Melhor prevenir do que tratar: o que é Medicina Preventiva?
É fato que a expectativa de vida das pessoas aumentou muito nos últimos anos. Mas por que será que isso vem acontecendo? A Medicina Preventiva é uma das responsáveis por essa mudança.
Até pouco tempo, ir ao médico significava estar doente, mas esse conceito vem mudando à medida que as pessoas começaram a olhar para a saúde com outros olhos.
A Medicina Preventiva preza, como o próprio nome já diz, pelo cuidado precoce. Atualmente, graças a ela inúmeras doenças podem ser evitadas precocemente. Nesse contexto, ir ao médico significa promover saúde.
Se antes as pessoas esperavam algum sintoma para buscar ajuda médica, hoje as consultas e check-ups anuais fazem, cada vez mais, parte da nossa rotina.
No entanto, apesar de conhecida por muitos, o conceito de Medicina Preventiva ainda não chegou para todos – muitas pessoas continuam buscando ajuda apenas quando sentem algum sintoma.
Se você já ouviu que é melhor prevenir do que remediar, sabe a importância da medicina preventiva. Então aproveite para tirar todas as suas dúvidas para incluir essa preocupação no seu dia a dia.
Quando surgiu e qual o objetivo desse conceito?
O conceito de Medicina Preventiva surgiu em meados do século XX e já trazia uma abordagem diferente da Medicina tradicional. A ideia básica era mudar o foco da prática médica, que até então servia exclusivamente para o tratamento de patologias já desenvolvidas no paciente.
E qual é o objetivo da Medicina Preventiva?
Sua base é a prevenção e o objetivo é evitar o surgimento de doenças, reduzindo os impactos que elas causam no organismo e, consequentemente, oferecendo melhor qualidade de vida e aumento da longevidade.
Assim, a estratégia mais importante utilizada pela Medicina Preventiva é o seu trabalho com um amplo conceito de saúde.
Isso porque ela propõe que a saúde seja discutida sob diversos aspectos e chama atenção para a responsabilidade do planejamento de políticas de Saúde Pública.
Nesse modelo os médicos agem de forma proativa, trabalhando no tempo presente para eliminar riscos que apontam o surgimento ou, até mesmo, o agravamento de uma determinada enfermidade no futuro.
Ou seja, é uma área médica que atua com técnicas e estratégias de prevenção, possibilitando intervenções precoces no desenvolvimento de possíveis doenças.
E o que trata a medicina preventiva?
Na prática, ela prevê cuidados diários que trazem bem-estar, por meio da realização de exames periódicos, dieta balanceada e a prática regular de atividade física.
Esses cuidados diminuem o risco de uma pessoa desenvolver doenças como, por exemplo, hipertensão e diabetes – cujas consequências mais sérias podem, respectivamente, causar derrames e cegueira.
Outra ferramenta importante Medicina Preventiva é a vacinação. Essa tem a finalidade de impedir certos tipos de vírus e bactérias que podem causar doenças sérias como hepatite A, influenza, tétano, tuberculose e até Covid-19.
A divisão da Medicina Preventiva
Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, para uma execução eficaz, a Medicina Preventiva é dividida em quatro etapas. Cada uma delas apresenta diagnósticos e diferentes formas de intervenção, de acordo com as características apresentadas pelo paciente.
Vamos explicá-las em detalhes abaixo. Confira:
1- Etapa primária
Essa etapa caracteriza-se como o primeiro contato do paciente com a Medicina Preventiva. Nesse momento, o foco principal é evitar a doença combatendo as causas e os fatores de risco.
Podemos citar como exemplos dessas orientações: o uso do protetor solar para evitar o câncer de pele e o uso de máscaras para o combate à Covid-19.
Nesta etapa, são feitas, por exemplo, campanhas para incentivar a prática de atividades físicas, a alimentação saudável e também sobre os impactos do tabagismo na saúde, entre outras medidas.
