As opções de tratamento mais efetivas para a bipolaridade

Mais do que uma mera oscilação de humor, a bipolaridade (nome comumente utilizado para o que os especialistas chamam de transtorno afetivo bipolar) é uma condição de saúde mental com impacto profundo sobre o indivíduo e todos aqueles ao seu redor.
Por isso, o diagnóstico e o tratamento são tão importantes. Com a devida avaliação, é possível combinar medidas para o controle dos sintomas que comprometem a funcionalidade, a produtividade e os relacionamentos daqueles afetados.
Os pontos centrais do transtorno afetivo bipolar
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma em cada 150 pessoas adultas têm bipolaridade. Portanto, a estimativa indica que aproximadamente 40 milhões de seres humanos convivem com isso. A manifestação também ocorre em crianças e adolescentes, embora seja mais rara.
O elemento mais característico do transtorno afetivo bipolar (ou TAB) são as flutuações entre dois pólos: a depressão e a mania. Não por menos, por muito tempo ele era chamado de depressão bipolar ou transtorno maníaco-depressivo.
Nos estágios depressivos, existe tristeza persistente, perda de interesse em atividades antes satisfatórias, cansaço e dificuldade para dormir, entre outras características comuns em um quadro convencional de estado depressivo.
Já durante a fase de mania (ou euforia), o comportamento se torna expansivo, com autoestima excessivamente elevada e fala demasiadamente rápida, como se o pensamento estivesse acelerado.
Nessa etapa surgem comportamentos de risco (dirigir perigosamente, consumir bebida alcoólica em excesso, gastar dinheiro de maneira indevida), acompanhados de agitação motora e baixa necessidade de sono.

Tanto a melancolia quanto a excitação extrema são altamente incapacitantes e podem se estender por longos períodos. Ambos os cenários acabam custando dias de trabalho, causam conflitos e dificultam a sociabilidade.
Para ampliar a compreensão e diminuir o estigma em torno do tema, o dia 30 de março foi escolhido como o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. A data coincide com o nascimento do pintor holandês Vincent Van Gogh, que supostamente apresentava o que se conhece hoje como esse comprometimento de saúde mental.
O Cartão dr.consulta também pode ser um forte aliado, pois proporciona atendimento qualificado no cuidado à saúde mental, desde a infância até a vida adulta, garantindo acesso especialistas da área que podem oferecer atenção qualificada, com descontos em consultas e exames.
O programa Cuidar da Mente complementa o atendimento com uma equipe multidisciplinar especializada, disponível para orientações e esclarecimentos. Esse acompanhamento preventivo torna-se mais acessível e estruturado para cada paciente:
As principais abordagens e recomendações para o tratamento da bipolaridade
Não existe exame laboratorial ou de imagem para diagnosticar tal desordem. Assim, psiquiatras e psicólogos conversam com a pessoa que procura acolhimento para suas queixas.
Em determinadas circunstâncias, a busca por informações com parentes e amigos é relevante, sobretudo para captar as variações de comportamento.
De todo modo, a confirmação é difícil e às vezes leva meses ou até anos. A condição é confundida com disfunções depressivas, especialmente nos intervalos dos episódios maníacos. Mas a partir do instante em que o TAB é identificado, a abordagem terapêutica adequada é introduzida o quanto antes.
O objetivo é controlar as manifestações de momento e evitar futuras recaídas. Por isso, é comum que seja mantido no longo prazo, como em outra enfermidade crônica. Entre os recursos mais utilizados estão:
- medicamentos;
- psicoterapia;
- mudanças no estilo de vida e conscientização sobre o TAB;
- abordagens alternativas, que incluem terapias com luz e a eletroconvulsoterapia.
Quase sempre a união de mais de uma técnica funciona melhor do que qualquer tentativa isolada. A revisão constante das indicações precisa ser feita para entender se o efeito esperado está sendo alcançado.
