6 razões que podem explicar uma oscilação de humor

É ilusório esperar que as emoções de uma pessoa permaneçam estáveis, sem sofrer qualquer tipo de alteração. Elas estão sujeitas a um “sobe e desce” que pode ser de maior ou menor intensidade, de acordo com uma série de variáveis.

Mas existe um jeito de identificar quando isso está além do que se pode considerar esperado? E de que modo tais flutuações estão eventualmente vinculadas a uma complicação de saúde mental?

O que define uma oscilação de humor

Acordar com aquela sensação de ter colocado o pé esquerdo no chão ao se levantar da cama é bem comum e pode ser um motivo razoável para ficar o dia todo se sentindo mal. Algo similar pode acontecer diante de situações de estresse corriqueiro, como uma notícia ruim ou uma tarefa desagradável no trabalho.

Em pouco tempo, no entanto, é provável que tudo fique bem e um humor mais positivo volte a tomar conta do indivíduo. Em outros casos, por uma série de fatores, essas mudanças podem ser mais fortes do que aquilo que pode ser considerado comum.

Desse modo, novas variações vão de euforia e felicidade a tristeza profunda ou irritabilidade em períodos curtos, a depender das circunstâncias.

Em outras palavras, embora seja completamente comum perceber inconstâncias ao longo do dia, quando elas impactam o bem-estar, é recomendado investigar suas causas, inclusive com ajuda especializada.

6 causas comuns para esse tipo de flutuação

Não é fácil mapear o gatilho de uma oscilação de humor, em especial quando ela não causa grandes contratempos. De qualquer maneira, com atenção em determinados aspectos é possível rastrear o que está influenciando as emoções. No geral, os motivos estão associados a:

1. estresse e ansiedade;
2. desequilíbrios hormonais;
3. sono ruim;
4. condições de saúde mental;
5. uso de substâncias prejudiciais;
6. alterações médicas de diversas naturezas.

1 – Estresse e ansiedade

Em geral, sentir-se estressado ou ansioso é uma resposta natural do organismo a cenários adversos, em que geralmente a incerteza toma conta.

Frente a pressões, o corpo dispara uma série de reações e libera hormônios como o cortisol, que afeta diretamente o humor, despertando sentimentos de agressividade e de irritabilidade. A ansiedade, por sua vez, torna evidente o medo e a preocupação excessiva, contribuindo para disfunções bruscas, sobretudo enquanto a situação não se resolve.

2 – Desequilíbrios hormonais

A ação de diversos hormônios é uma causa comum de oscilações de humor, principalmente em mulheres.

Durante o ciclo menstrual, a gravidez ou a menopausa, os níveis de substâncias como estrogênio e progesterona mudam significativamente, o que afeta o humor em alguma medida.

Para ilustrar isso, basta imaginar o que as pessoas do sexo feminino às vezes experimentam nos dias que antecedem a menstruação (a chamada tensão pré-menstrual) ou no puerpério (as semanas seguintes ao parto).

Em menor intensidade, homens também experimentam desequilíbrios emocionais devido a alterações nos níveis de testosterona.

3 – Sono ruim

A falta de descanso noturno é outro aspecto capaz de gerar um impacto profundo no humor. Basta uma noite com menos horas de relaxamento para notar emoções desagradáveis no dia seguinte.

Além disso, dormir aquém do ideal prejudica profundamente a qualidade de vida, diminui a produtividade e torna mais difícil completar as tarefas diárias. Para evitar isso, adultos devem repousar entre sete e nove horas todas as noites. A chamada higiene do sono é uma excelente aliada nesse objetivo.

4 – Condições de saúde mental

Transtorno afetivo bipolar (TAB) e transtorno de personalidade borderline estão frequentemente associados a oscilações intensas.

No primeiro, por exemplo, a pessoa pode alternar entre episódios de mania (euforia extrema) e depressão (tristeza acentuada). Já no segundo, as reviravoltas de humor constantemente são rápidas e imprevisíveis.