2- Etapa secundária
Nessa etapa, a palavra-chave é diagnóstico precoce. É justamente com isso que a Medicina Preventiva se preocupa, pois quanto mais cedo um diagnóstico é feito, maiores são as chances de reduzir as complicações e sequelas.
Aqui, a orientação ao paciente é sobre a necessidade de exames preventivos de rotina ou os autoexames – possíveis em algumas doenças como o câncer de mama, por exemplo,
Mas é fundamental lembrar que nenhuma dessas práticas substituem o exame clínico e o rastreamento preventivo realizado por profissionais da saúde, fundamentais para essa prática.
Essa etapa também atua no nível populacional por meio da vigilância epidemiológica, feita pelos gestores de Saúde Pública.
As ações desenvolvidas nesse âmbito são: monitoramento regional, integração de sistemas, cruzamento de dados e investimentos em tecnologia.
3- Etapa terciária
Nessa terceira etapa, a Medicina Preventiva atua com pacientes que já apresentam doenças crônicas em algum estágio de desenvolvimento que não a inicial.
Aqui, os objetivos se concentram em reduzir os prejuízos já causados, amenizar os sintomas e inibir o avanço, oferecendo os tratamentos possíveis e melhorando a qualidade de vida do paciente.
Essas medidas garantem acompanhamento constante para proporcionar dignidade e proteção, além de cuidar da sua reabilitação.
Alguns exemplos de atuação da Medicina Preventiva nessa terceira etapa são:
- atendimento fisioterapêutico;
- acompanhamentos pós-operatórios;
- promoção de políticas públicas de acessibilidade como:
- elevadores;
- piso tátil;
- banheiros adaptados;
- eliminação de barreiras físicas.
4 – Quarta etapa
A quarta etapa começou a ser discutida no início do século XXI. Essa discussão nasceu da preocupação ética com a administração de tratamentos nocivos e procedimentos que poderiam ser dispensáveis.
Ela também questionava alguns pontos como a medicalização de fatores de risco e o aumento de casos de pacientes hipocondríacos.
A proposta dessa etapa é a detecção de indivíduos em risco de tratamentos e intervenções excessivos a fim de protegê-los de novas ações médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
Essa abordagem avalia o histórico de saúde, a totalidade dos sintomas, os riscos dos exames solicitados e dos tratamentos administrados de modo a evitar potenciais danos à saúde do indivíduo que possam ser mais graves que a própria doença.
O que é o rastreamento preventivo?
O rastreamento preventivo é a base da Medicina Preventiva. São exames com a finalidade de detectar determinadas patologias ou alterações em estágio inicial, antes mesmo que o indivíduo apresente sinais ou sintomas.
Esse rastreamento é solicitado pelos profissionais de saúde e serve como triagem prévia para determinadas doenças. Dessa forma, é possível realizar um exame de rastreamento de câncer, um rastreamento genético, entre outros.
Ele pode ser realizado com diferentes métodos e tipos de exames, desde questionários até aparelhos portáteis para acompanhar os marcadores sanguíneos como colesterol e glicose, por exemplo.
Todas as fases da vida necessitam de cuidados específicos e os exames de rastreamento devem ser feitos sempre que possível – inclusive, nas crianças.
Rastreamento preventivo em crianças
Quando pensamos nelas especificamente esse tipo de rastreamento é bastante comum. As crianças são acompanhadas preventivamente desde a sua formação como feto durante o pré-natal.
As ultrassonografias obstétrica e morfológica, por exemplo, apontam a possibilidade de doenças genéticas que poderão ser melhor investigadas com exames específicos.
O teste do pezinho e exames de audição são realizados no bebê ao nascer com o objetivo de avaliar a tendência a algumas doenças.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que os bebês devem ser levados ao pediatra, mensalmente, até os 6 meses de vida e bimestralmente até os 12 meses.
Do 1º ao 2º ano, a recomendação é que as consultas sejam trimestrais. E dos 2 aos 5 anos devem ser semestrais. A partir dos 6 anos as consultas devem ser realizadas anualmente.