1 – Medicamentos
A prescrição dos remédios é responsabilidade do psiquiatra. Mediante a avaliação do indivíduo, o profissional faz a recomendação adequada de doses e fármacos apropriados.
Na maioria dos casos, os estabilizadores de humor são a primeira opção de substância. Como o nome sugere, a meta deles é conter a alternância de um estado a outro da bipolaridade.
Em paralelo, antidepressivos (também empregados para depressão e ansiedade) são úteis para atenuar os sintomas mais persistentes de rebaixamento do ânimo.
Por fim, possíveis traços psicóticos (ou seja, em que há variados graus de desconexão da realidade) são tratados com antipsicóticos. Toda medicação oferece efeitos colaterais e riscos específicos. Isso deve ser discutido com o médico, bem como ajustes nas receitas se o resultado desejado não for alcançado.
2 – Psicoterapia
Diferentes formas de terapia com um profissional de Psicologia são pertinentes para tratar o TAB, acima de tudo para aqueles que estão atravessando estágios depressivos.
Atendimentos individuais são uma ferramenta para que a pessoa tenha estrutura emocional para lidar com as dificuldades do dia a dia em contextos diversos, ao mesmo tempo em que possa reconhecer como se sente perante os obstáculos cotidianos.
O contato com o psicólogo ajuda ainda a identificar eventuais “gatilhos” da ciclagem (ou seja, alternância) entre cada extremo. Além disso, sessões em grupo (em rodas de conversa, por exemplo) são um espaço para que os atingidos por sinais e sintomas parecidos compartilhem experiências e aprendam juntas durante o processo terapêutico.
3 – Mudanças no estilo de vida e conscientização sobre o TAB
Junto das prescrições de medicamento e do suporte da psicoterapia, determinadas alterações no dia a dia podem potencializar os benefícios obtidos pelos demais meios de suporte disponíveis:
- manter uma rotina dentro das possibilidades, com uma lista de afazeres para todos os dias (o que pode incluir coisas simples, como arrumar a cama e tirar o lixo);
- priorizar uma alimentação equilibrada, capaz de nutrir o corpo satisfatoriamente;
- praticar qualquer exercício físico, nem que por apenas alguns minutos;
- interromper o uso de álcool, nicotina e outros estimulantes;
- investir na higiene do sono, com rituais que favoreçam um descanso noturno apropriado.
Existem recomendações voltadas para amigos e familiares, que devem estar cientes de tudo aquilo que cerca o transtorno. O acesso à informação qualificada reduz o preconceito, evitando a psicofobia e ampliando a rede de apoio disponível.
Adicionalmente, todos no convívio de alguém com bipolaridade se tornam capazes de perceber possíveis indícios de alerta, seja por conta de episódios depressivos muito profundos, seja devido ao agravamento de uma manifestação de mania.
4 – Abordagens alternativas (terapias com luz e a eletroconvulsoterapia)
Em casos limitados, o TAB não responde bem à combinação de medicamentos e ao aconselhamento terapêutico. Quando isso se desenrola, costuma-se dizer que há uma resistência ao tratamento.
Outra possibilidade envolve emergências (em que há, inclusive, a demanda de internação), principalmente em manifestações maníacas/psicóticas agudas.
Diante dessas circunstâncias, os médicos responsáveis pelo atendimento têm à disposição soluções para oferecer o resgate perante a gravidade do quadro apresentado.
A eletroconvulsoterapia (ou ECT) é uma delas. Na prática, a intervenção consiste na aplicação de uma pequena corrente elétrica indolor na pessoa devidamente imobilizada e sedada em um ambiente cuidadosamente preparado para isso. A expectativa é que esse estímulo ajuste a função cerebral e alivie o comprometimento.
Já a fototerapia utiliza a exposição momentânea a luzes específicas para prover estímulo similar, mas que tende a ser mais útil em quadros depressivos acentuados que frequentemente atingem quem tem bipolaridade.
Fontes:
[…] de bem-estar e agitação corporal são predominantes. Episódios maníacos são um dos polos do transtorno afetivo bipolar, o […]