas atividades diárias;
- fonoaudiologia para disfunções de fala e deglutição;
- psicologia para suporte emocional adequado.
Por fim, embora não seja possível alcançar a cura da esclerose múltipla, algumas medidas podem ajudar a retardar a progressão e melhorar o bem-estar, em conjunto com o tratamento. Para isso, vale a pena investir na:
- manutenção de uma alimentação equilibrada;
- garantia dos níveis adequados de vitamina D por meio de exposição solar moderada e suplementação quando necessário, conforme ressalta estudo publicado na revista JAMA;
- interrupção do tabagismo;
- prática regular de exercícios físicos adequados às limitações individuais;
- gestão do estresse com apoio de técnicas de relaxamento;
- supervisão médica regular para ajustes no tratamento.
Seja como for, os avanços das últimas décadas melhoraram substancialmente as perspectivas, com muitos indivíduos mantendo uma boa expectativa de vida e uma relativa autonomia.
Ainda assim, a esclerose múltipla representa um desafio médico complexo que demanda abordagem multidisciplinar. O diagnóstico precoce, tratamento adequado e suporte contínuo são essenciais para otimizar os resultados e permitir que os afetados mantenham essa independência por muitos anos.
Fontes:
[…] esclerose múltipla; […]
[…] que a resposta pode ser disparada por aneurismas, tumores ou devido à progressão de um quadro de esclerose múltipla. De qualquer maneira, estima-se que cerca de 10% dos casos não têm motivo especificado, de acordo […]