Ao chegar à vida adulta, a indicação para homens e mulheres é que façam um check-up anual, principalmente depois dos 35 anos.
Em consultas preventivas, de acordo com o histórico familiar e outras suspeitas, surgem as solicitações de alguns tipos de exames de rastreamento, conforme orientação médica.
Rastreamento preventivo em adultos
É recomendado que após os 35 anos homens e mulheres realizam anualmente os seguintes exames – considerados os principais para a prevenção de doenças:
- teste ergométrico para avaliação do sistema cardiovascular. Ele mostra como esse sistema reage ao esforço, detectando doenças na artéria coronariana, hipertensão arterial e arritmias;
- papanicolau para as mulheres. Esse exame consiste na coleta de células do colo do útero para detectar a presença de infecções sexualmente transmissíveis e prevenir o câncer de útero;
- colesterol para medir os níveis de HDL (colesterol bom) e o LDL (colesterol ruim) e ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares;
- hemograma: realizado a partir da coleta de uma amostra de sangue. Analisa as hemácias, plaquetas e leucócitos e pode prevenir anemia, leucemia, doenças renais, entre outras;
- glicemia: exame de sangue que aponta os níveis de glicose e ajuda na prevenção do diabetes;
- mamografia: comumente indicado para as mulheres, capta imagens das mamas e pode ajudar a prevenir o câncer de mama;
- exame de próstata para os homens – muito propagado durante o Novembro Azul. Consiste num toque retal que avalia alterações nessa área e ajuda a prevenir o câncer de próstata.
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Você pode agir proativamente para ter uma qualidade de vida melhor, começando por entender seus hábitos e atuando de forma preventiva.
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Outros benefícios da Medicina Preventiva
A prática desse tipo de medicina trouxe inúmeras vantagens ao paciente. Ela não só impactou a Medicina com sua nova forma de atuação, mas também se estendeu para a sociedade como um todo.
Sua implementação atingiu instituições e a sociedade por ações que asseguram o bem-estar do paciente e da comunidade.
Para os pacientes, prevenir a doença por meio de consultas e exames proporciona ganhos imensuráveis, sem falar da adoção de hábitos saudáveis de vida, minimizando o aparecimento de doenças.
Prevenindo a doença, seu controle fica muito mais fácil. Sem dizer do ganho de longevidade ao evitar o uso de medicamentos e procedimentos invasivos. Mas o ganho não é individual.
As empresas que, por ações de promoção de saúde, estimulam a prevenção de enfermidades, reduzem o número de faltas dos colaboradores e melhoram o clima organizacional.
Para o governo, a promoção de uma política de medicina preventiva traz incontáveis benefícios, refletidos principalmente na saúde pública e nos gastos.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, o Brasil gasta, em média, R$ 3,83 por dia com a saúde de cada habitante. Só em 2019 foram gastos R$ 1.398,53 por pessoa no País.
Por meio dessa estratégia, a qualidade de vida dos cidadãos reduz os custos com atendimentos de emergência, tratamento de doenças e superlotação em hospitais, o que permite que os médicos dediquem maior atenção aos casos mais graves.
Mas é claro que existem também obstáculos. Um dos maiores desafios é atingir mais pessoas na promoção de saúde do que propriamente na prevenção de doenças.
Para isso, a Medicina Preventiva visa desenvolver, no seu nível primário, o conceito de qualidade de vida e adoção de hábitos saudáveis para melhorar e preservar a saúde.
Então, que tal manter seus check-ups em dia?
Uma forma de aderir aos cuidados frequentes com a saúde, é criando uma rotina. Faça os check-ups recomendados pelo seu médico para ter uma avaliação mais segura.
Esses diagnósticos ajudam a entender seu status atual de saúde e previnem outras complicações.
Você também pode procurar um atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) ou agendar consultas e exames periódicos no dr.consulta.
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Fontes:
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