Mas como tudo que envolve essas questões, é preciso ter o cuidado necessário para não banalizar ou gerar estigma sobre diagnóstico, que depende do acolhimento e avaliação de um psicólogo ou psiquiatra.

Quem convive com o TAB, por exemplo, experimenta descompassos que têm particularidades próprias. Assim sendo, esses indivíduos apresentam um ânimo rebaixado por semanas ou meses antes de desenvolverem um episódio de mania, o polo oposto do quadro.

Ou seja, salvo raras exceções, essas variações não ocorrem de maneira brusca ou repentina. Similarmente, a ciclotimia (uma forma “leve” de TAB) pode causar oscilações tão sutis que são confundidas com circunstâncias normais da vida.

5 – Uso de substâncias prejudiciais

O consumo de cafeína, de álcool e de outros itens lícitos ou ilícitos tem o potencial de influenciar o humor. Do mesmo modo, a retirada abrupta desses componentes pode gerar abstinência, em que os desconfortos físicos e psíquicos se fazem presentes.

Ademais, alguns medicamentos, principalmente aqueles utilizados para quadros psiquiátricos, interferem no estado emocional. Nessas horas, é importante conversar com o profissional responsável pela prescrição para entender tais efeitos colaterais.

Recomendações para lidar com as oscilações de humor

É claro que ao longo da vida cada indivíduo passa a se conhecer melhor e, assim, ter à disposição recursos diferentes para lidar com tais angústias e aflições. Entre recomendações úteis a serem colocadas em práticas estão:

• incluir entre os hábitos cotidianos algumas técnicas de relaxamento, como exercícios de respiração ou yoga e meditação;
• praticar exercícios físicos regularmente;
• se dedicar a atividades prazerosas (ver um filme, ouvir música, ler etc.);
• alimentar-se de modo equilibrado;
• priorizar um sono de qualidade
• restringir o consumo de cafeína, de álcool ou de outras substâncias com impacto sobre o bem-estar psicológico;
• buscar formas de ver as situações pelo lado positivo, dentro do plausível, por mais desafiadoras que elas sejam.

Para complementar o cuidado com a saúde mental e bem-estar emocional, o Cartão dr.consulta oferece acesso facilitado as consultas com médicos especialistas e outros profissionais, além de preços diferenciados em uma lista bem grande de exames.

Junto disso, o programa Cuidar da Mente garante suporte de uma equipe especializada, que oferece orientações e tira dúvidas para tornar a assistência necessária mais prática e personalizada.

Cenários em que isso deve chamar a atenção para algo mais sério

A partir do momento em que as variações se tornam uma constante e causam prejuízo ao modo como se leva a rotina, talvez haja uma questão por trás que precise ser encarada. Alguns sinais incluem:

• interferência no trabalho, nos relacionamentos ou na capacidade de realizar demandas cotidianas;
• conflitos frequentes com familiares e amigos;
• outros sintomas, como fadiga, comprometimentos no apetite, dores de cabeça, dificuldades para dormir ou falta de foco;
• comportamentos que colocam em risco os outros ou a si;
• mudanças persistentes, que duram semanas ou meses, ou ainda que parecem piorar à medida que o tempo passa.

A presença de um ou mais desses sinais pode indicar um transtorno de saúde mental. Ao recorrer a uma avaliação profissional, torna-se viável compreender com mais precisão a dimensão das manifestações e o que efetivamente está por trás delas. A partir disso, psiquiatras e psicólogos conseguem prescrever o tratamento apropriado.

Os quadros em que a oscilação de humor se fazem presentes costumam responder bem a medicamentos, psicoterapia ou a uma combinação de ambos, sempre levando em consideração também a adoção de um estilo de vida mais saudável e o fortalecimento do autocuidado.

Fontes:

• Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo);
• Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo);
• Estudos de Psicologia (Campinas);
• National Library of Medicine.